Antes de mais nada, não podemos deixar de agradecer à Rita Lee por todos os incentivos ao poder feminino e por fazer nos lembrar que mulheres "são mais machos que muito homem", mas até que ponto esse incentivo à força, que vai muito além da física, tem apenas nos beneficiado e quando também teremos o direito de dizer "estou cansada, estou frágil e estou vulnerável"?!
As vidas, corpos e relacionamentos "perfeitos", que permeiam as redes sociais, grande parte do tempo, demonizam o descanso, uma refeição farta, uma vida não estabilizada até os 30 anos e o final de semana inteiro na cama, após um término de relacionamento.
Consequentemente, síndromes de Burnout estão cada vez mais presentes, terapeutas estão fazendo fortunas e mulheres fortes e felizes da boca pra fora enchem seus feeds com frases de superação.
E, racionalmente, que mal há em demonstrar suas fraquezas? De dizer me sinto vulnerável, ou assumir para as amigas, que sim as mulheres ainda sofrem com o conhecido pé na bunda e não precisam demonstrar desapego 24h por dia?
No âmbito profissional, também estamos sendo massacradas com cobranças, que muitas vezes nos impomos, pois uma mulher em pleno século 21, tem de ter sua carreira definida, estabilizada e com muitos dígitos na conta, afinal lutamos por isso.
Não que a ala masculina da sociedade não sofra com as cobranças por aí fora, entretanto as mulheres, depois de serem chamadas de fortes por uma vez perdem o direito de estarem cansadas por um dia na vida.
Lutar por falas, direitos e espaços vai muito além de feminismos e diversos ismos, que topamos por aí, porém a luta de sermos e estarmos no estado ou humor determinados deve seguir pelo nosso bem estar mental e físico.
Que possamos bater no peito e defender não apenas o direito de demonstrar força e determinação, mas também o direito de estarmos cansadas e conviver amigavelmente com isso.