Segundo PF, ex-presidente mantinha um “plano B” para escapar da Justiça brasileira, enquanto coordenava com Eduardo Bolsonaro pressões internacionais contra o STF. Compartilhamos a reportagem de Cleber Lourenço, publicada pelo ICL Notícias
Um relatório final da Polícia Federal, produzido no âmbito do Inquérito Judicial nº 4.995/DF, revela que Jair Bolsonaro chegou a elaborar uma minuta de solicitação de asilo político ao governo da Argentina. O documento foi encontrado no curso da investigação que apura a atuação coordenada do ex-presidente e de seu filho, Eduardo Bolsonaro, para tentar obstruir processos no Supremo Tribunal Federal (STF) e pressionar instituições brasileiras por meio de sanções impostas pelos Estados Unidos.
Segundo a PF, o pedido de asilo aparece como parte da estratégia do ex-presidente diante da possibilidade de condenação na Ação Penal 2668, que trata da tentativa de golpe de Estado e da abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A minuta reforça a tese de que Bolsonaro buscava alternativas não apenas para coagir o Judiciário brasileiro, mas também para escapar do alcance da Justiça nacional.
O relatório aponta que, além das articulações com autoridades norte-americanas, Eduardo Bolsonaro atuava intensamente nos EUA para obter sanções contra o Brasil e contra ministros do STF, da PGR e da Polícia Federal. Jair, por sua vez, financiava e validava as ações do filho, inclusive com transferência de recursos oriundos de campanhas de doações via PIX.
A PF conclui que o ex-presidente mantinha um “plano B” para garantir a própria sobrevivência política e jurídica, o que incluiu a elaboração da minuta de pedido de asilo. A descoberta se soma às evidências de que pai e filho operavam de forma coordenada, com divisão de tarefas e alinhamento estratégico, para enfraquecer o Estado Democrático de Direito e garantir a impunidade dos envolvidos.
A investigação também cita a participação do pastor Silas Malafaia, que ajudava a difundir narrativas de coação contra o STF, reforçando a engrenagem de pressão política e desinformação.
Com esses elementos, a PF sustenta que há autoria e materialidade suficientes para acusar Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e aliados pelos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.