3º NEURÔNIO

‘Eu não sou coveiro!’

Charlie Kirk / Foto: Agência Brasil

“Logo eles, especializados na necropolitica, estão posando de indignados”. Compartilhamos o artigo do jornalista Chico Alves, publicado pelo ICL Notícias


A empatia seletiva dos políticos e empresários da extrema direita brasileira explodiu nas redes sociais por causa do assassinato do ativista norte-americano Charlie Kirk.

Logo eles, especializados na necropolitica, estão posando de indignados porque houve quem comemorasse ou fizesse comentários duros sobre a morte do influencer direitista que defendia o uso indiscriminado de armas, mesmo que isso custasse a vida de inocentes.

Um dos líderes desse movimento é Nikolas Ferreira, aquele mesmo que teve a frieza de dizer num podcast que Marielle morreu fuzilada porque não era flor que se cheire.”Caguei para Mareielle”, disse o empático deputado.

Jura que devemos acreditar na comoção dessa turma, que é da mesma laia do deputado Gilvan da Federal (PL-ES), um desqualificado que disse na Câmara desejar a morte de Lula?

Pela lógica dessa gente, devemos louvar Kirk, o extremista que negava a ação de Israel para matar de fome os moradores de Gaza (os que conseguem sobreviver a tiros e bombas). Querem santificar o influencer que comparava homossexualidade ao aliciamento de crianças. Cobram dos progressistas a compaixão no assassinato de Kirk, que ele próprio não teve ao se referir a George Floyd, a quem chamou de “canalha” depois de morto.

O pastor negro norte-americano Howard-John Wesley definiu bem o caso Kirk, em um vídeo postado no Instagram: “A forma como você morre não redime a forma como você viveu”.

Realmente não é desejável que a humanidade mergulhe em um clima de bang bang, onde as diferenças são resolvidas pela violência. Que a família de Kirk seja consolada. Mas é muito mais necessário amparar os parentes de negros, gays, palestinos e outros grupos sociais vulneráveis, vítimas frequentes e muito mais numerosas do discurso de ódio que o palestrante extremista propagava.

Afinal, onde se esconde a empatia de Nikolas Ferreira e sua turma quando indígenas e sem-terra são assassinados?

Não se sabe. Pois a crueldade é a marca da extrema direita brasileira.

Basta lembrar Eduardo Bolsonaro criticando a Justiça por liberar Lula da prisão, em 2019, para acompanhar o velório do neto de 7 anos, vítima de meningite. “Absurdo até se cogitar isso, só deixa o larápio em voga posando de coitado”, comentou, então.

Ou recordar Jair Bolsonaro dizendo que ia metralhar a “petralhada” do Acre.

São esses que agora se mostram escandalizados.

Querem dar aula de compaixão? Que tal lembrar da frieza do ex-presidente golpista ao administrar o país durante a pandemia?

Se empatia é se colocar no lugar do outro, que Nikolas e seu grupo imaginem os familiares de Kirk no lugar de uma das centenas de milhares de famílias brasileiras que perderam alguém amado para a Covid-19. Que tentem sentir o que passou na cabeça e no coração deles ao ouvir as seguintes palavras de consolo proferidas por Jair, na época presidente do Brasil (!):

“Quer que eu faça o que? Eu não sou coveiro!”.

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