Com a variante delta na vizinhança, Gravataí, Cachoeirinha e a Região 10 Porto Alegre receberam aviso de risco no sistema ‘3As’ de monitoramento da pandemia. Junto foi autorizada redução da distância entre alunos nas salas de aulas e ampliação da capacidade de passageiros nos ônibus. É, ou não, dos Grandes Lances dos Piores Momentos?
Reputo o ‘3As’ resta igual ao ‘colorir mapinha’ do distanciamento controlado, cuja bandeira vermelha terminou em 50 tons de rosa.
Os novos 17 avisos do Gabinete de Crise decorrem de aumento de novas hospitalizações.
No acumulado da semana, o Rio Grande do Sul registrou um aumento de 102,7%. Em 24 de julho, havia 7,3 novas hospitalizações acumuladas em 7 dias para cada 100 mil habitantes, e na terça-feira (3) estava em 14,8.
Diz o boletim de ‘Aviso’ para a R10, a que o Seguinte: teve acesso: “Em 24/07 a Região de Porto Alegre – R10 apresentava 6,9 novas hospitalizações acumuladas na semana reportadas no Sivep Gripe para cada 100 mil habitantes. Em 03/08 esse número estava em 12,9, o que representa um aumento de 87% no período”.
Em Gravataí, o secretário da Saúde Régis Fonseca mantém o “otimismo prudente” com base em dados que reportei nesta segunda em 39 vidas foram perdidas, mas Gravataí tem menores índices do ano; Por que ainda não é hora da ’festa da covid’.
– Nossos indicadores são positivos. Na região o que aconteceu é que estagnou a queda nos casos. Aqui não: segue caindo. E não há mais pressão sobre UTIs. Já sonhamos com o dia de noticiar o fim dos óbitos pela covid – avaliou, após reunião com técnicos nesta manhã, informando que das 16 UTIs 12 estão ocupadas, dos nos 12 leitos de enfermaria há 8 pacientes e, no Hospital de Campanha (HC), há três infectados em 10 leitos.
– Hoje conseguiríamos suportar o atendimento sem o HC – acrescenta, projetando para o dia 27 o fechamento, “caso a pandemia não avance”.
27 de agosto foi a data escolhida por, pelas projeções da SMS, Gravataí ter toda a população vacinável já com a primeira dose, além do pior do inverno ter passado. Hoje 50% da população já está vacinada com a primeira dose e 20% com a imunização completa.
– Já está organizada a desmobilização (do HC). Atendimento e internações serão absorvidos pelo hospital Dom João Becker, UPAs e Pronto Atendimento. Já instalamos um tanque de oxigênio na UPA da 74.
Mesmo com o ‘Aviso’, o Gabinete de Crise do Estado decidiu que, para o transporte coletivo (municipal, metropolitano, comum, ferroviário e aquaviário) a ocupação máxima passa de 60% para 90%. Já para o transporte rodoviário (fretado, metropolitano executivo, intermunicipal e interestadual) a lotação passa de 75% para 100%.
Também foi autorizada a redução da distância em sala de aula de 1,50 para 1 metro entre pessoas, desde que respeitados e reforçados os demais protocolos sanitários.
Não é um contrassenso?
– Não há na pandemia cenários fáceis de prever. O monitoramento é semanal – resigna-se o secretário da Saúde.
A variante delta na vizinhança também mantém a atenção da equipe da Secretaria da Saúde. Já são 11 casos no RS. Na região, há casos em Viamão e Canoas.
Na sexta vazou documento interno CDC americano que revela que a variante delta é mais transmissível que ebola, gripe comum, influenza, catapora e até do que foi a gripe espanhola de 1918.
Conforme a epidemiologista Denise Garrett, do CDC, a delta tem maior risco de reinfecção se a anterior aconteceu no período de 180 dias; tem efeitos mais graves que todas as variantes até agora descobertas e casos em vacinados podem ser tão transmissíveis quanto em não vacinados.
A variante delta já responde por 15 dos casos no RS. No Rio 45% das amostras analisadas obtiveram confirmação. Na Grande São Paulo, a taxa está em 23%.
– Com a experiência trágica de março a Prefeitura e a Santa Casa tem um plano de contingência para ação rápida caso haja problemas com a delta ou novas variantes – tranquiliza Régis Fonseca, lembrando o pior mês da pandemia, onde em média 6,5 gravataienses perderam a vida a cada 24h e reportei em artigos como A virulência da COVID em Gravataí: O mês que teve mais mortes que nascimentos.
Ao fim, aguardo alguém me explicar a lógica de emitir um aviso de risco e flexibilizar aulas e ônibus, e estar próximo a liberar gradualmente público em estádios, shows, raves e eventos até 20 mil pessoas, como tratei em artigos como ’Festa da Covid’: Estado adia liberação gradual de eventos até 20 mil pessoas em Gravataí, Cachoeirinha e Grande Porto Alegre.
Não se trata de ser ‘urubu da imprensa’: a covid ainda é a maior responsável por mortes em Gravataí.
Com o perdão da indelicadeza que já é parte do nosso Zeitgeist, o ‘espírito do tempo’, lembra-me a millôriana “o urubu, definitivamente, não é um animal em extinção: estará aqui para comer o último cadáver; junto com a barata”.
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