O prefeito Luiz Zaffalon (MDB) apresenta nesta sexta-feira na South Summit Brasil a Gravataí que, conforme artigo de Cezar Augusto Gehm Filho, CEO da PipeRun, publicado nesta segunda-feira no Jornal do Comércio, é exemplo em inovação e tecnologia no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e até São Paulo.
– É surpreendente o que uma cidade gaúcha vem fazendo: Gravataí. Já tive a oportunidade de conhecer de perto alguns ecossistemas no exterior, como no Canadá e em Portugal, e no próprio Brasil, incluindo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. E o município da Região Metropolitana de Porto Alegre tem feito um trabalho exemplar. No ambiente regulatório, já estão na frente – constatou o CEO, no artigo que reproduzo na íntegra mais abaixo.
O prefeito falou ao Seguinte: na tarde desta quinta-feira sobre o que vai apresentar a partir das 11h no Palco Demo, no pavilhão Marketplace, do evento do ecossistema de inovação que está reunindo milhares de pessoas no Cais Mauá, em Porto Alegre. A Prefeitura transmite em sua página no Facebook.
– É um esforço que estamos fazendo desde o primeiro dia de governo: tornar a cidade apta a receber empreendedores. Seguramente temos a legislação mais moderna em relação a inovação, já aprovada pela Câmara de Vereadores. Um exemplo é o 5G. Estamos prontos a receber, coisa que capitais ainda não estão – compara, citando o trabalho desenvolvido por Selma Fraga na secretaria que criou em seu governo, de Inovação e Tecnologia, e que já mostra resultados ao atrair startups de outros municípios e estados, em programa que tem como mentora desde o ano passado Suzana Kakuta, CEO da Tecnosinos.
Zaffa aponta como um símbolo o parque tecnológico do PradoTech, já com a primeira fase instalada no condomínio Prado Bairro Cidade, negociação de R$ 200 milhões iniciada ainda no governo Marco Alba, e no qual conseguiu a garantia, em abril, de Gravataí integrar os beneficiados com um fundo de investimento de R$ 20 milhões.
– Vou acrescentar ao meu discurso de sempre, de ‘vender’ a cidade e sua logística privilegiada, como melhor lugar para morar e investir, o fato de termos indústrias de ponta da tecnologia, como a TDK e a Digicon – diz, lembrando também os investimento em educação e formação para o “mundo digital, do 5G, da internet das coisas, do metaverso, da inteligência artificial e da indústria 4.0”.
O prefeito lista mais de R$ 30 milhões em investimentos em lousas digitais nas escolas, notebooks para professores, formação para servidores e também para os 29 mil alunos da rede pública municipal em cursos como de robótica e linguagens digitais para trabalhar neste mercado nem do futuro, mas já do presente:
– Ainda vem mais coisa: quero criar em todas as escolas laboratórios de robótica e linguagem. Temos que preparar nossa gente para não ter que importar mão de obra. É um outro mundo. Hoje que perde o trem da história, não domina a tecnologia, tem muita dificuldade de conseguir emprego.
Ao fim, acerta Zaffa. É bom que o poder público chame essa responsabilidade. Não é elitismo falar sobre a ‘Era Digital’, que vem lá da ‘Primeira Revolução Industrial’ no final do século 20. É a vida real. ‘Metaverso’ é achar que o futuro da juventude da periferia é trabalhar na linha de montagem da GM ou da Pirelli. Infelizmente, só se com chefes robôs.
Muitos acham errado falar em tecnologia e inovação, quando ainda há gente esperando atendimento numa UPA, ou ventilador estragado em escola. Mas, se os pobres não tiverem acesso a essas linguagens, tornam-se ‘excluídos digitais’ e incluídos no desemprego e, pior, no desalento sem perspectivas.
Professora de escola pública da zona rural de Gravataí me contou nesta semana que promoveu uma ‘feita das profissões’ e as atividades mais desejadas pelos alunos tinham relação com a tecnologia e comunicação, como programador de software e games, youtuber e digital influencer.
Seja tudo isso bom ou ruim, lembrou-me o velho Belchior, em ‘Como Nosso Pais’:
Mas é você que ama o passado
E que não vê
É você
É você que ama o passado
E que não vê
Que o novo, o novo sempre vem
O ARTIGO
Siga o artigo "Inovação tem lugar", de Cezar Augusto Gehm Filho, CEO da PipeRun, publicado nesta segunda-feira no Jornal do Comércio.
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Inovação tem lugar na natureza, os seres precisam de um ecossistema para crescer e sobreviver. Nós, humanos, tentamos replicar esse modelo, criando outros ecossistemas – de inovação, empreendedorismo, varejo, imobiliário, industrial, social e tantos outros. Essa não é uma tarefa simples. Pelo contrário: exige esforço, tempo, pessoas, ideias, construção compartilhada. Também, demanda uma ampla rede de apoio, de governos a empreendedores e organizações, alinhando o interesse de todos. Precisa, ainda, de capital intensivo.
Por tudo isso, é surpreendente o que uma cidade gaúcha vem fazendo: Gravataí. Já tive a oportunidade de conhecer de perto alguns ecossistemas no exterior, como no Canadá e em Portugal, e no próprio Brasil, incluindo Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. E o município da Região Metropolitana de Porto Alegre tem feito um trabalho exemplar.
No ambiente regulatório, já estão na frente. São várias as ações: criaram a Lei da Inovação, Sandbox (flexibilização para testar modelos de negócios inovadores que ainda não possuem enquadramento), Marco Regulatório das Startups, Conselho de Inovação, Fundo de Inovação e Tecnologia e Governo Digital. Também há iniciativas em tecnologia 5G e a Usina de Talentos, capacitando jovens e adultos para o futuro do trabalho.
Somado a isso, o estímulo ao empreendedorismo de alto impacto está ativo através de projetos como Woman In (voltado a mulheres inovadoras) e a incubação e a aceleração de empresas com base tecnológica. Além disso, um novo ambiente – chamado de Casa das Startups – será sediado em um condomínio de alto padrão que é pioneiro no conceito do Novo Urbanismo. Mais para frente, será consolidado o Parque Tecnológico PradoTech, que envolve iniciativa privada, Parque Tecnológico Unitec da Unisinos, Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia e Associação Gaúcha de TI do Vale do Gravataí.
Pelo mundo afora, os exemplos bem-sucedidos mostram que inovação é muito mais sobre pessoas do que processos. E faz toda a diferença quando empreendedores encontram um locus apropriado para transformar seus planos em produtos e serviços concretos. Com velocidade e atendendo às necessidades reais da população.
Muitas vezes, olhamos para longe em busca de inspirações a serem seguidas. Mas, hoje, temos aqui, perto de nós, uma cidade que está acertando o rumo e servindo de exemplo na construção de um ecossistema. Gravataí está de parabéns.
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