Hospitais cheios

CANOAS | ’Situação administrável’, diz secretário; o fecha-tudo taxia na pista da Cidade do Avião

Rotina nos hospitais entrou em saturação com aumento exponencial de casos de Covid-19 nos últimos dias. Foto: Arquivo Seguinte:

Secretário de Saúde Maicon Lemos diz que em Canoas ainda não precisa 'escolher quem sobrevive', mas faz novo apelo à população para evitar comportamento que facilita o contágio

É certo dizer que a variante – ou variantes – do coronavírus que circulam hoje pelo Estado e especialmente por Canoas assumiram uma velocidade de contágio arrebatadora. Isso e o comportamento das pessoas em zonas de algomeração detonaram a capacidade do nosso sistema de saúde em absorver os que dele precisam. Hoje, HU e Graças estão com as UTI e as enfermarias lotadas; no Pronto Socorro e nas UPAS, pacientes esperam leitos por dois, até três dias – e estamos só no começo de uma nova e fulminante onda que se esperava para duas semanas depois do carnaval, mas chegou antes. E já está fazendo vítimas.

 

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O secretário de Saúde de Canoas, Maicon Lemos, disse ao blog esta tarde que a situação nos hospitais da cidade ainda é administravél. "Nesse momento, estamos conseguindo internar nas UTIs os entubados", conta. Estar entubado é o primeiro critério tradicional da regulação dos leitos intensivos – o que indica que o sistema, em Canoas, ainda consegue manter-se em pé apesar da saturação. O dia do 'escolher quem sobrevive' ainda não chegou – mas pode ter sido apenas adiado. "O avanço no número de leitos que fizemos nestes últimos 50 dias é que tem nos dado esse diferencial, esse tempo a mais", lembra.

De janeiro para cá, em parceria com o Estado, Canoas já abriu 51 novos leitos de UTI para pacientes em tratamento da Covid-19 no Hospital Nossa Senhora das Graças e no Hospital Universitário, o HU. Outros 15 devem ser abertos já na primeira semana de março, também no HU – mas aí é o limite: não dá para criar leitos interminavelmente. "É o último movimento possível", admite o secretário. Nesse momento, espaço físico e insumos são o de menos: o problema é que não há recursos humanos disponíveis no mercado.

Na tarde desta quarta-feira, o governo enviou para Câmara um projeto de lei prevendo a contratação emergencial de mais 300 profissionais de saúde entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. São para repor licenças, buracos nas escalas e cobrir a nova abertura de leitos. O Estado – e não é diferente em outros quadrantes do país -, no entanto, não tem mais profissionais disponíveis na quantidade que se precisa. Santa Casa também está contratanto; PUC, Unimed e clínicas particulares fazem o mesmo. Torça – e reze – para que pelos metade das vagas Canoas consiga contratar. É o pelotão que nos resta nesta guerra insana contra um vírus que não se vê, mas que se mostra tão letal quanto o rifle do inimigo.

"Outro agravante é que estamos verificando um aumento exponencial de casos em pacientes jovens, com idades entre 30 e 50 anos", informa o secretário. Não era assim lá no início da pandemia, naquele interminável 2020. Pessoas mais jovens sofrem mais e, em geral, ocupam o leito por mais tempo. As internações por Covid-19 no Estado tem durado, em média, 11 dias – pelo menos seis deles em UTI. Isso indica que uma pessoa que precise de tratamento intensivo hoje só deixará o leito na semana que vem se Deus permitir que tudo ocorra bem – nem é preciso lembrar que não há tratamento para Covid, só paliativos, antibióticos e medicações para amenizar sintomas. Leitos ocupados, como se sabe, não são ocupados por novos pacientes; UTI lotados hoje seguirão assim por semanas – e esse é, portanto, o período mais difícil enfrentado por nossa cidade contra o coronavírus. "Não adianta criarmos leitos se não houver a colaboração da sociedade", apela o secretário Maicon Lemos. "Não podemos aglomerar, não dá para relaxar no uso da máscara nem nos cuidados de higiene, especialmente com as mãos". 

E isso vale para todos, sem excessão.

Por fim, perguntei ao secretário sobre o risco que a cidade corre de ter, em breve, que decretar um lockdown – ou fecha-tudo, como costumo dizer. Maicon Lemos tegiversou. Homem responsável que é, não quis comprometer-se com um sonoro 'não'. Ninguém quer que a cidade pare – mas está cada vez mais nítido que esse avião taxia na pista.

Se não pararmos a Covid, ela para Canoas. 

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