Gravataí monitora o avanço da variante delta, mesmo que as internações sigam em queda, diferente da média nacional. Neste sábado a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou que, mesmo que o avanço da vacinação reduza as mortes, o relaxamento das medidas de distanciamento social e a retomada de praticamente todas as atividades econômicas e das aulas presenciais fazem a variante delta do novo coronavírus ganhar força.
Acrescento o surto da covidiotia.
– O país baixou a guarda sem chegar a um patamar seguro – disse à RBA o responsável pelo boletim Infogripe da entidade, Marcelo Gomes, apontando que a semana que se encerrou neste sábado marcou o fim da atual tendência de queda nos casos de covid-19 no país, após pouco mais de um mês de recuos.
Conforme a reportagem de Gabriel Valery “a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que nas próximas semanas a delta será a variante do novo coronavírus com maior prevalência no Brasil”. Até então, a variante dominante no Brasil era a gamma, ou P1.
– Estamos monitorando o cenário atentamente. Não temos nenhuma suspeita. As internações seguem caindo – informou ao Seguinte:, na manhã deste domingo, o secretário da Saúde de Gravataí Régis Fonseca.
Em relação ao que reportei na quinta, em Gravataí e Cachoeirinha: Com delta na vizinhança, região recebe aviso de risco, mas aumenta lotação de ônibus e escolas; Os Grandes Lances dos Piores Momentos: dos 16 leitos de UTI a ocupação caiu de 12 para 11 neste domingo; dos 12 leitos de enfermaria a ocupação caiu de 9 para 8. Houve crescimento no Hospital de Campanha, onde os pacientes cresceram de 3 para 8 nos últimos 3 dias.
No artigo também trouxe balanço que registrava 11 casos da variante delta no RS – inclusive na região, em Viamão e Canoas – o que correspondia a 15% dos casos. No Rio 45% e na Grande São Paulo 23%.
A preocupação aumentou neste sábado quando reportagem de GZH informou que pelo menos quatro dos 47 casos de coronavírus identificados entre pacientes internados e trabalhadores do Hospital Conceição, em Porto Alegre, podem ter sido causados pela delta.
A reportagem de Camila Kosachenco revelou que que análise feita pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul (Lacen) indicou compatibilidade com a nova cepa indiana, considerada mais transmissível do que a original.
“A partir do resultado do sequenciamento genético parcial dessas quatro amostras, a pasta assume a existência da variante delta no Conceição”, confirma a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Saúde.
As amostras dos infectados foram remetidas para a Fiocruz, que vai emitir o parecer final sobre os casos a partir desta segunda.
Como detalhei no último artigo, na sexta passada vazou documento interno CDC americano que revela que a variante delta é mais transmissível que ebola, gripe comum, influenza, catapora e até do que foi a gripe espanhola de 1918.
Conforme a epidemiologista Denise Garrett, do CDC, a delta tem maior risco de reinfecção se a anterior aconteceu no período de 180 dias; tem efeitos mais graves que todas as variantes até agora descobertas e casos em vacinados podem ser tão transmissíveis quanto em não vacinados.
Alerta o boletim de sábado da Fiocruz que “o elevado patamar de risco de transmissão do vírus Sars-CoV-2 pode ser agravado pela maior transmissibilidade da variante delta, em paralelo ao lento avanço da imunização entre os grupos mais jovens e mais expostos, combinado com maior circulação de pessoas pelo retorno das atividades de trabalho e educação. Nesse sentido, é importante refutar a ideia de que a vacinação protege integralmente as pessoas de serem infectadas e transmitir o vírus, o que pode se tornar um risco adicional com a nova variante de preocupação delta”.
Ao fim, mesmo que o número de internações siga em queda em Gravataí, e o município já tenha vacinado metade de sua população com a primeira dose, e 2 em cada 10 vacináveis também com a segunda dose, o surto no Conceição recomenda prudência.
Só uma circunstância para alerta: a estimativa é de que 4 a cada 10 pessoas que procuram o Conceição vem da região metropolitana e milhares de profissionais de saúde que trabalham em Porto Alegre usam o transporte público metropolitano.
Muitos no hospital em surto.
Que o festerê desmascarado e sem distanciamento está pegando, o leitor não precisa me dizer; nem ao governador, aos prefeitos, guardas municipais ou brigadianos.
O surto da covidiotia parece mais contagioso que a delta.
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