Jairo Jorge e Luiz Carlos Busato protagonizam uma intensa disputa pelo voto dos canoenses mas, lá no fundo, os dois jogam pelo centro
Nem direita nem esquerda: centro. A Prefeitura de Canoas será comandada pelos próximos quatro anos por um autêntico representante do meio da ferradura, seja qual for o resultado que advir das urnas. Jairo Jorge (PSD) e Luiz Carlos Busato (PTB) tem origens diferentes mas, no fundo, comungam da política que evita os radicalismos.
Jairo, por exemplo, concorreu a prefeito de Canoas pela primeira vez em 1985, aos 22 anos, pelo PT. Símbolo da esquerda com conteúdo que crescia país afora e com forte base no sindicalismo local, o PT, no entanto, chegou em terceiro lugar naquela eleição. Já em 1989, fez de Jairo o vereador mais votado da cidade. Quatro anos depois, ele deixou a Câmara para seguir a vida de jornalista, assessor político de Tarso Genro, foi com ele para o Ministério da Educação e voltou a Canoas para assumir a função de pró-reitor da Ulbra antes da crise que atingiu em cheio a instituição, há pouco mais de 10 anos. Em 2008, se elegeu prefeito e foi reeleito em 2012.
Busato, tem uma carreira mais rápida na política. Arquiteto de formação, deixou o emprego público na prefeitura que já tem seu pai no comando para uma bem sucedida carreira na construção civil. Em 2004, quando Marcos Ronchetti se reelegeu prefeito, disputou e venceu a primeira eleição. Foi vereador por pouco tempo, no entanto. Em 2006, chegou à Câmara dos Deputados pelo voto popular – sendo reeleito em 2010 e 2014. Em 2016, em uma disputa apertada, venceu Beth Colombo, a candidata de Jairo, em um segundo turno como o que se aproxima neste domingo.
Candidatos que defendem lados opostos, no entanto, já estiveram juntos. O PTB de Busato foi aliado do governo Jairo e apenas deixou o paço em 2016 para disputar a eleição daquele ano. Busato havia sido secretário de Obras do Estado em 2011, exatamente no governo de Tarso Genro, um dos gurus de Jairo nos tempos de PT.
Busato sempre ficou no PTB. Como deputado federal, chegou à presidente estadual do partido com o gradual afastamento de Sérgio Zambiasi – ex-senador e radialista conhecido pelas posições moderadas. O exercício de manter-se a meio caminho entre os radicais não impediu o então deputado federal de, em 2017, votar a favor da cassação de Dilma Rousseff, a presidenta petista que Jairo defendia, embora já estivesse fora da sigla há mais de ano.
Jairo deixou o PT logo após a vitória de Busato em 2016. Entrou no PDT com a grife e a promessa de ser candidato a governador em 2018. Percorreu o Estado inteiro e, na campanha, abandonou o discurso de ficar bandeiras à esquerda, como fazia Alceu Collares nos áureos tempos do brizolismo. Com pouco espaço para trazer o PDT ao centro, trocou de fardamento de novo – e, desta vez, escolheu o PSD, o inodoro partido que finalmente permitira a Jairo uma composição sem radicalismos.
A eleição do próximo domingo não elegerá um prefeito dos extremos – o eleitor que não se deixe enganar com uma campanha quente e visceral. O próximo prefeito de Canoas será um homem de centro – seja ele o ex ou atual ocupante do cargo.