O título até pode sugerir que o assunto seja a fauna dos escritórios e linhas de produção, mas a pauta é outra. Os Empregos do futuro precisam ser muito bem planejados para estarem em acordo com o equilíbrio do planeta.
Funciona assim: a lâmpada acesa em uma peça da nossa casa, onde ninguém permanece, consome mais energia do que necessitamos. De imediato, sentimos no bolso o aumento da conta. Seguindo o fio, chegamos lá na hidrelétrica, que precisa produzir mais energia, para compensar essas horas a mais da lâmpada acesa, para que não falte ao nosso vizinho, que chegará em casa no meio da noite e precisa de luz para chegar ao banheiro. A longo prazo, sentimos a falta da energia por consumo excessivo. Isso ocorre em todo o mundo, então multiplique a situação por 7 bilhões de seres humanos!
Por um lado é bom, afinal, lá na hidrelétrica, será preciso mais operários para a geração de mais energia. E quando a nossa lâmpada queimar, será preciso mais operários na fabricação de lâmpadas.
O problema é que não é caro fabricar lâmpadas, aliás, como qualquer outro produto hoje, é cada vez mais barato produzir e se precisa de menos gente com a mão na máquina. É tão barato produzir que os níveis de produção cresceram astronomicamente nos últimos 15 anos, para satisfazer nossa sanha consumista. Faça uma análise do que você comprava há cinco anos e do que compra hoje! Tantos novos produtos, feitos por muito poucos trabalhadores geram toneladas de lixo, boa parte caindo direto nos rios que (pelo menos no Brasil) geram energia por meio das hidrelétricas. Essa alegoria tão superficial exemplifica um dos nós da rede produção-consumo-descarte, que está desequilibrada e não mostra sinais de estabilização.
Um novo Mundo do Trabalho é necessário e precisará reorganizar seus postos de trabalho, de modo que seja possível empregar pelo menos um integrante de uma família, que poderá produzir (por exemplo, lâmpadas), com um custo baixo e, consequentemente, um preço de mercado acessível e que essa lâmpada seja usada, recolhida e reaproveitada, sem danos ao meio ambiente. Infelizmente ainda não há uma rede operando em escala e, muito menos, cultura e políticas públicas adequadas para essa engenharia reversa (que devolve o produto para sua origem, afim de que ele – se possível integralmente – seja reaproveitado). Toda essa nova lógica dependerá, essencialmente, de políticas eficientes, conscientização do empresariado e envolvimento popular por controle social. Nesse quesito, pelo menos, as tecnologias são grades aliadas.
Consumir menos e com consciência contribui, hoje, para um menor uso de recursos naturais e por uma nova postura diante de um mercado insaciável. Isso vale para a energia elétrica e para o suculento bife do almoço, afinal, para se produzir 1Kg de carne bovina são necessários 16 mil litros de água (informe-se mais sobre Pegada Ecológica, vale a pena).