A ferradura ideológica retorceu e, 10 anos depois, os governos Luiz Zaffalon (MDB) e Rita Sanco (PT) se encontram no processo de extinção do ensino médio da Escola Municipal Santa Rita de Cássia, em Gravataí.
Em nota, a Prefeitura explica que não está encerrando as atividades de ensino em 2021 e, desde 2017, a Secretaria Municipal da Educação acompanha a escola “… para que a oferta do ensino médio seja cessada de forma gradativa…”.
“… Assim, pais e alunos puderam ir se adequando à nova realidade sabendo que, a partir de 2024, o ensino médio, como determina a legislação, ficará sob a responsabilidade do estado, ou seja, ofertado somente na rede estadual de ensino…”
Conforme a nota, não há mais oferta de vagas “…e os alunos, sem prejuízo à continuidade de seus estudos, vêm sendo atendidos nas escolas estaduais mais próximas, a exemplo da vizinha, Escola Estadual Franz Charão, que ampliou a oferta de suas vagas para melhor atender os alunos que saem da Escola Santa Rita…”
Justifica a Prefeitura que “…a medida está sendo tomada, também, para que o município possa garantir o acesso à escola e a um ensino de qualidade para todos. Assim, serão ampliadas as vagas de educação infantil, para crianças a partir dos 4 anos de idade, e, ainda, para os alunos do ensino fundamental, para que as famílias da região onde a Escola Santa Rita está localizada possam ser atendidas com mais eficiência, cumprindo, assim, a sua competência determinada pela lei…”
Sigo eu.
Reputo um processo impopular, mas justificável.
Foi minha opinião à época e mantenho.
Apanhei bastante.
Inclusive de muitos que criticavam minha defesa de Rita e já foram convencidos da necessidade, alguns coincidentemente na mesma progressão que CCs foram ocupados na última década ‘pós-PT’.
Para quem não testemunhou, o ‘fechamento do Santa Rita’ restou inclusive no combo do golpeachment que afastou a prefeita e o vice, Cristiano Kingeski, no Dia dos Professores de 2011.
Rita, que era tratada como a professora que queria fechar escola, além de querer instalar ali a escola técnica federal, tinha os mesmos apontamentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE), para priorizar a educação infantil, que tem Zaffa; e tiveram os governos Marco Alba (MDB).
E, é justo lembrar, com orçamento cinco vezes menor e uma ‘herança maldita’ de dívidas de governos de seu próprio partido.
Ao fim, sem demagogia: Gravataí já tem a maior rede municipal de ensino do Rio Grande do Sul depois da capital Porto Alegre, com quase uma centena de escolas, e um déficit de pelo menos 4 mil vagas na educação infantil.
É o que precisa resolver. Para ontem.
Com a garantia de que ninguém ficará sem vagas, o ensino médio é legalmente obrigação do Governo do Estado.
Feia, mas é a realidade que se impõe.
Assim foi para Rita, assim é para Zaffa.
Fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: não há ideologia sem orçamento.