política

Zaffa: ’Gravataí escolherá entre o que deu certo e a volta ao passado’; a entrevista com o candidato de Marco Alba

Luiz Zaffalon com a neta Flora, no sítio onde mora na Estância Antiga

‘Gerentão’ dos governos do MDB, Luiz Zaffalon é o favorito para ser o candidato do governo à Prefeitura de Gravataí em 2020, como tratei sábado em Zaffa é lançado candidato a prefeito por Marco Alba e 85 por cento do diretório; Prefeito não cede a suposta chantagem.

Siga entrevista ao Seguinte:, feita de forma remota, na manhã desta segunda, onde o sociólogo fala sobre os motivos da escolha de seu nome pelo prefeito, o que quer fazer diferente, a guerra no partido, e também sobre os principais adversários em uma eleição na qual é o outsider, aquele que nunca experimentou as urnas.

 

Seguinte: Por que Marco Alba escolheu Luiz Zaffalon?

Zaffa – Confiança. Eu estava fora, cuidando dos meus negócios, e em 2011 o Marco me chamou para construirmos um projeto de cidade. Tinha 3 lojas de motos, vendi e fiquei com apenas uma. Minha esposa me puxou a orelha, questionou se não estava embarcando em uma aventura. Eu disse: “o Marco está precisando de mim, vamos lá”. Era a oportunidade de transformar a cidade como sempre sonhamos. O Marco é um astro da política, e eu andei o Brasil fazendo gestão, na Telefônica de Espanha, na Brasil Telecom, tinha experiência como superintendente metropolitano da CRT e tudo que envolve uma estatal. É uma dobradinha que dá certo, desde que o conheci, e ao Eliseu Padilha, no governo Simon. O Marco foi o melhor secretário do governo Yeda, me convidou para adjunto, depois precisou de mim e fui dirigir a Corsan. Desde o primeiro dia participei de nossos governos em Gravataí. Mesmo no ano em que fiquei fora segui colaborando, até que o Marco um dia me chamou e, mesmo eu estando com outro projeto de vida, aceitei: “vamos lá de novo”. Conheço o governo, trabalhei na modernização da Prefeitura, no sistema que interligou secretarias, sei das metas, o modelo, tenho parceria com cada secretário. Acredito que o sucesso que tivemos nessa construção coletiva levou o Marco a decidir: “o cara para tocar esse projeto que está dando certo é o Zaffa”. O pessoal do diretório me conhece e apoiou. Fui presidente do partido por duas gestões, sabem do meu caráter, testemunham meu estilo de vida, moro a vida inteira no mesmo lugar, enfim, sabem que honestidade é o que mais tem neste corpo.

 

Seguinte: Caso sejas confirmado como candidato a prefeito na convenção partidária, uma campanha raramente se sustenta apenas com a ideia da continuidade. Qual será a novidade? O que falta fazer? Quais as prioridades?

Zaffa – Falamos sempre a verdade. Falta muito a fazer. Já participei de 126 reuniões em 50 dias com diferentes setores sociais. Moro em uma estrada de chão batido e sempre digo para o Marco que poeira ninguém atura. Ela entra por qualquer cantinho. Um asfalto bem feito, com meio fio e drenagem, não é luxo, é qualidade de vida. Ele já está preparando um projeto para financiar o asfaltamento de todas as ruas de Gravataí. A PPP da Corsan também é uma dádiva, que vai nos tirar desse período medieval no saneamento, levando 100% de esgoto tratado até 2030, o que muda a vida das pessoas. Depois da pandemia é preciso buscar melhorias permanentes na saúde, que em todo Brasil se mostrou vulnerável. Precisamos investir ainda mais em nossa rede, trabalhar junto com a Santa Casa e chegar mais perto das famílias, já que a prevenção é o caminho. Somos obrigados a tratar da inclusão digital. Ano que vem o 5G está em Gravataí e a Prefeitura precisa garantir acesso. Nossa educação é a mesma de 400 anos, com quadro negro, professor e 30 alunos sentados. Precisamos buscar experiência novas, preparar principalmente as crianças para esse novo mundo, essa economia 4.0, do home office, das estruturas de escritórios revistas. A sociedade está se modernizando e pessoas estão ficando obsoletas. A grande demanda do mundo nas macrotendências para 2030 e o alimento. Temos uma zona rural extensa e quase sem produção. Precisamos trazer tecnologia para nossa produção. Há projetos na Argentina, no Brasil, em que em um hectare, com sistema misto de pasto e confinamento, é possível criar 12 cabeças de gado, enquanto no sistema natural é um, não natural 1, sistema misto pasto. O Brasil é um celeiro, e precisamos participar disso, com a China entrando no mercado, a Índia, e os EUA esgotando a capacidade. Não podemos depender só do polo automobilístico, precisamos atrair a indústria da inovação. Também precisamos rediscutir o transporte público, que é um caos no Brasil inteiro, e cujas empresas não suportam esse modelo. Porto Alegre começou o debate e não podemos ficar de fora. Eu poderia ficar falando duas horas tanto sobre o que já fizemos, como sobre o é preciso e o que planejamos fazer! O básico já conseguimos, que foi arrumar a casa, tomar conta da administração e dar resultado, entregar obras para os 280 mil de acionistas da Prefeitura. Obras estruturantes a gente fez. Agora é preciso ir para dentro das vilas. Gravataí é uma cidade rica, que pode investir de 5 a 10% de suas receitas para as pessoas, os acionistas. O Orçamento está chegando a R$ 1 bilhão. Com 50 milhões por ano em obras podemos transformar ainda mais uma cidade que hoje já é um dos lugares mais procurados para morar. É caminho do Litoral, da Serra, é mais perto do Centro de Porto Alegre do que a Zona Sul, tem lugares belíssimos e com infraestrutura. O bom é que dá para fazer. Sonhar com dinheiro é uma coisa; sonhar sem, é só sonhar. Criamos as condições para sonhar e realizar.

 

Seguinte: Conforme o ato político de sábado, na convenção terás o apoio do prefeito, da primeira-dama Patrícia Alba, do vice Áureo Tedesco, dos vereadores Airton Leal e Alan Vieira, além de 39 dos 45 membros do diretório. Mas enfrentarás um ex-deputado federal, Jones Martins, com o apoio de outros quatro vereadores: Alex Tavares, Clebes Mendes, Nadir Rocha e Paulinho da Farmácia. Após a definição entre Zaffa e Jones, há como apagar essas chamas no MDB até a eleição?

Zaffa – É verdade que o MDB, diferentemente do PT, não está acostumado a disputa, mas é uma coisa normal. O Marco, que é uma entidade dentro do partido, e por décadas montou, remontou e carregou nas costas o MDB, sempre foi a candidatura natural. Agora, vamos para a convenção. O Jones tem todo direito de disputar. Depois, estaremos juntos. Basta ver as postagens do Jones e dos vereadores: todos exaltam o governo e nosso projeto que dá certo.

 

Seguinte: És um outsider, nunca disputaste eleição. Uma das expectativas, caso sejas eleito prefeito, é relativa à tua habilidade para negociar com os vereadores, com os políticos e lideranças.

Zaffa – Sou um outsider, mas em Gravataí já fui presidente do partido e vivo diretamente desde 2012 essas relações políticas entre Executivo e Legislativo. No Estado aprendi muito na CRT, na Corsan e no governo Yeda. E tenho um apoio fundamental: o Marco vai estar aí, por perto, não vai fugir. Nunca abandonei ele, ele não irá me abandonar. Teremos um conselho político. Costumo dizer que fiz curso de “escutatória”. Gosto e sei ouvir, fazer o balanço dos argumentos de cada um. Diálogo é fundamental. Há muita gente interessada em fazer a boa política para a sua comunidade, e não fazer da política um negócio. A receita é simples: quanto mais transparência no governo, mais longe ficam os atravessadores. Quem não se deu conta disso, logo vai quebrar a cara. Hoje a política é ao vivo. Sou um otimista: cada vez mais os vigaristas ficam pelo caminho e os bons estão tomando conta. As pesquisas mostram que a corrupção preocupa as pessoas até mais do que a pandemia.

 

Seguinte: Como avalias teus prováveis principais adversários, Anabel Lorenzi (PDT) e Dimas Costa (PSD)?

Zaffa – É uma eleição simples, entre os que são a favor desse governo que deu certo, e os que são contra. Anabel e Dimas são da esquerda tradicional, oriundos do PT; o Dimas é um afilhado de Daniel Bordignon e agora Anabel também está com o ex-prefeito. Já eu sou liberal, entendo o governo como uma empresa que precisa dar lucro para seus acionistas, ou seja, não gastar todo dinheiro com ela mesma. Não é lucro para ir para Miami, e sim entregar resultados às pessoas. A esquerda foca mais na estrutura de estado do que nas pessoas. E, infelizmente, não existe dinheiro para tudo. Não tenho dúvidas de que o Dimas e a Anabel são pessoas de bem, mas a eleição me parece simples, de ideias claras para o eleitor de Gravataí: ou vota para manter o modelo que deu certo, ou vota para voltar ao passado.

 

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