game of thrones gravataí

A foice, o martelo, Bordignon e Anabel

Neio é o alto comissário comunista articulando na aldeia

ATUALIZADA ÀS 19H40: PCdoB aprovou neste sábado apoio a Daniel Bordignon e sonha em atrair também Anabel Lorenzi (PSB) e o PT para ‘frente antigolpe’ em Gravataí

 

Neio Lúcio Pereira atendeu ao SEGUINTE: na manhã desta sexta-feira, enquanto limpava as gavetas da sala que ocupa há um ano e quatro meses no Grupo Hospitalar Conceição. 

Até o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), na manhã de quinta-feira, o médico sanitarista formado em 1981 pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, comandava a gerência de serviços comunitários – uma das 22 da verdadeira potência ligada ao Ministério da Saúde, que com um orçamento anual de R$ 1 bilhão (o terceiro maior na área de saúde do Rio Grande do Sul, atrás apenas das secretarias estadual e municipal de Porto Alegre) e, com um quadro de 8 mil funcionários, uma oferta de 1.535 leitos, e a internação de 59,8 mil pessoas por ano, forma a maior rede pública de hospitais do Sul do país, com atendimento exclusivo ao SUS nos hospitais Conceição, Criança, Cristo Redentor, Fêmina e outros 12 postos de saúde comunitária.

Alto comissário na hierarquia do PCdoB gaúcho e, ex-vereador por dois mandatos (1996-2004), sempre o principal articulador do partido em Gravataí, Néio tinha como tarefa aproximar os comunistas de Daniel Bordignon (PDT), de quem foi secretário na saúde, e ajudar na construção de uma ‘frente antigolpe’ na aldeia. 

A missão foi cumprida neste sábado, quando em encontro no Itacolomi os comunistas aprovaram o apoio à candidatura de Daniel Bordignon (PDT) à Prefeitura, colocando Marlei Ventura na lista de possíveis vices – onde hoje estão o vereador Alex Peixe e o advogado Cláudio Ávila, ambos do PDT. Ela é professora aposentada da rede estadual, integrante do conselho geral do Cpers, foi chefe de gabinete de Daniel Bordignon e dirigiu os recursos humanos da 28ª Coordenadoria Regional de Educação. É da Morada do Vale, onde foi diretora do Ciep.

– Queremos formar uma frente antigolpe. Anabel já se manifestou publicamente contra o impeachment.

– Mas o PCdoB entende que, no momento, Bordignon é o nome que reúne melhores condições para a esquerda chegar à Prefeitura – explica o ex-secretário do Meio Ambiente do governo Tarso Genro (PT), que em maio de 2013 teve em Bordignon, deputado estadual, o apoio à indicação de seu nome quando o governador queria mexer na área ambiental após denúncias da Operação Concutare, da Polícia Federal.

 

: Neio com o governador Tarso Genro na posse como secretário estadual do Meio Ambiente

 

Bordignon e Anabel juntos

 

Néio conta que, há cerca de dois meses, já conversou com Anabel, e vai buscar um novo contato, mesmo sabendo da irritação da ex-vereadora sempre que confrontada com a possibilidade de abrir mão de ser a protagonista numa chapa majoritária.

– Se teremos sucesso, não sei, mas vivemos um momento único no país, onde precisamos aglutinar as forças que condenam esse ataque à democracia e à soberania nacional – alerta, enquanto compartilha no Facebook publicação do Twitter oficial do Wikileaks revelando que o presidente interino do Brasil, Michel Temer (PMDB), foi informante da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil em 2006.

– Em Gravataí, com Bordignon e Anabel juntos, não tenho dúvidas de que voltaríamos a ter as forças populares no governo. O prefeito Marco Alba (PMDB) se apresentou como o novo, mas não conseguiu responder às necessidades da cidade – avalia Neio.

 

: PCdoB acertou apoio a Bordignon em reunião neste sábado no Itacolomi e indicou Marli a vice

 

A perda da vereadora

 

Com a perda vereadora Maribel Wagner, que foi para a Rede, o PCdoB deve buscar uma coligação e concorrer com poucos candidatos à Câmara. Hoje, o nome mais forte do partido é o de Ivonete Figueiredo, presidente do sindicato dos trabalhadores em saúde.

Néio considera “traição” a saída de Maribel.

– Numa noite estávamos conversando com oito pequenos partidos para fazer uma composição que praticamente garantiria a ela a reeleição. Na manhã seguinte, a vereador avisou que estava de saída – conta.

– Todo mundo sabe que o prefeito agiu e ela não quis perder a meia dúzia de empreguinhos que tem na Prefeitura – critica.

Para Néio, se o “movimento equivocado” fez o PCdoB perder a cadeira na Câmara, também inviabilizou a reeleição de Maribel.

– Está fadada ao insucesso. Hoje é uma refém do prefeito, depende dele para arrumar uma coligação para ela. Para onde foi, não há saída.

– Para nós até foi bom, porque velhos militantes se reaproximaram. O partido estava restrito ao gabinete dela – resigna-se.

Neio desmente que tenha transferido de volta seu título eleitoral para Gravataí. O registro ficou em Porto Alegre, onde com 2.698 votos ele viu frustrada a tentativa de chegar à Câmara dos Vereadores em 2012.

– Não sou candidato a nada além de ajudar a unir as esquerdas – resume o homem de 61 anos que estará longe das urnas, mas perto dos bastidores, nas eleições de outubro.

 

: Neio com a vereadora Maribel Wagner, em audiência na Câmara de Gravataí

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