Filiação do vereador mais votado de Canoas ao Avante revela 'plano maior' de Márcio Freitas e como o blog já disse lá em dezembro, põe lenha na fogueira da sucessão
A notícia de que Márcio Freitas é do Avante provocou pilhas de especulações nesta terça-feira, 26. Não por pouca coisa. É seguro o movimento de deixar o partido no meio do mandato, mesmo com a carta de anuência? Os planos dele são para 2022 ou 2024? Porque Márcio é quem defende Jairo Jorge, na política?
Começando pelo fim, Márcio sabe que há um inegável legado de JJ na cidade. Ele é, provavelmente, o político mais popular de Canoas depois de Hugo Lagranha. Os episódios que envolvem seu afastamento da Prefeitura e as apurações da Copa Livre ainda darão um destino ao personagem Jairo Jorge, mas o que a cidade e seus eleitores reconhecem como feitos seus seguem por aí, em disputa. O movimento de Márcio, na Câmara, é o sinal de que ele está disposto a ser quem vai ajudar nesse resgate: mesmo afastado, nem tudo sobre Jairo Jorge pode ser dado como terra arrasada – como também não se pode jogar Luiz Carlos Busato ao chão pela derrota de 2020.
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Pessoalmente, tinha ideia de que Felipe Martini, secretário de Enfrentamento à Pandemia até o fatítico 31 de março, faria esse papel. Presidente do PSD com a saída de JJ, Martini ainda não foi para o embate: estratégia ou precaução, ainda não sabemos.
Aproximar-se do legado de JJ ajuda – bastante – na perspectiva de quem Márcio quer ser em 2024. A filiação dele ao Avante, também. Embora o movimento de um único personagem não seja capaz de definir o quadro para uma eleição inteira, a troca de legenda do mais votado entre os vereadores e o homem apontado como o maior potencial eleitoral da cidade nas eleições de outubro pode – e deve – embaralhar as cartas para a sucessão.
Se JJ estiver em pé para 2024, é provável que o Avante gestione para manter o posto de vice, hoje ocupado por Nedy de Vargas Marques. E Nedy, por razões óbvias, permanece.
Já se JJ não estiver no pleito, arrisco a dizer em um exercício de futurologia de araque que o candidato do governo será aquele que tiver mais habilidade para juntar os desiguais. A política costuma abençoar os bons de conversa, os que sabem ouvir e mostram fidelidade.
A de Márcio Freitas, dada a Jairo Jorge, conta a favor dele nessa conversa.
Por fim, calha dizer que o ex-pedetista vai às urnas em 2022 com uma aposta alta na manga da camisa. Ao deixar o PDT no apagar das luzes do prazo para concorrer a deputado estadual, obteve do partido uma carta de anunência que, na prática, o libera para trocar de sigla. No entanto, a carta não evita que o primeiro suplente do PDT, Juliano Furquim, busque o mandato de Márcio na Justiça. Só para lembrar, Juliano é genro de Dario Silveira, candidato a vice de Busato em 2020 e desde então um atarracado opositor de JJ na cidade.
Se isso acontecer, o único jeito de Márcio Freitas não ter dores de cabeça com a troca partidária é se elegendo deputado em outubro: a aposta é alta, mas o desafio não meteu medo no cristão novo do Avante.