O ministro extraordinário do Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta (PT), e o secretário nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolf, reuniram com entidades empresariais e moradores de Cachoeirinha, nesta sexta-feira, em agenda informada minutos antes à imprensa.
O ministro, que informou que o governo federal já disponibilizou R$ 232 milhões para o município, cobrou apresentação de “um plano de ação para manutenção das bombas e outras ações imediatas” pelo prefeito Cristian Wasem (MDB), que não foi convidado para as reuniões.
Reproduzo material enviado pela assessoria e, abaixo, sigo.
“(…)
Nesta sexta-feira, dia 5 de julho, o Ministro Paulo Pimenta, do Ministério de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, o Secretário Nacional da Defesa Civil, Wolnei Wolf, e a deputada estadual Laura Sito cumpriram agenda em Cachoeirinha, a segunda desde o mês de maio, pós-enchentes que atingiram mais de 25 mil pessoas na cidade. Com articulação do vereador David Almansa, a comitiva do Governo Federal reuniu, no início da tarde, no Centro das Indústrias de Cachoeirinha (CIC), entidades empresariais CIC, ACC e Sindilojas, além de demais empresários, para escutar sobre as perdas e dificuldades enfrentadas pós-enchentes de maio, que afetaram Cachoeirinha e todo o Estado.
O Ministro Pimenta informou sobre os mais de R$ 232 milhões já recebidos pela cidade, por antecipação de benefícios, recursos diretos aos cidadãos, financiamentos entre outras ações.
Além disso, reforçou a necessidade da inclusão do município em uma ação ampla de proteção às cidades da região e se colocou a disposição para articular uma reunião de trabalho.
Antes desta agenda, a comitiva reuniu com membros do Comitê Gestor da bacia do Rio Gravataí, do Coletivo Mato do Júlio e do Movimento Pró-Dique formado por moradores dos bairros atingidos pelos alagamentos.
O Movimento Pró-Dique fez a entrega de uma carta que reivindica ações urgentes dos governos estadual e federal, especialmente, do governo municipal, que não tem dialogado com a população. Além disso, a aplicação dos recursos em recursos e ações que evitem novos alagamentos, com obras de prevenção, além de questões relacionadas aos imóveis visto que já foram liberados mais de 232 milhões de reais para os cofres públicos de Cachoeirinha.
“É papel do governo municipal apresentar um plano de ação para manutenção das bombas e outras ações imediatas. Nós temos o recurso mas a prefeitura não solicitou”, concluiu o ministro.
(…)
Sigo eu.
O governo Cristian manifestou descontentamento com a agenda por meio do chefe da Defesa Civil, Vanderlei Marcos, que é um ‘pitbull’ do prefeito, assim como descrevi também o era no governo Miki Breier. Assista ao vídeo clicando aqui.
Ao Seguinte:, considerando “um desrespeito usarem estrutura oficial para evento sem convidar o prefeito de um município”, Vanderlei classificou a reunião como “política”, observando a presença de dois candidatos a prefeito pelo PT, Almansa, de Cachoeirinha, e de Gravataí, Daniel Bordignon (na foto do story abaixo).
Fato é que os políticos não se entendem no pós-enchente em Cachoeirinha. Alertei na semana passada para os danos que não só os munícipes, mas os políticos, arriscam ter com o ‘eles contra eles’, em Ampliação do dique, velhas e nova casas de bombas e desassoreamento do Rio Gravataí: os projetos de Cristian no pós-enchente; As nádegas na cadeira.
Escrevi – e vale também como conclusão para o episódio de hoje, que já repercute no Grande Tribunal das Redes Sociais:
(…) Cristian buscou apoio no vice-governador e no prefeito de Porto Alegre, ambos de seu partido o MDB. Sem nem adentrar no fato de que Sebastião Melo não parece o socorro adequado para se tratar sobre casas de bombas, entendo o prefeito deva ir também até o secretário nacional da Reconstrução do RS, Paulo Pimenta (PT).
Mesmo seja o padrinho político de seu adversário na eleição, o vereador David Almansa (PT), é preciso, além de furar a bolha de seus partidários, fechar o ciclo de apelos, despolitizar, institucionalizar as pautas. Até para trazer também o governo federal para responsabilidade com Cachoeirinha.
Na sessão de ontem, Almansa se prontificou a ligar para Pimenta para agendar reunião com uma comitiva do governo e parlamentares.
Não julgo necessário. Cristian é prefeito de um município que tem o 16º PIB gaúcho e, na catástrofe de maio, teve mais de 25 mil pessoas atingidas. É só pegar o telefone e o ministro tem a obrigação de recebê-lo o mais rápido possível.
Mas é preciso apresentar projetos. E o que se tem até agora, salvo melhor juízo, resta bastante preliminar, com a justificativa de que se aguarda estudo sobre as novas cotas de inundação decorrentes das inundações de maio. Não há estimativa mínima de investimentos necessários.
Ao fim, a água está batendo no pescoço dos políticos. Cristian e Almansa já foram xingados na sexta, na TV e ao vivo. Ontem, a pressão chegou aos vereadores.
Concluo da mesma forma que sábado em Cachoeirinha retira alerta de evacuação preventiva: a água bateu no pescoço dos políticos; Os xingados, os vaiados e o insustentável ‘povo pelo povo’ – artigo o qual, para quem não entendeu, não é uma crítica personalizada no prefeito.
Escrevi:
(…) Pesquisas feitas por governos e candidatos tem mostrado o mau-humor do eleitorado gaúcho no pós-enchente.
Afogados em suas campanhas eleitorais permanentes e incapazes de sentar juntos à mesa, ou mesmo de se cumprimentarem, governo e oposição, municipal, estadual e federal, alimentam as narrativas de que o culpado é o outro, enquanto não conseguem demonstrar para a população onde está indo o dinheiro para o pós-enchente e menos ainda entregar a tranqüilidade de que tem projetos possíveis para mitigar catástrofes futuras.
Resta entre os inundados, invariavelmente ‘os pobres de sempre’, e, em Cachoeirinha, alguns remediados, além daqueles que só sentem a água pelos teclados dos celulares, a percepção de que os políticos não estão fazendo nada.
É o tal “povo pelo povo”.
Nada contra, tudo a favor do voluntariado. Mas o “povo pelo povo” é uma ideia insustentável, ao menos no prazo necessário para que se enfrente a crise climática com soluções e não apenas socorros emergenciais a cada chuva.
É preciso governo, não se iludam. Impostos são pagos para isso. O povo precisa trabalhar, viver e não salvar incompetências (…).