É ‘todes’ juntos.
Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionar a Política Nacional de Linguagem Simples — que entre outras diretrizes proíbe o uso de linguagem neutra na administração pública —, o vereador ‘bolsonarista-raiz’ Evandro Coruja (PP) protocolou nessa terça-feira (18) o Projeto de Lei 139/2025, que institui diretrizes semelhantes em Gravataí.
A proposta, que abrange Executivo e Legislativo, estabelece oficialmente a Política Municipal de Linguagem Simples, detalhando padrões obrigatórios na redação de textos, sites, formulários e comunicações dirigidas à população.
Entre esses padrões, Coruja repete — praticamente de forma espelhada — critérios presentes na lei federal, incluindo a determinação de não usar formas de flexão de gênero que contrariem as regras oficiais da língua portuguesa.
É, na prática, a mesma proibição à linguagem neutra sancionada por Lula no dia anterior.
No texto da lei municipal, Coruja cita princípios de transparência, eficiência administrativa e foco no cidadão, argumentando que a falta de clareza na redação de documentos públicos “cria barreiras à cidadania e compromete o controle social”.
A justificativa vai na mesma linha da agora política federal sancionada por Lula, que define linguagem simples como um conjunto de técnicas que facilita a compreensão e reduz intermediários entre o cidadão e o Estado.
No plano local, o projeto também detalha obrigações nos portais de transparência da Prefeitura e da Câmara, exigindo textos explicativos, infográficos, glossários e apresentação de dados em formatos amigáveis.
Assim como a norma federal, o PL de Coruja determina frases curtas, objetivas e em ordem direta; uso de vocabulário comum, com explicação de jargões; prioridade para informações essenciais no início dos textos; limitação ao uso de estrangeirismos; recursos gráficos para facilitar leitura e linguagem acessível a pessoas com deficiência.
E, no item mais politicamente sensível, ambos determinam que o poder público não utilize novas formas de flexão de gênero ou número que não estejam previstas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa — exatamente o ponto associado às expressões “todes”, “elu”, “amigue” e demais formas da linguagem neutra.
O que acho da ‘polêmica’?
Em um momento do país no qual se trata no Congresso de uma lei antifacção que — pelo aprovado até agora — estrangula financeiramente a Polícia Federal e pesa contra os bandidos de correntão, enquanto facilita para os advogados caros livrarem os chefões de rolex, reputo uma bobagem enciclopédica.
É só um dos Grandes Lances dos Piores Momentos da política.





