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Em menos de 24h foi dada a resposta do Delegado João Paulo (PP) ao movimento do prefeito interino e da base do governo para atrair como vice um dos prefeituráveis – ele, Dr. Rubinho (União Brasil) ou David Almansa (PT) – nova eleição que precisa ter data definida pelo TRE até 19 de julho, após a cassação do prefeito Miki Breier (PSB) e do vice-prefeito Maurício Medeiros (MDB) por abuso de poder econômico e político na eleição de 2020.
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Neste sábado o Delegado visitou a farmácia comunitária e ONG Vida Viva, do vereador Deoclécio Melo (Solidariedade). Para dar tamanho ao momento, tinha ao seu lado, a esposa, Claudine, e o vereador Marco Barbosa (PP), até então o mais reticente à aliança, que julgava enfraquecer o discurso de que o prefeiturável é o outsider, quase antipolítica, o policial que denunciava conchavos, venda de votos, toma-lá-dá-cá e não tinha compromisso com grupos políticos e econômicos ou facções que operavam para tomar a Prefeitura de assalto.
É que Deoclécio fez parte das bases dos governo José Stédile (PSB), Vicente Pires (PSB) e Miki Breier (PSB) e foi um dos fiadores da derrubada de CPI, golpeachments e impeachments do prefeito hoje cassado pela Justiça Eleitoral, mas afastado desde 30 de setembro pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça sob suspeita de corrupção em contrato de limpeza urbana investigados pelo Ministério Público nas operações Proximidade e Ousadia.
Fato é que uma presença ao lado de Deoclécio, e o protagonismo na visita e nas fotos, parece responder o porquê de faltar apenas a oficialização da aliança. Aline Melo, filha de Deoclécio e que saiu do secretariado do prefeito então interino, e hoje também cassado, Maurício Medeiros (MDB), denunciando supostas irregularidades em licitações nas mesmas áreas que se enrolou Miki.
Até o ato oficial vão desmentir, mas será ela a vice do Delegado. Tira Deoclécio (e a rejeição até natural para quem está no quinto mandato) da foto, do santinho, mas não da influência dos votos que tem principalmente na zona norte e o fez o mais votado na legislatura anterior; um reduto eleitoral de Dr. Rubinho, potencial favorito no pleito suplementar por ter pedido em 2020 por apenas 318 votos.
Pesa também a advogada garantir na chapa a presença feminina, que tem um grupo forte no apoio ao prefeiturável.
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Ao fim, como em O dia em que o Delegado virou Político em Cachoeirinha; A chapa ’MarxDonalds’ às avessas, repito: para ter mais chances de ganhar a eleição, o Delegado parece estar aderindo ao ‘Ser Político’, tão bem traduzido pelo Millôr:
Ser político é engolir sapo e não ter indigestão, respirar o ar do executivo e não sentir a execução, é acreditar no diálogo em que o poder fala e ele escuta, é ser ao mesmo tempo um ímã e um calidoscópio de boatos, é aprender a sofrer humilhações todos os dias, em pequenas doses, até ficar completamente imune à ofensa global, é esvaziar a tragédia atual com uma demagogia repetida de tragédia antiga, é ver o que não existe e olhar, sem ver, a miséria existente, é não ter religião e por isso mesmo cortejar a todas, é, no meio da mais degradante desonra, encontrar sempre uma saída honrosa, é nunca pisar nos amigos sem pedir desculpas, é correr logo pra bilheteria quando alguém grita que o circo pega fogo, é rir do sem-graça encontrando no antiespírito o supremo deleite desde que seu portador seja bem alto, é flexionar a espinha, a vocação e a alma em longas prostrações ante o poder como preparação do dia de exercê-lo, é recompor com estoicismo indignidades passadas projetando pra história uma biografia no mínimo improvável, é almoçar quatro vezes e jantar umas seis pra resolver definitivamente o problema da nossa subnutrição endêmica, é tentar nobremente a redistribuição dos bens sociais, começando, é natural, por acumulá-los, pois não se pode distribuir o pão disperso, e é ser probo seguindo autocritério. E assim, por conhecer profundamente a causa pública e a natureza humana, estar sempre pronto a usufruir diariamente do gozo de pequenas provações e a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens.
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