crise do coronavírus

As boas, as más e as necessárias notícias de Miki sobre a COVID 19 em Cachoeirinha

Prefeito de Cachoeirinha concedeu entrevista coletiva por aplicativo nesta manhã | Foto LARISSA RIBEIRO

Boas, más e necessárias notícias foram dadas por Miki Breier durante entrevista coletiva sobre a crise do coronavírus em Cachoeirinha, na manhã desta segunda.

Começo pelo formato.

Curti. Por 40 minutos, o prefeito respondeu aos jornalistas pelo Zoom, aplicativo de teleconferência. É uma forma de demonstrar comprometimento, do governo e da imprensa profissional, como o distanciamento social.

As más notícias são relativas ao ‘contágio econômico’ da pandemia.

O prefeito não descartou parcelamento nos salários do funcionalismo caso o socorro do governo federal aos estados e municípios se arraste tanto quanto o auxílio emergencial de R$ 600 aos mais pobres.

Cachoeirinha está arrecadando R$ 5 milhões a menos a cada 30 dias. A expectativa é de que a ajuda da União reponha perdas com ICMS e as prefeituras possam pedalar dívidas previdenciárias, parcelas e contrapartidas de empréstimos.

Só com o financiamento internacional com o Fonplata, que revitalizou a avenida Flores da Cunha entre 2013 e 2014, Cachoeirinha banca 500 mil dólares mensais – e o dólar, hoje em R$ 5,7428, cresce tão exponencialmente quanto o número de infectados no Brasil.

As boas notícias – comemoremos – são sanitárias, no CPF, não no CNPJ.

A curva do contágio segue estável, mesmo que Cachoeirinha, com 150 mil habitantes a menos, tenha incidência por 100 mil habitantes maior do que Gravataí, como tratei em Com mais 2 casos, incidência da COVID 19 em Cachoeirinha é maior que Gravataí.

A explicação é que, além da densidade demográfica ser maior, assim como a proximidade com Porto Alegre, epicentro do contágio, a cidade testou duas vezes mais que a cidade vizinha.

Outro fator positivo é que, conforme o prefeito, o vírus ainda não chegou na periferia, apesar da Secretaria Municipal da Saúde não apresentar os dados de infectados por bairros. Exemplos nacionais, como o Rio, mostram que quando o SARS-CoV-2 chega à ‘favela’, o contágio explode, já que mais pessoas vivem em menos metros quadrados.

Uma terceira boa nova é a aquisição de 300 testes rápidos, e a negociação por mais 1500, o que permitirá aproximar um pouco mais o número de infectados à realidade, já que, conforme o modelo matemático e epidemiológico do Governo do RS, a subnotificação permite multiplicar o número de casos por 12.

– Além das mais de 11 mil mortes, há no país 1892 óbitos em investigação. Pode ser COVID-19, pode ser síndrome respiratória aguda grave. Podemos ter mortes em Cachoeirinha não contabilizadas. É uma realidade – disse Miki, com admirável transparência.

Das notícias necessárias, uma é sobre o ‘novo mundo’  pós-pandemia. O prefeito admitiu a necessidade de pensar em uma “renda mínima municipal”, e incentivos da Prefeitura aos microempreendedores e ao emprego, frente à tragédia econômica provocada pela pandemia.

Anotem: impera nas campanhas eleitorais deste ano nos municípios que matar a fome das pessoas tenha mais peso do que, por exemplo, asfaltar ruas.

Por enquanto, o apelo é à rede de solidariedade, que envolve governo, empresários e cidadão, e já conseguiu doar 2400 cestas básicas a pessoas com dificuldades para enfrentar a crise.

Outra manchete que reputo necessária é a confirmação de Miki de que, mesmo que seja uma medida impopular par um candidato à reeleição como ele, a ordem na Prefeitura é fiscalizar com rigor o cumprimento do ‘distanciamento controlado’, no comércio, indústria, serviços e transporte coletivo, bem como a população usando máscara nas ruas.

– A população está de parabéns, usando máscaras. Mas não faremos uma fiscalização de faz-de-conta, nem nas ruas, nem nas atividades econômicas.

Agora um capítulo à parte, e que considero vergonhoso para a política de Cachoeirinha: os delírios da Câmara de Vereadores, que tratei em A Câmara de Cachoeirinha não é solidária nem na COVID 19.

O prefeito anunciou que a Procuradoria-Geral do Município vai protocolar hoje de um requerimento à Presidência do Legislativo para saber detalhes sobre a leitura do relatório da amalucada ‘CPI dos Pardais’, que se arrasta por quatro meses, período o qual a Câmara não votou nada – e como consequência bloqueia milhões que podem ser usados para a saúde e o saneamento.

Conforme Miki, a resposta vai subsidiar a Prefeitura na apresentação no Judiciário de um mandado de segurança  para garantir a votação de projetos do Executivo.

Traduzindo do juridiquês, o mandato de segurança é uma ação constitucional prevista no artigo 5º, inciso LXIX da Constituição Federal, em que qualquer pessoa, física (eu, você), ou jurídica (a Prefeitura), pode requerer a justiça que intervenha para reparar ilegalidade ou abuso de poder praticado por autoridade pública (a Câmara).

O prefeito citou áudio, reproduzido pelo jornalista André Boeira, que creditou a voz “supostamente” ao presidente da Câmara Edison Cordeiro, no qual o pastor diz que, “devido à reportagem do Martinelli”, destrancaria a pauta, mas apenas para votar projetos relacionados ao enfrentamento da COVID-19

– São pelo menos R$ 2 milhões na saúde. São recursos relacionados direta ou indiretamente no enfrentamento à COVID-19. Afinal, a saúde funciona em rede – coloriu Miki, instigando:

– Só não sei se o presidente terá como cumprir…

Ao fim, Miki tem sido um prudente timoneiro na crise do coronavírus e merece elogios por, na prática diária, mostrar mais preocupação com vidas do que com votos –  isso em uma cidade que deu 7 a cada 10 votos para o mandrião da ‘gripezinha’, que vai ao STF por CNPJs, não por CPFs, e que samba de jet ski sobre 10 mil caixões; e onde teve ‘carreata da morte’ e moleques operam no Grande Tribunal das Redes Sociais – acredito na humanidade – sem se dar conta de que são cúmplices de tentativa de homicídio.

Às vezes – e literalmente em uma epidemia – é preciso o navio abandonar os ratos, como fez, e faz, Miki. Que o diga um de meus gatos (Anubis para o pai, Polenguinho para a mãe), que subiu no meu ombro e 'invadiu' a entrevista coletiva.

 

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