SEGURANÇA

Perfis falsos e chantagem: como ‘golpe dos nudes’ atrai suas vítimas

Operação Verdade Nua, deflagrada pela Polícia Civil em Gravataí, neste ano

Um convite aparentemente inocente nas redes sociais, geralmente de perfis com fotos de pessoas atraentes — na maioria mulheres — pode ser o início de um esquema criminoso cada vez mais comum no Rio Grande do Sul e no Brasil: o chamado ‘golpe dos nudes’. A prática começa como estelionato e frequentemente evolui para extorsão, causando prejuízos que, em alguns casos, chegam a centenas de milhares de reais.

Em junho, a Polícia Civil deflagrou uma grande operação em Gravataí, Cachoeirinha e região; leia mais em Golpe dos nudes, tráfico e agiotagem: polícia prende 12 em megaoperação com ramificações em Gravataí e Cachoeirinha.

O golpe segue um roteiro já conhecido pelas autoridades: após aceitar o convite, a vítima passa a receber mensagens que rapidamente assumem tom íntimo, com pedidos para envio de fotos ou vídeos de conteúdo sexual. Assim que o material é compartilhado, outro integrante do esquema entra em ação, ameaçando expor as imagens ou se passando por autoridade policial para exigir dinheiro sob a falsa promessa de encerrar um “processo”.

De acordo com o delegado Eibert Henriques de Sena Moreira Neto, diretor do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos (Dercc) da Polícia Civil gaúcha, homens casados estão entre os principais alvos dos criminosos. “A vítima, vulnerabilizada, com família ou esposa, acaba ficando com medo da exposição ou da ameaça da ação policial que os golpistas afirmam realizar e acaba pagando os valores exigidos”, explica.

Segundo Moreira Neto, grande parte das quadrilhas especializadas nesse golpe é formada por criminosos do Rio Grande do Sul, mas as vítimas, em geral, estão em outros estados. Isso tem levado a Polícia Civil gaúcha a apoiar investigações em diferentes regiões do país. “Recentemente apoiamos operações no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e outros estados, sempre contra grupos daqui envolvidos nesse tipo de crime”, afirma o delegado.

O Dercc, criado recentemente, tem o combate a golpes virtuais como prioridade. De abril a julho deste ano, nove operações foram realizadas em nove estados, resultando em 37 prisões preventivas. Segundo o delegado, a ofensiva já indica uma possível redução nos registros de estelionato no Rio Grande do Sul.

Embora a abordagem do ‘golpe dos nudes’ tenha características próprias, Moreira Neto destaca que a lógica é semelhante a outros crimes de estelionato digital: obter dados ou circunstâncias que permitam coagir a vítima a fazer pagamentos. “O que muda é a roupagem. A base é sempre a mesma: engenharia social para induzir a vítima a transferir dinheiro”, resume.

Como se proteger

A Polícia Civil orienta que, diante de qualquer suspeita, a vítima:

  • Interrompa o contato imediatamente;
  • Não realize transferências ou pagamentos;
  • Registre ocorrência presencialmente ou na Delegacia Online;
  • Guarde todas as provas (prints, áudios, vídeos, fotos, telefones, comprovantes);
  • Confirme por canais oficiais qualquer informação atribuída a pessoas ou instituições;
  • Em caso de necessidade, acione o 197 ou procure a unidade policial mais próxima.

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