Teve bastante barulho na Câmara na sessão da terça-feira (22) sobre o impasse envolvendo a manutenção do vereador Sérgio Ângelo no cargo. Porém, após as câmeras desligadas e microfones cortados, nada aconteceu. O parlamentar, preso preventivamente desde o dia 15, segue na cadeira, e recebendo pomposo salário de R$ 9.388,62.
O Seguinte:/Diário de Viamão consultou o Portal Transparência da Câmara nesta quarta-feira (23) e confirmou que consta pagamento integral a Sérgio Ângelo em setembro, que efetivamente só trabalhou os 14 dias do mês que antecederam a reclusão em Canoas.
Explicando, a folha mensal do Legislativo é fechada antecipadamente, e os salários depositados nas contas no dia 20. Ou seja, primeiro recebem, depois trabalham. Tecnicamente falando, em caso de faltas, o desconto ocorre na folha seguinte.
Um dos vereadores que levantaram o tema na tribuna do Legislativo ontem, Guto Lopes (PDT) afirma que espera uma solução rápida pelo afastamento do colega preso.
– A Câmara precisa se posicionar urgentemente, esperamos que nesta quinta-feira (24), se a mesa diretora não decidir, que o plenário se manifeste – defende Guto, que não quis comentar a questão envolvendo o pagamento de salário completo a Sérgio Ângelo.
Silêncio e peso no bolso
Guto foi o único procurado pela reportagem que aceitou falar. O parlamento que ruge alto nas transmissões ao vivo e lives pelo Facebook comporta-se como uma Savana cheia de tigres de papel.
É uma situação constrangedora, alimentada pela letargia da presidência e da mesa diretora da "Casa do Povo". Enquanto nenhuma decisão é tomada, temos um parlamentar de Viamão mantido no cargo mesmo atrás das grades. Pois, das duas, uma: até que um suplente seja chamado, vamos ter Sérgio Ângelo participando online direto da penitenciária, ou recebendo sem trabalhar.
Na prática, o único punido é o cofre público e o dinheiro do contribuinte.
A coluna fez contato com a assessoria do Legislativo, que informou levaria os questionamentos ao Departamento Jurídico. Não recebemos retorno da Casa ou do presidente Eraldo Roggia (PTB) até a publicação.
O Portal Transparência mostra que os salários de Sérgio Ângelo foram pagos integralmente durante o período em que esteve afastado da Câmara por conta da Operação Capital, a "Lava Jato de Viamão". Não se trata de ilegalidade, uma vez que o impedimento não previa suspensão de vencimentos e benefícios, e o mesmo acontece até o presente momento com o prefeito André Pacheco (PSD), fora do cargo até dezembro, mas com dinheiro pingando na conta todo mês.