a poesia do cidade

Cheiro

É meu parça, o cheiro é a inscrição do ato

A marca d’água do assassinato

A habitação do deus homem

Que não salvou ninguém

 

É meu parça, o cheiro que vem do bueiro

É meu, é teu

De quem amamos

De quem odiamos por ser zoeiro

 

É meu parça, o cheiro do pão

O cheiro da massa

Nesse impulso violento de fome

Que eclipsa a comunhão

 

É meu parça, o cheiro de alto primor

Do teu primeiro amor

Que lhe deu a chama que fecunda vida

E na noite revida

 

Com a saudade e o horror

 

É meu parça, o cheiro do cigarro

Que o faz fumar mesmo

Que não o fume

Mas

 

 

De que céu veio a cor do escarro

E quem nos matou de perfume?

 

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