Conferência de Mobilidade

CANOAS | Mobilidade é inevitável; a cidade do futuro ou a do passado promissor

Prefeito Jairo Jorge, vice e secretários conheceram o veículo exposto no ParkShopping e que segue aberto à visitação até o final de semana. Foto: Divulgação

A escolha pelo aeromóvel tem a ver com um legado para o futuro, mas pode ajudar a mudar a nossa mentalidade sobre mobilidade desde já

Goste ou não, o aeromóvel virá – agora, com PPP, ou mais adiante, provavelmente, daí, com recursos públicos. Se a Conferência de Mobilidade e Desenvolvimento, que abriu a Semana dos 82 anos de Canoas, provou algo é que no Brasil estamos anos-luz dos melhores conceitos de mobilidade inteligente, das quais o veículo de propulsão elétrica é um dos expoentes mais marcantes. E não é por falta de informação. Ainda pensamos nossas ruas e avenidas para carros que carregam cada vez menos pessoas e nosso sistema de transporte coletivo – bem, esse sabemos, já deu o que tinha que dar aqui pela aldeia.

 

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É nesse sentido que a Conferência feita para que o aeromóvel brilhasse bateu como um 7 a 1 metafórico na percepção que temos sobre a Canoas que no próximo domingo completa 82 anos. Ouvimos pela primeira vez os números das pesquisas contratadas ainda em 2019 para execução do Plano de Mobilidade de Canoas, feito antes da pandemia, mas que dá a dimensão do rumo em que vínhamos. Temos 121 linhas de ônibus na cidade e carregávamos, diariamente, 65 mil passageiros. Parece bastante? Pois não é: apenas 1 em cada quatro deslocamentos a trabalho usava, no pré-pandemia, o transporte coletivo. Um terço vai de carro e sozinho para o serviço: não há mergulhão e cruzamento da Inconfidência que aguente.

Não pensamos a cidade para a chamada mobilidade ativa – aquela que a pessoa faz por si, a pé, de bicicleta, skate ou patinete. Não estimulamos isso. Há longas ruas na cidade com calçadas intransitáveis, mas com asfalto novo: e isso diz, a mim e a você, que o carro é mais importante que o pedestre e o ciclista.

Mas na verdade, não é. Precisamos transpor a linha do trem e a BR não para que mais carros passem, mas para que as pessoas circulem, interajam, possam ir e vir adequadamente. E isso, como disse, estamos carecas de saber: temos números, temos informação, temos estudos, temos projetos ou pelo menos temos quem os faça – e faça bem feito.

As cidades do futuro vão privilegiar as pessoas, inclusive aqueles com alguma dificuldade de locomoção. A pandemia está tirando parte da mão de obra de dentro dos escritórios e levando para coworkings e home offices. A outra parte, se tiver um transporte eficiente e seguro, barato, tem a chance de optar por deixar o carro em casa. Todos, absolutamente todos, querem se deslocar o mínimo possível – porque tempo bom é aquele que a gente passa com quem ama, não sobre o asfalto quente.

Voltanto à conferência, está claro que o governo quer o aeromóvel porque ele se transformou em símbolo da opção pelo moderno e pela cidade do futuro que Canoas quer ser – seja você jairista, busatista ou de que outra estirte tiver. Isso tem a ver mais conosco do que com o governo da ocasião, embora devamos cobrar que ele faça a sua parte. Não é o aeromóvel que nos transforma; a mentalidade inovadora, sim. A uma certa altura da vida da cidade, é preciso que a gente seja o melhor de nós, que tenhamos a chance de realizar o que se espera que façamos. Com a cidade, me parece que acontece a mesma coisa. A escolha pela mobilidade, com ou sem aeromóvel, é inevitável, tarefa de hoje, não o tema para amanhã.

Canoas não pode ser a cidade promissora de ontem com o futuro que nunca chega.

 

 

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