Nasce morta a cassação do mandato do vereador de Cachoeirinha Gelson Braga (PSB).
O pedido foi feito pelo técnico em telecomunicações Leandro Souza Pereira, que alega que o político mesmo após tomar posse na Câmara em 1º de janeiro continuou exercendo a função gratificada de chefe da vigilância em saúde, o que é proibido pela Constituição e pela Lei Orgânica Municipal.
A salvação do parlamentar é documento, datado de 28 de dezembro, solicitando a saída do cargo.
– Surpreendeu-me o pedido. Não conheço o eleitor. Mas parece uma pessoa preocupada com Cachoeirinha. Apresentou uma peça muito bem escrita, pesquisou bastante informações – disse Gelson ao Seguinte:, na ironia indicando uma armação de adversários políticos.
– Ainda não gostaria de falar sobre isso – despista.
O vereador explica que, em dezembro de 2020, encaminhou ao secretário da Saúde Juliano Paz, que continua no cargo, memorando pedindo o desligamento e sugerindo para receber e FG de R$ 1,5 mil a indicação de outra servidora, a única a ter, como ele, pós-graduação e especialização em vigilância em saúde.
– A partir do pedido não tenho mais ingerência. Se a Prefeitura não publicou portaria ou alterou o portal da transparência, não tenho culpa – alega.
Fiscal sanitário há 27 anos, Gelson é ligado à vigilância sanitária, órgão subordinado à vigilância em saúde.
– Minha efetividade como fiscal, não como chefe de departamento, sempre foi confirmada pela vigilância sanitária. Tenho três documentos em mãos para comprovar. Além disso não foi o Gelson, foi uma mulher, uma coordenadora, a participar das reuniões de governos nos últimos sete meses. Todo mundo sabe – diz.
O político ainda não confirma se recebeu em 2021 os valores referentes à função gratificada que ocupava até 2020.
– Nesta segunda, ao saber da denúncia, protocolei um pedido de informação para saber se dinheiro que não é meu foi creditado em minhas contas. Se foi, devolvo. Como muita gente não fico sempre controlando minhas contas – justifica.
A peça será lida na sessão desta terça-feira, a partir das 18h.
– Quase perdi a vida para a covid. Desde então minha frase é “Deus no comando”. Não devo nada para ninguém. Justiça será feita. Estudei Direito, não cometeria um erro desses por uma gratificação de mil reais – conclui o vereador que, em caso de uma improvável cassação, será substituído pelo primeiro suplente do partido, Valdir Mattos, atual secretário de Infraestrutura e Serviços Urbanos.
O drama de Gelson no enfrentamento do coronavírus tratei em Com COVID, coordenador da Vigilância Sanitária de Cachoeirinha grava vídeo chocante no Conceição; ’O bicho não é pouco’, mas bares, casas noturnas e cinemas estão abertos.
Ao fim, Gelson Braga não será cassado.
Nada a ver com ser da base do prefeito Miki Breier, e hoje ter a maioria dos votos, ou com o, se não corporativismo, medo ou justificável zelo que reina nos parlamentos, que, para usar como exemplo Cachoeirinha e Gravataí, não abriram comissões de ética ou processos de cassação nem para vereadores investigados em ações criminais.
Em Gravataí, Mario Peres (PSDB), depois inocentado, foi envolvido no ‘escândalo da maconha’, como tratei em Mário Peres, entre a polícia, a câmara e a facção. Em Cachoeirinha, reportei O dilema de Manoel D ´Ávila, vereador preso suspeito de tráfico, e recentemente o caso de Juca Martins (PSD), que detalho em Por que vereador foi preso na operação Cidade de Deus.
Fato é que o documento em que o próprio Gelson pede desligamento serve como seu habeas corpus.
Mesmo que, caso comprovado que continuou recebendo a FG irregularmente e não percebeu o dinheiro na conta, sofra uma ‘cassação moral’.
Clique aqui para ler a denúncia na íntegra.
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