entrevista

Padre que abençoou Bolsonaro é de Gravataí; siga entrevista

Presidente Bolsonaro e Padre Lucas | Foto MARCOS CORRÊA | Presidência da República

É natural de Gravataí o padre que nesta quinta virou notícia nacional – e também alvo do Grande Tribunal das Redes Sociais – ao posar para foto ao lado do presidente da República Jair Bolsonaro, ambos apontando para o céu, nas escadarias da Igreja Nossa Senhora das Dores, localizada em frente ao Comando Militar, em Porto Alegre.

Lucas Matheus Mendes, 34 anos, é filho da Marilu Maria e neto da Luci. Ex-morador do Centro de Gravataí e do Monte Belo, foi aluno da escola municipal Jerônimo Timóteo da Fonseca, antes de seguir sua vocação. Estudou no Seminário Maior de Viamão, formou-se em Teologia e Filosofia na PUC gaúcha e foi formador no Seminário de Gravataí até, há três anos, ser ordenado padre na igreja mais antiga da Capital.

Seus padrinhos de ordenação são o prefeito Marco Alba e a primeira-dama Patrícia Bazotti Alba. O padre Lucas é presença constante em inaugurações de obras, como a duplicação das pontes do Parque dos Anjos, por exemplo.

O encontro aconteceu após o presidente participar da cerimônia de troca da chefia do Comando Militar do Sul (CMS). A ideia da visita surpresa foi do general Geraldo Antonio Miotto, que passava o comando para o general Valério Stumpf Trindade. Religioso, o militar é conhecido do jovem padre de Gravataí. O comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, antigo chefe do CMS, sugeriu a foto na igreja, cuja fachada está adornada pela bandeira do Brasil – procedimento comum em dias de cerimônias no comando.

– As portas da Igreja Católica estão sempre abertas a todos – resume o padre, evitando a politização da bênção que deu ao PR.

O Seguinte: ouviu o padre Lucas nesta sexta sobre o notório encontro, e as polêmicas, inevitáveis por onde passa o ‘mito’. Clique no Twitter feito pelo presidente para assistir parte do encontro e, abaixo, siga a entrevista.

 

 

Seguinte: O que o presidente lhe disse e o que disseste a ele?

Padre Lucas – Foi tudo muito rápido. O general Miotto me apresentou o presidente e, enquanto subíamos as escadas, contei a história da Nossa Senhora das Dores, o templo católico mais antigo da Capital, tombado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional). Ele comentou sobre a imponência, agradeceu por estar vivo e pediu que eu rezasse por ele. Respondi que com certeza rezaria.

 

Seguinte: Esperas tamanha repercussão, positiva e, também, negativa, principalmente nas redes sociais?

Padre Lucas – Não foi nada premeditado, foi uma ação espontânea do general, com a melhor das intenções. No momento nem calculei a repercussão. Entendo que essa polarização de tudo é fruto de empobrecimento intelectual e ideológico. Nem consigo parametrizar, mas me entristece o uso disso para disputa ideológica, que é algo que transcende o acolhimento a um chefe de estado.

 

Seguinte: O senhor não usou máscara e foi cumprimentado pelo presidente com um aperto de mão.

Padre Lucas – Eu estava dentro da igreja. Pelo aparato de segurança, não podia nem sair à calçada. Foi uma situação espontânea, aconteceu. Mas uso máscara diariamente quando dou minha única saída, que é até o mercadinho da esquina. Minha avó faz máscaras para doação em Gravataí. Seguimos todas as orientações da Arquidiocese, antes mesmo do fechamento das igrejas.

 

Seguinte: Blogs e internautas o atacaram por receber o presidente em poucos dias depois do presidente de Confederação Nacional dos Bispos (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo ter criticado Bolsonaro por “falas que desinformam e geram cisões”.

Padre Lucas – É maldade dizer que me insurgi contra orientações da CNBB. Tudo o que buscamos neste momento é unidade. A igreja é acolhedora.

 

Seguinte: – A crítica da CNBB se deu após o pronunciamento em que o presidente disse em rede nacional que a COVID-19 era “uma gripezinha, um resfriadinho”. Para o senhor, é uma ripezinha?

Padre Lucas – Se achasse isso não estaria dentro de casa. Mas esse tom de alguns não é adequado para união que temos que ter em tempos de pandemia. É um diálogo infrutífero.

Seguinte: – Deixe uma mensagem para Gravataí e para seu padrinho, o prefeito Marco Alba.

Padre Lucas – A mensagem que transmito a cidade que mora em meu coração é a que procuro passar a cada celebração, agora online, sempre às 18h pelo Facebook da paróquia, é que essa tempestade um dia passa, não será eterna. E continuaremos aqui. Então, cuidemos uns dos outros, vamos manter as amizades e boas relações, porque teremos muita coisa para reconstruir em um momento de grandes dificuldades financeiras, psicológicas e espirituais. Tenhamos fé e esperança!

 

 

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