O superintendente do Hospital Dom João Becker (HDJB), Olímpio Dalmagro, intensificou nesta semana a articulação política e social em busca de apoio financeiro da iniciativa privada para ampliar a estrutura hospitalar de Gravataí. Acompanhado pela especialista em Relações Institucionais, Francine Idiart, Dalmagro visitou as prefeituras de Cachoeirinha e Glorinha, que se comprometeram a abrir caminhos junto ao empresariado local.
As reuniões tiveram como pauta o fortalecimento das relações institucionais com os municípios vizinhos, que dependem diretamente do atendimento prestado pelo Becker. Desde que a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre assumiu a gestão do hospital, em 2018, foram realizadas melhorias importantes, mas os desafios de expansão continuam.
Com apenas 8 mil habitantes, Glorinha tem no Becker seu principal hospital de referência. O prefeito Leonardo Carvalho e a secretária de Saúde, Diná Silva, garantiram apoio ao projeto e prometeram intermediar encontros com líderes empresariais locais.
“Temos o compromisso com a saúde dos moradores da região e buscamos sensibilizar os empreendedores para que apoiem os avanços que vão qualificar o serviço no Dom João Becker”, destacou Dalmagro. “Cachoeirinha e Gravataí são praticamente um único conglomerado urbano, com cerca de 450 mil pessoas. Essa demanda é maior do que a oferta atual, e precisamos criar as condições para enfrentar essa realidade.”
Em Cachoeirinha, cidade com 140 mil habitantes e economia diversificada, a carência de leitos hospitalares também pressiona o sistema. O prefeito Cristian Wasem classificou a parceria como estratégica.
Obras na emergência e novos projetos
O HDJB está pronto para iniciar a segunda fase da Nova Emergência SUS, que terá mais 20 leitos e área de 920 m², com recursos já garantidos pelo poder público. Em paralelo, busca viabilizar a reforma da Emergência de Convênios, projeto de 1.000 m² e prazo estimado de 420 dias, que depende de aporte empresarial. “Nossa intenção é realizar as duas obras concomitantemente”, disse o superintendente.
Nos últimos anos, o hospital já renovou UTI, bloco cirúrgico e setor de endoscopia. Também moderniza as unidades de internação e reforçou a qualificação do corpo clínico, que hoje conta com apoio da Unisinos e presença diária de 48 professores de medicina.
Déficit histórico de leitos em Gravataí
Apesar dos avanços, Gravataí enfrenta um gargalo estrutural. Com quase 300 mil habitantes, o município dispõe de apenas 190 leitos no HDJB, quando a Organização Mundial da Saúde recomenda mais de 800. Essa carência levou o prefeito Luiz Zaffalon a lançar a campanha pelo Hospital Bárbara Maix, um investimento estimado em R$ 300 milhões para ampliar a capacidade hospitalar da cidade.
O projeto será financiado por meio do programa estadual Pró-Hospitais, que permite às empresas destinar até 5% do ICMS devido a obras de hospitais públicos e filantrópicos. A expectativa é que empresários locais e regionais ajudem a viabilizar a construção do novo hospital em até cinco anos.
Enquanto o Bárbara Maix não sai do papel, o Dom João Becker absorve sozinho a crescente demanda. Em 2024, realizou mais de 142 mil consultas ambulatoriais, 9 mil internações, 11 mil cirurgias e quase 1 milhão de exames. Cerca de 20% desses atendimentos são de pacientes de outros municípios.
Uma causa regional
A mobilização em Glorinha e Cachoeirinha soma-se ao esforço liderado pelo prefeito Zaffa em Gravataí, que já articula empresários como Mathias Kisslinger Rodrigues, do Grupo Phorbis. Para Dalmagro, o envolvimento da iniciativa privada é decisivo.
“Estamos falando de um desafio que não é apenas de Gravataí, mas de toda a região Metropolitana. A saúde da população depende de uma união de esforços entre poder público, sociedade civil e empresariado”, alerta o prefeito.
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