Entre quarta e quinta foi o pior dia de nossas vidas. Salvo engano, na pesquisa que fiz de ontem para hoje em arquivos históricos não achei episódio no qual, em 24h, doença, acidente ou o que for, tirasse 14 vidas em Gravataí. A COVID-19 levou.
No Brasil, no mesmo intervalo fatal de tempo, caíram 10 vôos 3054 da TAM ou restaram mortas tantas pessoas quanto uma dezena de boates Kiss.
Em Quatro vezes mais vidas perdidas, 5 infectados por hora e 73 na fila por leitos em Gravataí; Lockdown ou festas e compras em Hiroshima, reportei o balanço de 30 dias. De terça até hoje piorou: já são 252 infectados e 21 mortes, chegando a 14.096 pessoas que tem ou já tiveram a COVID, e 340 mortes.
Ontem, o vice-prefeito Dr. Levi divulgou vídeo, que reproduzo ao fim do artigo, alertando:
– Chegamos ao limite!
O médico comunicou a ampliação, em 12 dias, de 32 para 99 leitos para COVID; 10 para 20 de UTI.
Não há mais espaço físico no Hospital de Campanha ou no Dom João Becker, nem profissionais de saúde ou insumos suficientes para abrir mais leitos.
– Temos 25 pacientes sentados aguardando para internar no Hospital de Campanha, 5 pacientes da UPA da 74 e mais 4 na atenção básica (os postos de saúde) – disse, alertando que a rede de Porto Alegre, que até então servia de referência para pacientes graves de Gravataí, não aceita a transferência de pacientes desde o domingo.
– Isso mostra o quão terrível é momento. Pacientes jovens, em estado grave, e uma contaminação cada vez mais rápida – disse o médico, informando que “até o momento”, não faltou medicação ou oxigênio para nenhum paciente.
Nesta quinta, o prefeito Luiz Zaffalon confirmou, em entrevista para o popular Gugu Streit, da Rádio Farroupilha, o que antecipei em Vereador no oxigênio, consultas suspensas e Santa Casa esgotada; Terça de colapso em Gravataí:
– Estamos entrando em colapso na saúde de Gravataí. Pessoas aguardam em cadeiras por atendimento. Não temos para onde ampliar. É muito grave o momento.
Os 120 leitos da rede municipal estão ocupados.
– Quem não precisar sair de casa, por favor, não saia. Pelo amor de Deus, não temos mais como atender às pessoas infectadas – apelou Zaffa.
O governador Eduardo Leite já antecipou que a bandeira preta (acinzentada) será mantida por mais uma semana em todo o Rio Grande do Sul. Nesta sexta é possível que decreto estadual, além de manter o toque de recolher entre 20h e 6h, amplie o lockdown, aí, como em países europeus, fechando inclusive supermercados entre sábado e domingo.
Ao fim, são os piores dias de nossas vidas – uma geração que enfrenta uma guerra sem mísseis. Experimento uma depressão diária, porque cada artigo que escrevo reporta uma situação pior, seja no contágio sanitário como econômico.
Enoja-me saber que o chefe da nação, o deprimente da república, no dia em que o Brasil (1.910) e Gravataí (14) bateram recorde de mortes, sorria em banquete de leitão no espeto e feijão à pururuca com políticos mineiros no Palácio da Alvorada.
– O presidente estava feliz – contou à Folha de S. Paulo o deputado federal Fábio Ramalho.
Como bem descreveu o jornalista Reinaldo Azevedo, éramos nós naquele espeto, enquanto aqui, na nossa cidade, uma pessoa morre a cada partida de futebol.
Prefeitos Luiz Zaffalon, de Gravataí, e Miki Breier, de Cachoeirinha, apoiem um lockdown regional já!
Há gente esperando UTI por dois dias, seja pública ou privada. O vereador de Gravataí Roberto Andrade (PP) está no oxigênio sentado em uma cadeira no Hospital de Campanha. Como o Dr. Antônio Weston, superintendente da Santa Casa já disse, quem entra na UTI morre, como tratei em 7 a cada 10 morrem na UTI: ’É preciso reduzir ao máximo a circulação das pessoas nos próximos dias’, diz superintendente do Hospital Dom João Becker.
A economia não será salva com a contratação de containers para as prefeituras armazenarem corpos.
Que tristeza, que tristeza…
Assista vídeo do Dr. Levi
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