Prefeitos da Região 10 do Distanciamento Controlado do RS, que reúne Gravataí, Cachoeirinha, Glorinha, Viamão, Alvorada e a Capital, tiveram a primeira conversa após o governador compartilhar com as prefeituras a responsabilidade pela flexibilização, o que tratei em Gravataí e Cachoeirinha sob bandeira rosa; Leite socializa o ’total descontrol’, ou ’cada um por si e um leito para todos’.
Na nota distribuída pela Prefeitura de Gravataí, consta que o prefeito Marco Alba, de quem partiu a iniciativa da videoconferência, “pediu prudência” aos colegas.
Até esta sexta, um grupo de trabalho com membros das secretarias da saúde dos municípios deve apresentar um estudo de medidas para serem implantadas na região “que possam flexibilizar as atividades econômicas e, garantir a não propagação do COVID-19, no enfrentamento da pandemia”.
Como Distanciamento Controlado é fake, um total descontrol, e a bandeira já está rosa, ou seja, com praticamente todas as atividades essenciais e não-essenciais funcionando, e todos os municípios agindo sob a lei vampeta, a do “eu finjo que cumpro, você finge que fiscaliza”, só resta duas ‘flexibilizações’.
Uma é usar as regras dos cultos para reabrir bares, casas noturnas e cabarés, como queria o prefeito de Cachoeirinha Miki Breier, e tratei em Justiça suspende ’decreto do festerê’ em Cachoeirinha; Multa é de 50 mil por descumprimento e links relacionados no artigo.
Outra é a volta às aulas – aí, uma crônica do crime anunciado. Como tratei ontem em Deu a louca no governador!; Nem covidiotas querem mandar crianças às aulas, aplicando modelo matemático criado pela Universidade de Granada, na Espanha, em dois dias só a volta do ensino infantil, que é o que propõe Eduardo Leite, criaria uma rede de contatos com potencial de atingir mais da metade das populações de Gravataí e Cachoeirinha.
O clima já está sendo criado. Reproduzo post “O ‘jornalismo’ com suas vergonhas à mostra”, feito pelo professor de comunicação Luiz Artur Ferraretto.
Depois continuo.
O jornalismo ia sair fortalecido da pandemia. Não vai. O negacionismo venceu a responsabilidade.
A força dos patrocinadores levou à volta do futebol. Há dezenas de jogadores contaminados, isso sem contar o clima de falsa normalidade criada.
Sem contestação, políticos falam em imunidade de rebanho. Qual a base científica? Pouquíssimos contestam.
Empenhada em agradar patrocinadores, parte considerável da mídia ouve representantes de empresários. Astutamente, esquece daqueles que falam em nome dos trabalhadores.
A ultrapassada expressão "setor produtivo" voltou com tudo. Incrivelmente, aparece representando apenas o lado do patrão.
Houve forte preocupação com a liberdade de culto. Afinal, templos fechados também arrecadam menos. O mesmo empenho, no entanto, não é demonstrado em relação às ameaças à democracia.
Agora, o novo movimento é o da volta às aulas. Nem uma palavra sobre cancelamentos de matrícula e, obviamente, ameaças de suspensão de anúncios por parte de escolas particulares.
É o que a recém-descoberta preocupação com o futuro do ensino encobre? Talvez. Representantes de professores e de outros funcionários de escola são ouvidos? Raramente. Quando são, aparecem em horários de menor audiência ou em locais de baixa visualização.
O "jornalismo" – esse entre aspas, o que chamam de jornalismo, mas, de fato, não é – está com suas vergonhas à mostra. Pior de tudo: sem o mínimo de vergonha por isso.
Sigo.
A ‘ideologia dos números’ não suporta essa normalidade orwelliana, onde sombra é luz e guerra é paz. Nos municípios da R-10, a incidência de contágio só cresce: Cachoeirinha 1.161.2 por 100 mil habitantes; Alvorada 848.3; Porto Alegre 692.3; Glorinha 629.8, Gravataí 667.5 e Viamão 287.6 (subnotificação, já que o município, que só neste ano já teve cinco prefeitos, testa menos que os vizinhos).
A ocupação de UTIs cresceu um pouco. Conforme o mapa de leitos, a ocupação de 81.4% registrada domingo se manteve na terça e hoje está em 81.8. Porém, mais uma vez aumentou o número de pacientes com COVID-19, ou sob suspeita, de 50.9 (domingo) e 52.5 (terça) para 63% nesta quinta. Para efeitos de comparação, em 1º de julho o índice era de 9.1.
Em Gravataí, conforme dados da Prefeitura atualizados às 12h, a UTI não-covid do Hospital Dom João Becker segue lotada, com 9 leitos ocupados, como domingo e na terça. Na emergência, onde havia 30 pacientes divididos em 14 leitos de observação, macas ou poltronas, terça eram 46, hoje são 33.
Entre o Hospital de Campanha, o HDJB e o SUE 24h, das 10 UTIs covid com respiradores, 7 estavam ocupadas domingo e terça. Hoje são 8. Os 10 leitos de observação covid tinham 3 vagas domingo, na terça estavam lotados e hoje há um paciente na espera. Dos 12 leitos intermediários para pacientes covid que deixam a UTI, 11 estavam ocupados domingo, 9 na terça e hoje 11 novamente.
Gravataí, conforme dados da noite de quarta, tem 1917 casos, com 1183 recuperados e 81 mortes. Cachoeirinha tem 1.686 casos, com 1.148 recuperados e 33 óbitos.
A média de vidas perdidas neste mês de agosto segue superior a duas registradas a cada 24h.
Ao fim, Marco Alba pediu “cautela” aos colegas. Como jornalismo é dar nome às coisas, peço “coragem”, “vergonha na cara”. Já vivemos o ‘cada um por si e um leito para todos’. Igualar culto a bar já é imprudente. Mas mandar crianças às aulas é criminoso.
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