crise do coronavírus

Brasil, o ’contagioso’; deu no NYT

Passageiros com máscara em área de embarque de aeroporto | Foto FERNANDO FRAZÃO | Agência Brasil

Deu no New York Times.

Só li nesta segunda As Virus Cases Surge, Brazil Starts to Worry Its Neighbors (À medida que surgem casos de vírus, o Brasil começa a preocupar seus vizinhos) nesta segunda. A reportagem é do dia 30 de abril.

Não poderia deixar de compartilhar, mesmo após cinco dias – e 59 mil casos e mais de 2 mil mortes a mais.

O Brasil vai se tornar o pária do mundo. Não será só um ‘contágio’ nas nossas relações humanas com outros países, mas sim uma tragédia econômica. É inevitável que o ‘Selo COVID-19’ vai prejudicar nossas exportações.

O relatório, feito sob encomenda da The Associated Press (AP), foi produzido pelos redatores Almudena Calatrava (Buenos Aires), Michael Weissenstein (Havana), Jorge Rueda (Caracas), Alan Clendenning (Phoenix), Cesar Garcia (Bogotá), Paola Flores (La Paz) e Guillermo Garat (Montevidéu).

Associo-me ao artigo.

Siga traduzido.

 

(…)

O aumento praticamente descontrolado do Brasil dos casos COVID-19 está gerando medo de que trabalhadores da construção civil, caminhoneiros e turistas do maior país da América Latina espalhem a doença para países vizinhos que estão fazendo um trabalho melhor no controle do coronavírus.

O Brasil, um país do tamanho de um continente que compartilha fronteiras com quase todos os outros países da América do Sul, registrou mais de 70.000 casos e mais de 5.000 mortes, segundo dados do governo e uma contagem da Universidade Johns Hopkins – muito mais do que qualquer um de seus vizinhos. Acredita-se que o número real de mortes e infecções seja muito maior devido a testes limitados.

As fronteiras do país permanecem abertas, praticamente não há quarentena ou toque de recolher e o presidente Jair Bolsonaro continua zombando da gravidade da doença.

O país de 211 milhões de pessoas superou a China – onde o vírus começou – no número oficial de mortes por COVID-19 nesta semana, levando Bolsonaro a dizer: “E daí?”

– Sinto muito – disse o presidente de extrema direita a jornalistas – O que você quer que eu faça?

 

No Paraguai, soldados que aplicam medidas antivírus cavaram uma vala rasa ao longo dos primeiros 244 metros da estrada principal que entra na cidade de Pedro Juan Caballero, da cidade vizinha de Punta Porá, para impedir que as pessoas andem ao longo da estrada. estrada do Brasil e desaparecendo na cidade circundante.

O Paraguai tem menos de 250 casos confirmados de coronavírus e suas fronteiras estão fechadas desde 24 de março, com a fiscalização particularmente focada na fronteira amplamente aberta com o Brasil.

As autoridades argentinas dizem estar particularmente preocupadas com o tráfego de caminhões no Brasil, seu principal parceiro comercial. Nas províncias limítrofes do Brasil, a Argentina está trabalhando para estabelecer corredores seguros, onde os motoristas brasileiros podem acessar banheiros, obter alimentos e descarregar produtos sem nunca entrar em contato com os argentinos.

– O Brasil me preocupa muito – disse o presidente argentino Alberto Fernández aos meios de comunicação locais no sábado.

–  Muito tráfego vem de São Paulo, onde a taxa de infecção é extremamente alta, e não me parece que o governo brasileiro o esteja levando com a seriedade necessária. Isso me preocupa muito, para o povo brasileiro e também porque pode ser transportado para a Argentina.

Um dos oito casos conhecidos no estado argentino de Misiones é o de um motorista de caminhão de 61 anos que aparentemente pegou a doença em São Paulo e depois voltou para a Argentina, onde morreu depois de infectar sua esposa. A Argentina tem cerca de 4.000 casos e mais de 200 mortos, segundo o registro da Johns Hopkins.

Até oficiais nos Estados Unidos, que registraram mais de 1 milhão de casos e mais de 60.000 mortes, manifestaram preocupação com o Brasil.

A Flórida, que tem uma grande população de pessoas de origem brasileira, pode enfrentar uma ameaça de viajantes aéreos do Brasil transportando o coronavírus para o estado, disse o governador republicano Ron DeSantis ao presidente Donald Trump em Washington na terça-feira.

– Nós poderíamos estar do outro lado indo bem na Flórida, e então você poderia simplesmente ter pessoas entrando – disse DeSantis.

O governador disse que a proibição de Trump da China ajudou a controlar o vírus no oeste dos EUA. Trump perguntou se isso significava "cortar o Brasil".

DeSantis respondeu que uma possibilidade era “não necessariamente cortá-los”, mas exigir que as companhias aéreas testassem passageiros antes de embarcarem em aviões com destino à Flórida.

As autoridades da Colômbia também estão preocupadas, disse Julián Fernandez Niño, epidemiologista da Universidade Nacional de Bogotá.

 

– Em um mundo globalizado, a resposta a uma pandemia não pode ser uma fronteira fechada – disse ele.

– O Brasil tem grande capacidade científica e econômica, mas claramente sua liderança tem uma posição não científica no combate ao coronavírus.

No Uruguai, o presidente Luis Lacalle Pou disse que a disseminação do vírus no Brasil desencadeou "luzes de advertência" em seu governo e as autoridades estão reforçando o controle de fronteiras em várias cidades fronteiriças.

Trinta trabalhadores recentemente cruzaram do Brasil para a cidade fronteiriça uruguaia de Rio Branco para ajudar a construir uma fábrica de cimento. Quatro foram positivos para o vírus, levando o Uruguai a colocar toda a tripulação em quarentena.

Funcionários de algumas cidades fronteiriças do Uruguai discutiram a criação de “corredores humanitários” por meio dos quais os brasileiros poderiam deixar o país com segurança.

Até a Venezuela socialista, onde o sistema de saúde está em estado de colapso há anos, disse estar preocupada com o Brasil vizinho.

– Ordenei o reforço da fronteira com o Brasil para garantir uma barreira epidemiológica e militar – disse o presidente Nicolás Maduro na televisão estatal na semana passada.

O governo da Bolívia, um aliado de direita de Bolsonaro, se recusou a comentar sobre as medidas antivírus de seu vizinho, mas o ministro da Defesa Fernando López prometeu neste mês reforçar fortemente o fechamento da fronteira.

– Se continuarmos sendo flexíveis na fronteira, nossa quarentena nacional será inútil – afirmou.

 

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