A pandemia não curou o PT.
O vírus do ‘nós contra eles’ já tomou os mais variados órgãos da estrutura partidária e, apesar do legado mais nobre e, ao menos ainda, incomparável dos petistas, parece uma variação do bolsonarismo.
Para analisar, coloco numa ‘placa de petri’ o exemplo de Cachoeirinha, onde o partido já mandou com o prefeito José Stédile, e hoje não junta fumantes ou não fumantes.
O racha já sabia quem leu artigos que postei como Lazzarotto é o candidato do PT à Prefeitura de Cachoeirinha, A briga na raiz do PT de Cachoeirinha, PT de Cachoeirinha tem seu Guaidó; cumpra-se, ou dissolva-se e Um gesto para o PT estreitar inimizades em Cachoeirinha.
Nesta semana, a divisão mostrou o descontentamento com um pragmatismo implacável, que é o grande enredo do desfile de alas partidárias: depois que se ergue uma maioria de garrafinhas na votação interna, por vezes despedaça-se a unidade.
No mesmo dia em que Vera Sarmento, ex-conselheira tutelar e petista histórica, foi indicada vice de Jeferson Lazzarotto pelo PCdoB, partido no qual poucos sabiam que estava filiada, também foi comunicada desfiliação pelo candidato a prefeito do partido em 2012, Volnei Borba Gomes, que fez 12.613, ou 20% dos votos na eleição. Ivolnei Teixeira, coordenador regional do partido também sai, junto a outros líderes comunitários.
O caminho dos dois, não tenho dúvidas, não sai da esquerda até o centro da ferradura ideológica. Para direita, não. Pode ser, inclusive, reforço para a reeleição do prefeito Miki Breier (PSB). Já a chapa Lazzarotto/Vera representa, além da maioria de hoje no PT, construída pelo presidente David Almansa e sua experiente conselheira, Ana Fogaça, o que mais à esquerda estará nas urnas em 2020, já que o PSOL não deve ter candidato.
Ao fim, que o partido é partido, nenhuma novidade, seja onde for. Relembro manchete histórica que fiz em Gravataí, 2008, quando o prefeito Sérgio Stasinski teve a reeleição barrada pelo seu criador, Daniel Bordignon. Usei um refrão de campanha, um hino que tantos ouviram dos todo-poderosos petistas da política dos anos 2000: “Partido, partido, é dos trabalhadores”.
É como tratei já tratei ainda no ano passado em A esquerda possível de Miki é impossível; canhotos unidos só na cadeia, quando o prefeito escreveu o artigo "Uma nova esquerda é possível". Um lado da ferradura ideológica só se une para dividir a quentinha em refeitório de presídio, figura eternizada na frase de Frei Betto na época da ditadura.
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