pedágios na 118, 020 e 040

A Gravataí dos 3 (ou 4) pedágios: Lançada Frente contrária; O ’bode de Leite’ está na cancela

Frente Parlamentar Metropolitana Contra o Pedágio na ERS-118 foi lançada por políticos e empresários na noite desta segunda-feira na Câmara de Gravataí

O ‘bode do Leite’ segue na sala. Ou melhor, na cancela. O governo do Estado já anunciou que os estudos que vão embasar os editais do repasse de estradas – entre elas as ERSs 118, 020 e 040 – para a iniciativa privada foram concluídos, mas ainda não tornou públicas as informações sobre sugestão de tarifas e de localização dos pontos de cobranças de pedágios. A previsão é de que o governador Eduardo Leite faça o anúncio nesta semana. Gravataí e região já tem mobilização contra. A Frente Parlamentar Metropolitana Contra o Pedágio na ERS-118 foi lançada na noite desta segunda-feira.

– Trata-se de ser a favor ou contra. Sou contra. Imaginem que Gravataí pode ter três pedágios. Socorro! – apelou o idealizador da Frente, Paulo Silveira (PSB), que reuniu na Câmara de Vereadores políticos e lideranças empresariais e comunitárias principalmente de Gravataí, Cachoeirinha e Viamão.

O vereador, com base em informações colhidas do Avançar, programa apresentado pelo governador, e entrevistas de integrantes e técnicos do governo, listou possíveis pedágios na 118 e 020, que se somariam ao da BR-290, a Freeway.

E criticou a entrevista em que o governador condiciona às concessões a construção de elevadas na Avenida Centenário para acesso ao Distrito Industrial, na 020 e também na Avenida Brasil, obras polêmicas que tratei em dezembro em Duplicação completa da RS-118 é uma fake news e, nesta sexta, em Dá um block Patrícia Alba! Que feio Secretaria de Costella ’stalkear’ deputada sobre fake news da 118.

– Poderiam ser quatro pedágios – lembrou Régis Albino, vice-presidente da Federasul contrapondo o que o secretário estadual de Logística e Transportes, Juvir Costella, chamou de fake news e tratei nos artigos Pedágio na ERS-118 de Gravataí: Secretário de Estado diz que é ’fake news’Políticos divergem sobre pedágio na ERS-118; A ’fake news sobre a fake news que não era fake news’.

Os da 118 seriam um na divisa entre Cachoeirinha e Sapucaia e outro em Viamão. O da 020 em Morungava, distrito de Gravataí.

– Não teve nenhuma fake news. Houve um recuo, uma vitória da comunidade. O secretário (Costella) gravou vídeo em um domingo após nossa mobilização – disse o também vice-presidente da Associação Comercial, Industria e de Serviços de Gravataí (Acigra).

– Ouvi de técnicos que mediam fluxo que a 118 teria os dois pedágios – confirmou Darcy Zottis Filho, diretor de Assuntos Institucionais da Associação Comercial de Cachoeirinha (ACC), acrescentando:

– A troca do pedágio na Freeway demorou cinco anos. Agora querem resolver 30 anos de concessão em 30 dias? O governo do Estado está atropelando os prazos.

– Gravataí se tornou um polo logístico. É também lugar de uma série de novos empreendimentos imobiliários após a troca da praça de pedágio da Freeway. Pedagiar a 118 seria tornar a cidade menos atrativa. Nosso movimento fez a região ser ouvida – complementou Ana Cristina Pastro Pereira, presidente da Acigra.

Tratei da polêmica também nos artigos A Gravataí contra o pedágio na ERS-118; É privataria., Políticos divergem sobre pedágio na ERS-118; A ’fake news sobre a fake news que não era fake news’ e Leite sobre Gravataí: Elevada de 20 milhões na 118 entre Centenário e Distrito sai com privatizações e concessões; O início do fim de uma fake news, quando Costella admitiu pedágio, mas não no trecho de 22 quilômetros duplicado por 20 anos, e ao custo de R$ 400 milhões, entre Gravataí e Sapucaia do Sul, e o governador anunciou o programa Avançar.

O vereador Clebes Mendes (MDB), parceiro político de Costella, fez o papel de ‘advogado do diabo’.

– (A Frente) É um movimento salutar mas prematuro. Ainda não temos as informações oficiais. O que há de garantia do governo estadual é que o pedágio não será no trecho duplicado da 118. Já na 020, que é uma rota turística e está em péssimas condições, com risco de morte, é preciso ouvir a comunidade. Se for bom para duplicar a estrada, valorizar a região e atrair empresas, por que não um pedágio? – argumentou, sugerindo novas audiências com representantes do Estado e prefeitos, que seriam beneficiados com o retorno de impostos da praças de pedágio.

Para efeitos de comparação, a antiga praça da Freeway rendia à Prefeitura de Gravataí mais de R$ 1 milhão ao mês nos meses de verão.

Consultei Luiz Zaffalon após o lançamento da Frente e o prefeito de Gravataí disse não ter sido procurado pelo governador, pelo secretário ou qualquer outro emissário do governo estadual. Mesmo que em reportagem de hoje em GZH o jornalista Jocimar Farina tenha escrito que “o governo gaúcho já começou a avisar os prefeitos”, o gravataiense ainda não tem nenhuma informação oficial sobre pedágios.

– Um financiamento para a manutenção é fundamental. Agora, o pedágio, dependendo do modelo, atrapalha toda a região – acautela-se Zaffa.

Conforme o presidente da Frente, Paulo Silveira, uma audiência pública será realizada com a presença de prefeitos. Os próximos passos serão informar a população e promover uma consulta pública online.

Oposição a Zaffa em Gravataí, o vereador Bombeiro Batista (PSD) disse ser contra os pedágios, mas alertou para as consequências da briga política entre Costella, alinhado a Leite, e o adversário, ex-prefeito Marco Alba (MDB), um dos cotados para concorrer ao Palácio Piratini.

– Sou contra o pedágio, mas não pode essa disputa atrapalhar o diálogo entre Estado e Prefeitura.

Ao fim, concluo como iniciei este artigo: o ‘bode de Leite’ está na cancela. Por óbvio o político mede a temperatura das comunidades que podem ‘ganhar’ pedágios. Fato é que não há almoço de graça: Acigra e ACC sabem bem. Sem pedágio, sem obras – e sobre isso o governador foi claro. E, se tiver pedágio, será em rodovias que permitam lucro às concessionárias. É por isso que reputo mais perto o pedágio da 020 do que na divisa Gravataí-Viamão.

A boa notícia é que parece cada vez mais improvável o escândalo, a privataria que seria entregar para exploração privada o trecho duplicado após mais de R$ 400 milhões pagos nos últimos 20 anos com impostos dos gaúchos.

 

Assista outras manifestações polêmicas desta noite

 

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