Feito à mão. Em papel sem timbre. Dando ares de improviso. De atropelo.
O Seguinte:/Diário de Viamão teve acesso ao "documento", e digo assim por mera convenção, que foi usado para a inscrição da chapa eleita no sábado (1º) para comandar a Câmara de Vereadores e, por consequência, a Prefeitura da cidade vizinha.
Não estou questionando a legalidade do ato que valeu a ida de Nardim Harfouche (PSL) para o Executivo e deixou Eraldo Roggia (PTB) na presidência do Legislativo – isso, se for o caso, é para a Justiça. Mas é simbólico. É pitoresco. Dá – mais uma – ideia negativa de como as coisas são conduzidas na casa que representa o povo de uma cidade que já foi capital do Estado, que tem mais de 250 mil vidas e incontáveis flagelos causadores de feridas profundas.
O grupo formado por 11 vereadores pró Eraldo e Nadim passou a semana que antecedeu a votação alinhando estratégias. Até André Pacheco pintou em reunião, mas a chapa foi definida de última hora. A conta só fechou com a deserção de Fabrício Ollermann (MDB) nos últimos minutos – ele que saiu de ambulância, direto para a UPA, por conta de uma crise de pressão arterial após trocar Evandro por Nadim e surgir na mesa como segundo secretário. O improviso teve ainda André Gutierres (PP) assinando duas vezes o apoio à chapa, Francinei Bonatto (PSDB), que tem o nome na lista e não assinou o apoio – mas votou pela chapa – e o uso de canetas de cores diferentes. Só faltou mesmo terem entregue a inscrição em papel do tipo usado para embrulhar pão – os mais antigos vão lembrar.
Um acordão "com Supremo, com tudo" – PTB, PSDB, PT, PDT, PP, PSD, PSL e até um desgarrado do MDB – que parece aquele meme do "É verdade esse bilete". Para quem não recorda ou não viu, um menino de 5 anos do interior de São Paulo tenta enganar a mãe com um bilhete falso. Ele finge ser sua professora informando que não haveria aula, e no fim ainda afirma que "é verdade esse bilete".
Briga tem novo capítulo
Pois a já desgastada imagem da Câmara sofrerá novo abalo. Em busca do que entende ser direito legal, o vereador Evandro Rodrigues (DEM) promete ir ao STF caso necessário para reverter a eleição de Nadim e Eraldo. Enquanto isso, adota uma estratégia que causará novo embate: ontem, o parlamentar deu entrada na Casa a um projeto de lei para destituir novamente a mesa diretora.
A estratégia passa pelo retorno, tido como certo pelos apoiadores de Evandro, do vereador Sérgio Ângelo (o afastamento pela Operação Capital está previsto para encerrar no dia 10). Victor Braga, que votou com Eraldo, daria lugar a Sérgio. E a conta de votos trocaria de lado.
Fonte da coluna na Câmara acrescenta: Fabrício Ollermann sofrerá uma chamada dura para não roer a corda com o MDB desta vez.
– Essa insegurança jurídica toda criada por eles com a destituição ilegítima da mesa é um precedente jurídico aberto para que se tenha cinco, seis mesas diretoras em um ano. Pau que bate em Chico, bate em Francisco – dispara Evandro.
Retaliação, estratégia, troco, pressão… chamem como quiser. O certo é que vai ter revide.
Eraldo cancelou a sessão ordinária desta quinta-feira (6), sob alegação de que o prédio do Legislativo está recebendo uma desinfecção preventiva ao coronavírus.
A contramedida do grupo será articular um impedimento legal para o retorno de Sérgio Ângelo (há pedido parado na casa faz tempo). Há, também, duas cartas na manga: votar a cassação do vereador Jessé Sangalli (Cidadania), o que daria a cadeira a Canelinha (PSDB) e manter a Vereadora Belamar Pinheiro (MDB), para que a suplente Paulinha (PSD) vote para frear os planos de Evandro.
Como se vê, o PSDB, que divulga nota para afirmar isenção nessa briga, está mais dentro do que piolho em costura. Os caminhos para salvar Nadim e Eraldo passam pelas mãos dos tucanos.
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