O vereador Dilamar Soares (Podemos) é o favorito para ser o presidente da Câmara de Gravataí em 2026. E com papel timbrado e assinatura na mesa de Luiz Zaffalon. Nesta quarta-feira (3), o presidente municipal do partido, o vice-prefeito Dr. Levi Melo, enviou ofício ao prefeito indicando Dila como nome da sigla para presidência.
A eleição acontece dia 18.
“Informo que o vereador Dilamar de Souza Soares (Vereador Dila) é a indicação do Podemos para disputar o pleito da presidência”, registra o documento.
A escolha cumpre o acordo da base governista para rotação entre PSDB (2025), Podemos (2026), Republicanos (2027) e PP (2028) na Mesa Diretora.
Clebes Mendes (PSDB) é o presidente em 2025 a partir deste acordo.
Dila não fala sobre eleição para a presidência. Os políticos sabem que na casa política tudo pode acontecer. Mas não é a tendência.
Dois exemplos são simbólicos: Cláudio Ávila (União Brasil), com quem o favorito tem uma relação figadal, já me disse que vota no candidato do governo, mesmo que seja Dila. Anna Beatriz (PSD), esposa do deputado estadual Dimas Costa (PSD), irmão de Dila, mas com quem vive uma relação familiar conturbada, também.
Arrisca Dila ser eleito por unanimidade, inclusive.
Algo impensável se observarmos as más relações pessoais dele com uma série de vereadores. Mas sabem parlamentares de governo e oposição que é o filho da dona Margarida um político que respeita a institucionalidade, que tem consciência do tamanho e responsabilidade do cargo, além de coragem para enfrentar pautas impopulares como, por exemplo, uma reforma administrativa no legislativo — aquela que todos concordam que precisa ser feita, mas ninguém quer assinar sozinho.
Tem relação próxima, para usar outro exemplo, com a oposicionista Vitalina Gonçalves (PT), além de trânsito na bancada do também oposicionista MDB.
Ao fim, a indicação de Dila pelo Podemos é lógica. Foi o vereador mais votado do partido em Gravataí (1.793 votos) e em toda a Região Metropolitana. Construiu a sigla no município.
Dr. Levi, o vice-prefeito, optou pelo partido estruturado na reeleição.
É reconhecido pelo presidente estadual Everton Braz e pelo ex-deputado federal Maurício Dziedricki, que só não renovou o mandato por uma diferença de 800 votos na legenda.
E, para completar, é o vereador de confiança do prefeito para relatar pautas polêmicas — como a reforma da Lei Orgânica.
Para conhecer mais a personagem, reproduzo abaixo o artigo O vereador que saiu das urnas como ‘o montador de partidos’ de Gravataí, que publiquei no Seguinte: em 13 de novembro de 2024, após a eleição, na seção #DasUrnas, onde analisei quem ganhou, quem perdeu, quem empatou e os números e análises da eleição de 2024.
Após o texto, concluo.
(…)
Um vereador saiu das urnas com um título incontestável em Gravataí: ‘o montador de partidos’. É Dilamar Soares, o Dila, que completa 54 anos nesta sexta-feira.
Reeleito para o quarto mandato, organizou o Podemos e fez da sigla a segunda em votação entre candidaturas a vereador, com 14.234, atrás apenas do histórico MDB de Marco Alba (20.229), além de a mais votada entre os 11 partidos da coligação da reeleição, superando o PSDB (14.219) do prefeito Luiz Zaffalon.
O Podemos teve três vereadores eleitos em 2024: ele, Carlos Fonseca e Paulinho da Farmácia.
Antes, em 2016 tinha montado o PSD, também segundo partido em votação naquela eleição e com três vereadores eleitos: ele, Bombeiro Batista e Dimas Costa.
Resultado que se repetiu em 2020, no PDT, também segundo partido em votação e com três eleitos: ele, Bino Lunardi e Thiago De Leon.
Ah, mas para a eleição deste ano Dila tinha filiado no Podemos o vice-prefeito, Dr. Levi Melo (salvou-o, quando PP e PL tinham fechado as portas), cargos na Prefeitura e, por um bom tempo, era o ‘vereador do Zaffa’ (foi o no parlamento o mais qualificado defensor do projeto que permitiu ao governo investir mais de R$ 200 milhões, a reforma da previdência), podem argumentar desafetos – que não faltam ao polêmico vereador, que sempre saiu brigado dos partidos e já protagonizou situações inusitadas como votar contra títulos de cidadão para o ex-prefeito Daniel Bordignon (PT) e o próprio Dr. Levi; parêntese: brigou comigo também, amigo de década, e no período em que não estendia a mão criou o apelido ‘Perseguinte’, forma que até hoje alguns políticos se referem ao Seguinte:, quando não concordam com críticas jornalísticas.
Só que a história conta que, em 2020, com Dr. Levi concorrendo a vice pelo Republicanos, o partido teve apenas um vereador eleito: Fábio Ávila.
Verdade é que a proximidade com Zaffa – estremecida no ano passado na eleição para a presidência da Câmara e reatada no período eleitoral – garantiu a aprovação daquele que reputo um dos projetos mais importantes do parlamento gravataiense: a lei da transação, que chamei ‘Lei Dila’, por ter sido apresentada pelo vereador, e já resgatou para a Prefeitura quase 20 milhões na troca de dívidas de empresas pela execução de obras e serviços públicos.
Dila, que tinha sido o menos votado entre os 21 eleitos em 2020, com 957 votos, nesta eleição foi o 13º entre os eleitos, com 1.793, o que o fez o vereador mais votado do partido na região metropolitana.
– Trabalho quatro anos fazendo política, não só oferecendo cargos em véspera de eleição, penso na montagem do partido como prioridade e não em minha própria reeleição, e tenho palavra – é a fórmula de Dila, para ser ‘o montador’.
Provas de lealdade não faltam.
A principal, em 2017. Quando foi cassado o registro da chapa Daniel Bordignon-Cláudio Ávila, vencedora da eleição de 2016, Dila se manteve fiel a Anabel Lorenzi na eleição suplementar do ano seguinte.
Inclusive, negando ofertas de um mundo de facilidades, foi o candidato a vice da então terceira colocada, após Dr. Levi, que tinha sido o quarto lugar, desistir do posto para apoiar a reeleição de Marco Alba.
Foi também líder do governo Marco Alba quando o ex-prefeito experimentava baixa popularidade por, sem caixa para investimentos, encarnar ‘o exterminador de dívidas’, e, ao organizar a campanha de Levi a prefeito, um ano antes, em 2015, entregou todos os cargos que tinha na Prefeitura.
Também foi líder do atual governo no momento de maior tensão da III Guerra Política de Gravataí – Zaffa x Marco, pós Abílio x Oliveiras e Stasinski x Bordignon –, conseguindo, por exemplo, articular a aprovação de R$ 100 milhões em financiamentos.
Ao fim, são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: Dila, o ‘montador de partidos’ (e neste artigo não analiso a orgia político-ideológica do Brasil das 35 siglas), é um dos grandes vencedores da eleição de 2024.
Quem acompanha a política da aldeia sabe que sua chance de reeleição era tratada com deboche por políticos de governo e oposição.
Lembra-me ‘Herói Incômodo’, do Millôr: “Diante do herói incômodo, só resta um recurso – fuzilá-lo e erguer-lhe um monumento”.
Só que, no caso, após o fuzilamento-amigo, o monumento foi o próprio Dila quem montou.
(…)
Concluo hoje antevendo que nosso ‘Herói Incômodo’ pode ter como monumento definitivo a Presidência da Câmara. E vai ser um bom presidente.






