Poucas vezes a palavra reviver esteve tão intimamente ligada ao reaproveitamento de materiais como em um projeto idealizado pelo Centro de Pesquisa Joseph Elbling, da QI Faculdade e Escola Técnica, com o apoio da Associação dos Recicladores de Viamão (ARV). Um grupo de pesquisadores e estudantes se reuniu para vencer um desafio: trazer sucata de volta à vida para salvar vidas.
Com essa meta, uma equipe de 10 pessoas projetou e construiu um ventilador pulmonar, popularmente chamado de respirador artificial, utilizando apenas materiais recicláveis. Tudo em 24 horas. Participam alunos, ex-alunos da área de tecnologia da informação (TI), médicos, enfermeiros e profissionais da comunicação. A parte de estudos do projeto durou uma semana.
Antes do trabalho, o time assistiu uma palestra virtual com profissionais de Saúde de
Santa Catarina sobre design e funcionamento de respiradores padrões do mercado
O protótipo final atende os parâmetros de controle de frequência respiratória e de volume de oxigênio certificados internacionalmente por organismos de Saúde.
A Cooperativa Viamonense de Catadores e Recicladores (Coovir) recebeu a ação, batizada de Virada Tecnológica, na sexta-feira (1º) e no sábado (2). No Ecoponto da Cooperativa funciona o Museu do Lixo, espaço ideal para a captação da matéria-prima necessária para a produção do equipamento, utilizado nos hospitais em pacientes com problemas respiratórios. O Projeto, idealizado pelo Centro de Pesquisa Joseph Elbling, da QI Faculdade e Escola Técnica, também contou com o apoio da Associação dos Recicladores de Viamão (ARV).
Por utilizar componentes eletrônicos reaproveitados, o modelo alternativo tem baixíssimo custo de produção. A programação das funções foi realizada no sistema opensource (código aberto). Conforme os organizadores, essa arquitetura permite que a ideia seja replicada.
– Buscamos assim que o respirador proposto possa servir de alternativa a regiões do Brasil e do mundo que não possuam acesso a essa tecnologia por conta do alto custo e baixa disponibilidade atual em função do coronavírus – explica Carlos Rocha, da ARV Viamão, e Rodrigo Barreto, líder tecnico do projeto e professor responsavel pelo centro de pesquisa da QI.
Barreto destaca que o protótipo é um modelo voltado para quadros onde o paciente ainda tem algum movimento no pulmão. O aparelho não é do mesmo porte do utilizado em casos mais graves, onde o órgão entrou em colapso. Ao destacar a importância do equipamento para quadros menos complexos, o desenvolvedor afirma que esse tipo de ferramenta otimiza o tratamento, evitando a evolução da doença e a melhor distribuição dos equipamentos nos hospitais:
— Esse que tentamos reproduzir é um equipamento mais simples, mas tão importante quanto, porque o paciente de um caso médio, que não é grave, que ainda não está na UTI, que ainda mantém os movimentos do pulmão, concorre pelos usos dos equipamentos do hospital e pelos profissionais de saúde.
Todos os passos da montagem, modelos, códigos fontes e demais documentações, foram disponibilizados através de um site próprio (www.respiradordebaixocusto.com.br) para pessoas e entidades que queiram reproduzir ou melhorar a ideia.
COMO AJUDAR
Outras Viradas Tecnológicas virão. Por isso, os organizadores buscam parcerias, seja para a captação de recursos ou fornecimento de resíduos tecnológicos e outros materiais recicláveis a Cooperativa do município.
Interessados em colaborar podem entrar em contato pelo e-mail respiradordebaixocusto@gmail.com. Para dúvidas sobre coleta seletiva, o grupo disponibiliza o telefone 3045-4780.