crise do coronavírus

Como Gravataí se prepara para vacina contra COVID-19; Live and let live

Jean Torman, secretário da Saúde, em frente ao hospital de campanha de Gravataí

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que foi para a Câmara de Gravataí prevê recursos para imunização, caso uma vacina contra a COVID-19 seja produzida em 2021. O volume de recursos será definido nos próximos dias, para ser incluído no Orçamento 2021. O que não significa que a Prefeitura vai ‘comprar a vacina’.

Quando prefeituráveis colocam em seus panfletos que garantirão a vacina à toda população cometem uma meia verdade, e meias verdades sempre tem metades próximas da mentira. Fato é que não depende apenas da vontade do próximo prefeito ou prefeita, e nem de recursos em caixa.

Explico, com base em longa conversa com o secretário da Saúde, Jean Torman.

Acontece que apenas o Ministério da Saúde pode comprar e distribuir vacinas. A resolução busca evitar o que ocorreu no início da pandemia, quando a corrida por respiradores fez inescrupulosos do mercado explodirem os preços e permitirem inclusive sequestro de equipamentos em portos, por aqueles que podem pagar mais, ou pagam melhores propinas.

O que a Prefeitura pode fazer é organizar a imunização. O que, além de não ser fácil logística, ainda é de difícil mensuração financeira. O mais provável é que o governo federal, principalmente para municípios com gestão plena em saúde, o que é o caso de Gravataí, envie apenas a vacina. Os municípios terão que arcar com pessoal, EPIs e equipamentos para aplicação. Para efeitos de comparação, o custo de seringas aumentou mais de OITO MIL POR CENTO de março até setembro.

As diretrizes da LDO preveem isso: verba para contratar profissionais de saúde temporários e comprar os equipamentos e insumos necessários. E estamos falando de, em um primeiro momento, pelo menos 50 mil pessoas.

Projetando sobre os critérios do Ministério da Saúde na distribuição da H1N1, Gravataí teria em um primeiro lote vacinas para seus 40 mil idosos e mais de 10 mil profissionais da saúde e da segurança nas redes pública e privada, além de gestantes.

Imagine que 50 mil pessoas teriam que ser vacinadas respeitando regras sanitárias e o distanciamento social. Para vacinar esse público em um mês, seria preciso imunizar mais de 1.500 pessoas por dia.

Seguindo os critérios, viriam a seguir os grupos de risco. Caso a hipertensão entre na lista, seriam mais de 100 mil pessoas, e já fiz esse cálculo, com base em censos sanitários, no artigo Metade de Gravataí é grupo de risco para COVID; isso o IBGE não mostra.

Ao fim, nossa bandeira deve ser o cuidado, mesmo que do vermelho e rosa, estejamos no laranja quase amarelo. Inegável é que estamos com atividades econômicas abertas de farmácias a cabarés, passando por supers e piscinas, mas em média uma vida ainda é perdida a cada 24h e, para usar dois exemplos, a UTI pública do Hospital de Campanha de Gravataí está com seus 10 leitos com respiradores lotados e a ocupação da UTI privada do Moinho de Vento dobrou, como alertei terça em O dia do ’liberou geral’ na pandemia de Gravataí; tudo pode funcionar.

Sem torcida ou secação, são os fatos, aqueles chatos que atrapalham argumentos: não há vacina aprovada e quando – e se – isso acontecer, a imunização não se dará do dia para a noite.

É esse o ‘novo normal’. Se é novo, não é o velho.

Inspire-se em Paul McCartney: “Viva e deixe viver”.

 

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