Faço minhas (e, depois, sem a mesma polidez acrescento algumas) as palavras de Roberto Teixeira sobre a polêmica decisão do Centro das Indústrias de Cachoeirinha de convidar apenas 4 candidatos à Prefeitura para expor ideias aos associados.
O cabeleireiro e comunicador postou em seu perfil no Facebook:
“(…) As eleições se constituem em um dos momentos mais afirmativos da democracia. É imprescindível ouvir os candidatos para conhecê-los e saber de suas propostas, muito especialmente aqueles que vão administrar os recursos públicos no âmbito do Poder Executivo. Pois é isso o que se propõe fazer o Centro das Indústrias de Cachoeirinha. Mas, rançosamente, a julgar pelo folder da promoção, o faz de forma capenga e discricionária. Deixaram de lado – fora da porta, no dizer de São Paulo – o candidato Jeferson Lazzarotto, do Partido dos Trabalhadores. Como se o advogado, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no município por duas vezes, fosse desonrar a iniciativa do CIC. Lamentável a falta de senso de pluralidade e civilidade democrática. Não é por obra do acaso que vivemos tempos obscuros, exalando odores de atmosfera umbralina. Típica situação de vergonha alheia (…)”.
Sigo eu.
Antes, um pouco de contexto.
Após críticas, pelo folder de divulgação informar que a escolha se entre os “mais citados nas intenções de votos”, o CIC postou explicação de que a tal pesquisa – até agora fantasma, já que ninguém localizou registro na Justiça Eleitoral como determina a lei – foi “realizada juntos aos associados da Entidade”.
Pela justificativa, associados rejeitaram ouvir o candidato petista, mesmo que tantos já tenham usado e abusado de contestáveis benefícios públicos, seja em governos do PT ou não.
Empresas com sede em Cachoeirinha já receberam incentivos e obras que favoreceram seus negócios nos governos do prefeito José Stédile (quando estava no partido) e dos governadores petistas Olívio e Tarso.
No governo Lula, então, foi só love. Desonerações concedidas por Dilma, que bagunçaram o país, também foram bastante comemoradas, mesmo que o retorno em investimentos tenha mostrado que a expressão “não há almoço de graça” valha apenas para um lado do balcão – o privado.
A direção do CIC pode convidar, ou não, quem quiser. Mas também tem que estar pronta para as críticas por, de forma desnecessária, expor a entidade.
Generalizações são sempre burras, mas ao repassar a responsabilidade a seus associados, a diretoria do CIC permite identificá-los como gente que tem dificuldade em conviver com os diferentes pensamentos que fortalecem uma democracia. Inegável é que Lazzarotto, um prefeiturável do maior partido de esquerda do mundo, resta censurado.
Ao fim, como bem lembra Robertinho, é um sintoma desse tempo obscuro. Usando um exemplo macro, olha o que é, e o que já foi a Fiesp. O que então dizer do CIC? Talvez que hoje representou bem aquela elite chucra que de liberal não tem nada.