Elza Soares morreu nesta quinta-feira aos 91 anos. O Seguinte: reproduz o artigo onde nossa colunista Eduarda Luzia recomenda "A Mulher do Fim do Mundo", obra na qual a artista aprofunda o feminismo
Com mais de 30 discos lançados em 60 anos de carreira, em "A Mulher do Fim do Mundo" a eterna musa de Garrincha vai do samba, ao eletro, com soul e letras de protesto com uma pincelada de rock n'roll em seu último trabalho.
Encabeçada pelo feminismo, Maria da Vila Matilde, a segunda faixa do álbum convida mulheres a denunciarem seus parceiros pelos abusos sofridos e garante “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”.
Elza vai ao encontro dos inúmeros movimentos que fazem mulheres se libertarem de relacionamentos abusivos, seja por meio de redes sociais, disque denúncia ou presencialmente. O público feminino ganha força e destaque durante todo o álbum.
Em faixas como Pra fuder pode se perceber que a Elza movida pela paixão ainda arde no peito da cantora, que embora não tenho composto todas as faixas do disco e preferese apresentar sentada nos seus shows, bota pra fora tudo que já passou pela vida, altos e baixos, excessos, preconceitos, com uma sensação de alívio e de convite para que todos façam igual.
Indignada, talvez, a artista mostrase com uma visão de mundo entre o realismo e o pessimismo. Canta aos quatro ventos "Bem que o anão me contou que o mundo vai terminar num poço cheio de merda", mas não se dá por vencida quando entoa “Eu quero cantar, me deixem cantar até o fim”.
Cante Elza, cante até o fim, para que aqueles, que assim como eu, possam ter o deleite de ouvir sua música e presenciar a força e o talento da mulher do fim do mundo.
Para saber mais da trajetória de Elza Soares, acesse seu perfil na Wikipédia.
Assista Elza Soares na faixa título do show A Mulher do Fim do Mundo