A Região 8 COVID-19, que inclui Gravataí, Cachoeirinha, Glorinha, Viamão, Alvorada e Canoas, tem índices de ocupação de leitos e gravidade de pacientes maior do que Porto Alegre, conforme o Mapa de Leitos do RS. Em relação à média gaúcha, a ocupação é menor, mas a virulência da doença, maior. Não é torcida ou secação, é a realidade do novo coronavírus em nossas aldeias. Provo com a ‘ideologia dos números’.
O dashboard é um dos indicadores que define a ‘bandeira’ de cada região – hoje laranja em nossos municípios, numa escala que tem ainda verde, amarela, vermelha e preta. A R-8, Porto Alegre e o RS estão acima do alerta de 60% de taxa de ocupação, que caracterizaria a ‘bandeira verde’.
Os dados foram atualizados às 16h04 desta quarta-feira, 6 de maio. Os relatórios devem ser encaminhados diariamente pela rede hospitalar gaúcha para a Secretaria Estadual da Saúde. Você mesmo pode acompanhar clicando aqui. É só acessar o link 'Mapa de leitos'.
Na R-8, de Gravataí e Cachoeirinha, cuja 'cidade sentinela' é Canoas, são 391 leitos divididos em 10 hospitais. A taxa de ocupação dos 115 leitos de UTI é de 69,6%. São 80 pacientes. A ocupação em leitos fora de UTI é de 13% (36 pacientes). A taxa de uso de respiradores é de 42,6% (49 pacientes). Dos 80 pacientes em UTI, 3 tem a COVID-19 (3,8%); 10, ou 12,5%, são suspeitos por apresentar SRAG, a síndrome respiratória aguda grave e 67, ou 83,8% estão internados em UTIs sem diagnóstico do novo coronavírus.
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Epicentro da pandemia no Rio Grande do Sul, Porto Alegre tem percentuais melhores devido à estrutura de 2.279 leitos em 31 hospitais. Dos 701 de UTI, 67,5% estão ocupados (473). Dos 1578 leitos de COVID-19 fora da UTI, a ocupação é de 6,5% (102) e a taxa de uso de respiradores é de 32,5% dos 701, ou 228 pacientes. Dos 473 internados em UTI, 5,7% (27) estão infectados; 5,7% (27) são suspeitos por apresentar SRAG e 88,6% (419) não tem diagnóstico do novo coronavírus.
No RS, que tem 8.814 leitos em 295 hospitais, os leitos de UTI têm 70% de taxa de ocupação, com 1202 pacientes. Os leitos de COVID-19 fora da UTI são 7098 e tem ocupação de 6,7% (479). O uso de respiradores acontece em 34,8% dos casos (597). Dos 1202 em UTI, 7,9% (95) tem COVID-19; 8,7% (105) são suspeitos por apresentar SRAG e 83,4% (1002) não tem diagnóstico do novo coronavírus.
As regiões piores classificadas hoje são a de Lajeado e Passo Fundo, com 76,6% e 83,8% de taxa de comparação. Para efeitos de comparação, há três dias PF registrava 79,8%. O avanço da pandemia no RS é uma realidade. Dia 24 de abril, a ocupação de leitos de UTI era de 55,1%, hoje está em 69,5%. No mesmo período, a gravidade das infecções pelo SARS-CoV-2 também fez o uso de respiradores aumentar de 20,5% para 34,6%.
Na Região 8, de Gravataí e Cachoeirinha o crescimento foi ainda maior: em 24 de abril a taxa de ocupação estava na ‘bandeira verde’, com 58,3%. Nesta quarta está em 69,6%.
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A comprovação de que é a COVID-19 levando a rede de saúde ao colapso está no gráfico que mostra que as internações por casos sem diagnóstico do novo coronavírus tem alteração bem menor. Em 24 de abril, para ficar no mesmo corte, era 11,7% e hoje é de 13%.
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A virulência da infecção também resta confirmada. Na região, o uso de respiradores subiu de 34,4% em 24 de abril para 42,6% hoje.
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O governador anunciou nesta quarta, em transmissão ao vivo pelo Facebook, que também será disponibilizada pelo Governo do RS a taxa de isolamento social. Um convênio foi firmado com telefônicas. Mantendo o anonimato dos dados captados de telefones celulares, será apresentado um ‘mapa de calor’ das regiões.
A taxa de distanciamento também será usada para classificação por bandeiras, que será feita a cada 7 dias, a partir do próximo sábado. Eduardo Leite edita até sexta um novo decreto com as regras para comércio, indústria, serviços, transporte público e população em geral conforme o amarelo, laranja, vermelho e preto – verde é a cor para o fim da pandemia.
Enquanto os dados não estão disponíveis, faço um exercício usando dados de aplicativo desenvolvido pela startup brasileira In Loco: em 24 de abril a taxa de distanciamento social brasileira era de 59%; em 2 de maio, data da última atualização, já tinha caído para 43,1%. Em 22 de março, 69,6%, ou quase 7 a cada 10 pessoas estavam em casa.
Aplicando o percentual sobre os 281 mil habitantes, entre março e maio Gravataí tem mais de 75 mil pessoas nas ruas.
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Os efeitos do ‘distanciamento controlado’, que retomou as atividades comerciais, industriais e de serviços nesta segunda-feira – e mais parece um ‘distanciamento descontrolado’, tamanho movimento nas ruas região metropolitana – serão sentidos em 14 dias, período médio de incubação do vírus, conforme protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ao fim, não é gripezinha, conspiração, filme. Até a produção de uma vacina, é o 'novo normal', a vida real, onde a morte tem rostos – cada vez mais conhecidos. Não colaboremos para um Dia das Mães macabro.