E aos poucos a festa acabou. O calor e a agitação se extinguiram, alguns diálogos descem pelo elevador. A dona da casa tira os sapatos, limpa automaticamente uma mancha de vinho numa mesa. Há uma cumplicidade final entre os que ficaram, criticando os que já foram. E o céu começa a clarear na Paragem Verdes Campos, apagando aos poucos, com a luz forte do dia, restos de uma coisa antiga que se chamava afeto.
Hoje estou milloriano. Parafraseio ‘Fim de festa’ porque lembrei do texto ao ler a entrevista de Evandro Soares, publicada nesta quinta pelo Jornal de Gravataí. Para tirar suas próprias conclusões, você pode ler na íntegra clicando aqui e avançando até a página 4.
Faço minha análise.
Apresentando-se como candidato a prefeito, o vereador sabe que aventura menor é ser vice, já que tem como missão do chefe Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil, concorrer em uma chapa majoritária e não disputar a reeleição à Câmara. E, pelo menos ao ler as respostas, parece que já não trabalha mais com a hipótese ser o vice do candidato do Marco Alba (MDB), do qual faz parte e, como já teria comunicado ao prefeito, sai em 31 de dezembro – caso não seja desembarcado antes.
Na entrevista, em meio a platitudes, colocações da moda tipo “quebrar paradigmas da velha política” e cantilenas infactíveis, presidente após presidente, como “rediscutir o pacto federativo”, Evandro cita Onyx e a proximidade com a Casa Civil por oito vezes. “Marco Alba”, nenhuma. Nem quando o jornalista L. Pimentel o provoca, reportando que faz parte da base parlamentar do atual prefeito.
Evandro insiste na necessidade de alinhamento com o “governo federal”, mas também não nomina “Jair Bolsonaro” nenhuma vez, talvez ensaiando a tendência mundial de distanciamento de ‘O Político do Bolsonaro em Gravataí’.
Se as máquinas como a BetGol 777 pagavam R$ 47 por R$ 1 em Palmeiras e Grêmio, no GravataíBet 2020 é um por um que Evandro deve ser o vice do 'Centrão' de Dimas Costa (PSD). Mesmo que em uma das respostas tenha dito que o DEM cresceu na cidade “pela coerência na oposição aos governos petistas”, ex-partido do amigo.
Ao menos na entrevista, Evandro já parece fora da base do governo Marco.
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