Recomendamos o artigo da jornalista Milly Lacombe, publicado em sua coluna no UOL, sobre a perseguição ao padre Julio Lancellotti
O que dizer da iniciativa do vereador Rubinho Nunes (União-SP), um dos fundadores do MBL, de declarar guerra ao trabalho do padre Julio Lancellotti, que todos os dias levanta da cama para confortar quem tem fome, frio, sede e carece de um lar? O que dizer da câmara municipal que avaliza essa insanidade? O que dizer das pessoas que dão os ombros para os ataques sofridos pelo padre Julio, boa parte deles movida por filiados ao MBL, esse clube de garotos mimados fazendo cosplay de político a serviço da extrema-direita no Brasil e alinhado aos métodos – e ao trabalho pela reeleição – do atual prefeito de São Paulo?
Uma cidade que declara guerra a quem acolhe os vulneráveis não é uma cidade, é um dos círculos do inferno. Um inferno que cria pessoas em situação de rua através da falta de políticas sociais, de oportunidade e da privatização de todas as coisas para em seguida culpá-los pela situação em que vivem e tratá-los como corpos matáveis, descartáveis, pisáveis.
O conjunto de políticas sociais de Ricardo Nunes é, para dizer poucas coisas, horroroso, pavoroso, assombroso, cruel, perverso, intolerável, covarde. Em sua gestão, a Cracolândia aumentou exponencialmente, a segurança piorou no centro, a cidade passou a ser distópica. Tudo na esteira das administrações de João Doria e Bruno Covas, dois prefeitos que, pela graça da existência de Nunes (e de Celso Pita), não ficarão com a medalha de “os dois piores prefeitos da história”
São Paulo está abandonada. As populações carentes são criminalizadas. A sujeira está por todos os lados. O trânsito conseguiu o que parecia impossível: piorou. A segurança e o transporte público idem. E a câmara municipal, incentivada pela ideologia infantil e extremista do MBL, decidiu que o negócio é investigar quem ampara os que foram abandonados, estão sem casa, passam fome e sede. Pra cima do padre, farialimers!
Aos que se dizem cristãos, eu pergunto: se Jesus chegasse hoje em São Paulo ali no terminal rodoviário do Tietê, pegasse sua malinha, o metrô até a Praça da Sé e desse uma voltinha por lá vocês acham que ele escolheria atuar ao lado do padre ou do MBL? Os padres-celebridade se manifestarão a favor do padre Julio ou seguirão usando suas redes sociais para falar de coentro e do Corinthians apenas? A CNBB vai emitir nota? Ficam os questionamentos.