Dificilmente as escolas públicas de Gravataí voltarão às aulas presenciais em 2020. Caso a bandeira siga laranja no Distanciamento Controlado pelo menos até 5 de outubro, há possibilidade da retomada da educação infantil privada, que funcionaria como um termômetro.
A conversa que tive há minutos com o secretário da Saúde Jean Torman tranquilizaria os 8 a cada 10 pais que, conforme pesquisa Datafolha, não querem os filhos na escola, e os 98,7% professores e funcionários da educação que, conforme pesquisa do sindicato de Gravataí também consideram arriscado a retomada, como tratei em Aulas não!; o anticorpo da greve em Gravataí.
– Segurança total não dá para garantir. Para o presente e para o futuro é preciso ter consciência de que não é possível condicionar a volta às aulas a uma vacina. Como outras atividades, o abre-e-fecha é uma possibilidade. A retomada não será normal e precisaremos da participação de toda a comunidade escolar – alerta Jean Torman, que na manhã desta quarta teria mais uma das reuniões diárias do COE, Centro de Operações e Emergência em Saúde (COE) Municipal, que reúne técnicos da saúde e da educação da Prefeitura, além de representantes de escolas privadas e a Associação Comercial, Industrial e de Serviços (Acigra).
Conforme o Distanciamento Controlado do Governo do RS, para obter permissão para a retomada dos ensinos infantil, fundamental e médio as regiões precisam ser classificadas por duas semanas consecutivas na bandeira amarela ou laranja (a semana vigente e a anterior). Gravataí entrou na bandeira laranja nesta terça, mas esteve na cor vermelha por mais de 30 dias.
Por enquanto, há possibilidade apenas da retomada de cursos privados, como Ulbra e QI, por exemplo, cujos planos de contingência estão sendo analisados pelo COE com a retomada da bandeira laranja.
Fato é que a cronologia apresentada pelo secretário como necessária para a volta às aulas dos mais de 30 mil alunos quase não cabe no calendário de 2020. Na melhor das hipóteses, já estaríamos em novembro.
É que, somente caso Gravataí siga na bandeira laranja até 5 de outubro, o COE pode liberar a retomada das escolas infantis privadas. E, a partir do retorno, seria preciso entre 20 e 30 dias para medir os efeitos na rede de saúde para projetar o ensino infantil, fundamental e médio.
– Hoje a pediatria está ociosa. Crianças adoecem menos, por não ter contato com viroses comuns. Precisamos medir o impacto da volta da convivência, e também da circulação de pessoas no transporte, nas ruas – observa Jean Torman, que informa que a tendência é do COE liberar as escolas infantis com apenas metade da capacidade de ocupação.
– O retorno precisa ser gradativo e ter seus efeitos estudados. A partir do ensino privado talvez seja possível irradiar a retomada no público, seja neste ano ou ano que vem.
O secretário adverte que ainda não é possível garantir que Gravataí, e toda a região, não voltem à bandeira vermelha, de alto risco.
– Os indicadores melhoraram, mas lentamente.
O caso de Manaus é um exemplo: quando já se projetava ‘imunidade de rebanho’, uma segunda onda pode levar até a um lockdown.
– Não é porque passou o inverno que já está tudo bem. Em Manaus nunca faz frio.
A analogia do secretário é perfeita. A travessia pelo ineditismo da pandemia é como sobreviver a uma tempestade no oceano, entre mergulhos e subidas para pegar fôlego. O novo normal não é normal, como querem covidiotas e nemaíners.
Ao fim, antes de sair da Secretaria da Educação para a campanha eleitoral, Sônia Oliveira já garantiu que a rede municipal tem condições de encerrar o ano letivo sem aulas presenciais. Assim também pensam professores, pais e alunos, conforme as pesquisas.
A melhor lição deste ano é aprender com a pandemia.
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