A executiva do MDB de Gravataí analisa às 19h desta quarta o impasse na escolha da liderança da bancada na Câmara.
Um pouco de contexto e, ao fim, comento a polêmica que antecipei em O primeiro enfrentamento entre Jones e Marco Alba.
Em 19 de dezembro, dia em que a base do governo confirmou a escolha de Neri Facin (PSDB) como candidato à presidência do legislativo, houve um acordo verbal entre os vereadores do MDB para, com a indicação de Alex Tavares como vice-presidente, Alan Vieira ser o líder da bancada em 2020.
Como as escolhas para a liderança foram feitas assim para os oito anos do governo Marco, Alan comunicou por telefone a presidente do partido Sônia Oliveira, que enviou ofício à Câmara formalizando a indicação.
Dia 23 publiquei o artigo Alan líder da bancada é ’ganhada’ de Marco Alba; ruim para Jones. A chama do logo do MDB virou fogo na Austrália. Nos bastidores, o ex-deputado federal teria começado articulações com Alex Tavares, Clebes Mendes, Nadir Rocha e Paulinho da Farmácia para reverter a decisão já tomada.
Na terça da semana passada, Nadir, ainda líder da bancada, chamou reunião entre os cinco vereadores. As finas divisórias da sala na Câmara não contiveram o volume do bate-boca.
– Quero ficar onde estou – disse Nadir.
– Vamos decidir semana que vem – sugeriu Alan.
Teria havido acerto. Mas nesta quinta, Nadir enviou ofício indicando a permanência como líder da bancada. Alan apelou à direção do partido para reabrir o caso. Foi então convocada a reunião de logo mais.
Atualizo aqui, porque após a publicação deste artigo, Alex Tavares ligou para dizer que não tratou da liderança da bancada com Jones.
– Se outros trataram, não sei. Eu não.
O vereador anuncia o voto em Alan para liderança da bancada.
– Em todas as reuniões manifestei meu voto nele. Era para ele ser o vice-presidente da Câmara e abriu mão para mim. Quando firmo um acordo, cumpro. Não tenho porque esconder.
Analiso.
Uma certeza resta: Nadir não é mais candidato-a-candidato-a-prefeito como se auto-declara. Ou é o maior sabotador da própria campanha dentro do MDB.
Sim, porque como pode um político que almeja ser escolhido prefeiturável dentro do partido, em meio a nomes como Jones, Luiz Zaffalon e Dr. Levi, incendiar o partido em um ano eleitoral apenas para ser o líder da bancada, ainda mais que o escolhido não é um criador de caso e, pelo contrário, caracteriza-se por sempre abrir mão de indicações?
Nadir foi prefeito interino em 2011 e 2017, presidente da Câmara em quatro oportunidades, líder do governo e líder da bancada. Um ‘camerlengo da sé vacante’ cuja fumaça branca soprou por ser ele um tertius gaudens, o escolhido por, na decisão final, ser palatável a contentes e descontentes.
Fosse Alex, Clebes ou Paulinho o indicado para desfazer a palavra dada a Alan, ainda vá lá. Poder-se-ia dizer que o voto com ‘peso dois’ no diretório é o motivo, e até reforçaria a ideia que Nadir teve coragem de externar, de que o candidato à Prefeitura tem que ser alguém do MDB, e publiquei em Nadir não quer Dr. Levi para prefeito; ’somos todos incompetentes no MDB?’.
Mas quando Nadir resigna-se numa função de ‘baixo clero’, que não deixa de ser a liderança da bancada frente a grandeza de disputar a indicação a prefeito, ou não acredita que pode ser escolhido, ou prefere ser um ‘vovô de recados’ de Jones.
Ao fim, se nos próximos dias, após toda polêmica, o líder da bancada for Nadir, e não Alan, será o 1 de Jones, após os 7 do ‘Grande Arquiteto’ da política, nos movimentos que tratei neste fim de semana nos artigos A chapa dos sonhos de Marco Alba; de ’Grande Arquiteto’ a ’Grande Eleitor’ e Marco Alba curte Zaffalon; a preferência no domingo do palíndromo.
Frio e de um pragmatismo implacável, Marco Alba só observa. Se não conhece, pratica como ninguém aquela máxima de Joubert: "em política, sempre é preciso deixar um osso para a oposição roer".