Sem torcida ou secação, gostaria de analisar por outro ângulo o caso dos três fiscais de trânsito de Cachoeirinha investigados pelo Ministério Público por supostamente receber propina de uma empresa de guinchar veículos.
Sobre o que já foi noticiado na RBS TV, em reportagem de Giovani Grizotti, só tenho a desejar o óbvio: provada a corrupção, que sejam demitidos os funcionários e a empresa envolvida no esquema seja processada e proibida de fazer negócios com a Prefeitura.
O que gostaria de comentar é o gozo de tantos com a possibilidade de ‘azuizinhos’ terem envolvimento com corrupção, ‘fenômeno’ que testemunho em minha timeline e em grupos e comunidades no Grande Tribunal das Redes Sociais.
Não só advindo de gente comum, mas de políticos.
– Indústria da multa! – postam muitos.
– Me multaram irregularmente – denuncia um, aguardando recurso, e mente outro, cuja infração pesou no bolso.
Um ex-aliado ‘de cozinha’ do prefeito Miki Breier publica um texto malandro que sugere ligações do governo com corrupção.
Outro que escreve estar chocado por um órgão ligado à Prefeitura estar nas manchetes policiais é um oposicionista de véspera de eleição que, desde 2010, nunca disse um ‘ai’ sobre o empresário do lixo assassinado na cidade.
O petista travestido de ‘Lula Livre’ esquece Glenn Greenwald, o The Intercept e as convicções de Powerpoint da ‘Vaza Jato’ e, adversário do governo local, já condena na zerésima instância.
Nada que me surpreenda, ou que não se espere de muitos que espalham a fake news chamada ‘nova política’ (não existe, o que existe é 'política') na cidade do golpeachment e das CPIs amalucadas.
“O Martinelli é defensor de bandido!”, diz o idiota, em sua obra-prima.
Simplesmente não sou polícia, não sou promotor e nem juiz, porém mais de duas décadas de jornalismo me ensinam a não ser aloprado, a não ser definitivo até aparecerem as provas de que, conforme diz o o promotor Flávio Dutra, os fiscais recebiam cerca de R$ 1,5 mil por mês, dependendo do número de veículos guinchados.
Acredito que corrupção assim se prova com planilhas de propina, escuta telefônica e quebra de sigilo bancário, não apenas por delação. Aí é que meu ceticismo aumenta, já que leio na reportagem (assista clicando aqui) que “a investigação partiu de uma denúncia feita pelo corregedor-geral da Guarda Municipal, que desconfiou quando os fiscais guincharam uma viatura da própria Guarda”.
À época, julho de 2018, analisei o caso no artigo Erro é querer ’jeitinho’ no caso da viatura guinchada e, consequência da repercussão da exótica notícia, dada em primeira mão pelo jornalista Rodrigo Alves, em O Repórter, toda frota do município passou por revisão.
Fato é que não é nada boa a relação entre alguns agentes.
O ex-corregedor da Guarda Francisco Carlos de Oliveira Jr. registrou ocorrência por uma ameaça de morte supostamente feita por um dos fiscais investigados.
Ao fim, aguardemos a conclusão da investigação, preparando-nos para as manchetes desta semana, que mostrarão que o Ano Novo superou as 18,2 mil infrações, a maioria por ultrapassagens proibidas e embriaguez, registradas no Rio Grande do Sul num feriadão de Natal de 18 mortos e 319 feridos em 364 acidentes.
Procuro fontes e envolvidos e voltarei ao assunto.