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A fake news da renúncia de Miki: ’Confio no Judiciário’; O prefeito baleado pela companheira

Miki Breier, em casa

Respondi a uma série de leitores sobre a fake news que circulou pelo zap de que Miki Breier (PSB) renunciou à Prefeitura de Cachoeirinha, da qual está afastado desde 30 de setembro por determinação da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, a pedido do Ministério Público após as operações Proximidade e Ousadia, que apontam suspeitas de corrupção que detalho em As supostas provas secretas anexadas ao impeachment em Cachoeirinha; 20 milhões bloqueados, códigos da propina e o ’Fundo de Investimentos Miki’.

A meia verdade, que sempre tem uma metade mais próxima da mentira, é que um prefeito renunciou, mas foi o de Cidreira, Alex Contini (PP), que também enfrenta processo de impeachment por suspeitas de corrupção na saúde.

Contini comunicou à Câmara a renúncia, em caráter irrevogável, para escapar da cassação no julgamento políticos dos vereadores.

Em Cachoeirinha, os vereadores aceitaram por 12 a 1, na última terça-feira, a denúncia para abertura do processo de impeachment, como tratei em Câmara aceita denúncia de impeachment de Miki: Presidente já acusou prefeito afastado de integrar organização criminosa; Sartre, o inferno e o céu.

A comissão processante decidirá, após receber a defesa escrita do prefeito nos próximos 10 dias, sobre o arquivamento ou prosseguimento das investigações.

Por intermédio de seu advogado André Lima, o prefeito afastado Miki Breier respondeu ao Seguinte: sobre renúncia:

– Não avalio a hipótese. Confio no Judiciário.

Fato é que a fake news ganhou força também porque a renúncia pode ser uma saída para Miki.

O exemplo mais notório é Fernando Collor de Mello, que renunciou à Presidência da República minutos antes de ser aberto processo de impeachment.

A renúncia preserva os direitos políticos, já que extingue o julgamento do impeachment. Poderia, inclusive, apesar de improvável, concorrer a deputado em 2022.

E, na área criminal, na qual Miki é denunciado pelo MP, apesar de ainda não ser tornado réu pelo TJ, uma renúncia do foro de prefeito faria a investigação retornar à justiça de primeiro grau esticando os prazos do processo e, com uma boa defesa, próximo à prescrição.

Ao fim, já testemunhei no pré-internet história semelhante a essa da renúncia do Miki.

Prefeito do interior foi baleado na Freeway, deu na RBS e a fake-(à época)boca-a-boca-news disseminada era de que o então prefeito, Daniel Bordignon (PT), tinha sido alvo da companheira.

Bordignon até brincava na época, levantando a camisa para mostrar aos amigos e eleitores que não tinha sido ele a vítima do ‘atentado’.

Grandes Lances dos Piores Momentos à parte, o que não é fake news é que, se há quem queira cassar Miki, há também quem espere a fila andar para armar um impeachment para o prefeito em exercício Maurício Medeiros (MDB).

Fiz o alerta, em Vaza Cachoeirinha: Impeachment de Miki ameaça Maurício Medeiros; O filho de calcinha, a ditadura e a galera:

 

“…

Acontece que o processo de impeachment se resume a política e ritos; assustadoramente, já que guarda governantes em cativeiro de chantagens políticas, o mérito é um detalhe.

Uso exemplo que testemunhei.

Rita Sanco (PT) foi cassada em Gravataí sem nenhuma denúncia de corrupção e, 10 anos depois do golpeachment, não restou nenhuma condenação. Ela foi cassada pelo entendimento político de uma maioria de vereadores.

Tentou 22 medidas judiciais para barrar o impeachment e perdeu todas porque os ritos do processo foram considerados perfeitos. A cada decisão, a Justiça de Gravataí, o TJ e o STJ explicaram não poder julgar o mérito por representar interferência do Judiciário no Legislativo.

Podemos lembrar também de Dilma Rousseff (PT), vítima de um golpeachment por ‘pedaladas fiscais’ cometidas por presidente antes e depois da cassação.

Em resumo: se os políticos somarem votos para cassar, cassam.

É por isso que aposto não se tratar de “se”, mas “quando” a defesa de Miki tentará derrubar o processo judicialmente. Não deve acontecer neste momento porque, teoricamente, há 12 votos para aprovar a abertura de um outro impeachment. E são os votos necessários para o quórum qualificado da cassação. 

Aí entra o alerta para Maurício. Melhor para ele é ter Miki, hoje um cadáver político, como seu espantalho para espantar aves de rapina. Experiente, já deve calcular que os mesmos 12 votos para impichar Miki também podem cassá-lo.

Por vezes, proximidades à parte, vereadores de 'governo' e 'oposição' se misturam, como devem fazer no mês que vem para eleger Felisberto Xavier (PSD) presidente da Câmara.

Ou acredita o prefeito em exercício ser coincidência ter vazado para o Real News, site de Canoas, depoimento do vereador Brinaldo Mesquita delatando a promotor que, quando secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos, em 2017, cumpria ordens do “prefeito e do vice” para aceitar planilhas supostamente fraudadas pela SKM em um desvio milionário no contrato de limpeza urbana?

O próprio Maurício confirmou encontros "institucionais" com o dono da SKM, na entrevista ao Seguinte: Maurício Medeiros, novo prefeito de Cachoeirinha fala sobre tudo: obras, previdência e reajuste do funcionalismo, Mato do Julio, eleições de 22 e 24, corrupção ou inocência de Miki.

Com a cassação de prefeito e vice até o fim de 2022 teríamos nova eleição. Há muitos grupos políticos e econômicos interessados em tomar a Prefeitura de assalto. Se Miki cair, a fila anda…

Não manifesto desejos neste artigo. Não tenho político de estimação e nem caço-cliques metralhando presunções de culpa no teclado no Grande Tribunal das Redes Sociais. São os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos.

Ao observar alguns políticos travestidos de Diógenes, de lanterna na mão procurando um homem honesto, lembro Aquenda, do genial compositor e performer piauiense Getúlio Abelha:

“Ai meu Deus, o meu filho de calcinha / Como é que eu vou explicar pras criancinhas? / Oh, my dad, você pare de frescura / E vá ensinar pra elas o que foi a ditadura”

“Isso sim é um problema / Isso sim é uma sequela / E eu ainda nem contei / A história da galera”.

Ao fim, repito mais uma vez: pobre Cachoeirinha!

Seja Miki, Maurício ou um novo prefeito, se as relações políticas municipais não avançarem para um mínimo republicanismo, restará um refém em cativeiro Prefeitura.

E não terminou nem o primeiro ano de governo.

…”

 

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