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A história da Irmã Jane, sobrenome Dom Feliciano

Natural de Barra do Ribeiro, a Irmã Jane Segaspini - do Imaculado Coração de Maria - está na função de diretora do Colégio Dom Feliciano há mais de 20 anos.

Ela é natural de Barra do Ribeiro “desde” 1966, é a única mulher entre os quatro filhos de um casal de ítalos-espanhóis e a única da família que optou por seguir a vida religiosa. É a Irmã Jane, que poderia ter no seu registro de nascimento o nome de Jane Terezinha Segaspini ‘Dom Feliciano’. Sem exageros, tal a dedicação dela para com o colégio em que ingressou em 1988, ainda como noviça, para lecionar Ensino Religioso.

Toda a trajetória profissional da Irmã Jane, como ela é conhecidíssima nos quatro cantos de Gravataí, está dentro das paredes do tradicional Colégio Dom Feliciano, aquele que tem um “viaduto” sobre a avenida José Loureiro da Silva, unindo os prédios que ficam nas duas esquinas com a rua Cônego Pedro Vagner.

Graduada em Psicologia, Filosofia e Teologia Pastoral, ela é pós-graduada em Administração Escolar. Aliás, é a diretora do “Donfa”, como o colégio é carinhosamente chamado pela comunidade escolar e pela população em geral, desde 1998, há mais de 21 anos. Tem sob sua tutela cerca de 130 professores e funcionários e aproximadamente 1.900 alunos.

Na vida religiosa é integrante da ordem das Irmãs do Imaculado Coração de Maria (ICM), mantenedora do Dom Feliciano e mais 15 instituições de ensino pelo Brasil afora, 11 delas espalhadas por cidades do Rio Grande do Sul. A opção pela ordem do ICM se deu tão logo decidiu-se pela vida religiosa, nos 15 para os 16 anos de idade.

— O que me levou à congregação do Imaculado Coração de Maria é que as Irmãs não usavam hábito, as vestes religiosas tradicionais — contou na conversa que teve nesta semana com o Seguinte:.

Ela teve a oportunidade, inclusive, de ingressar em uma outra ordem religiosa, ainda em Barra do Ribeiro, na qual estudavam seus irmãos. Não o fez justamente pela exigência que havia para que os irmãos e irmãs usassem o hábito, que são aquelas roupas que os destacam em meio à comunidade.

E garante, não foi um ato de rebeldia!

— Não se trata de rebeldia, mas uma visão diferente daquilo que a vida religiosa na realidade é, independente do estigma do hábito. O ser religioso está dentro da gente, independe da roupa que usamos — assegura.

 

As renúncias

 

Irmã Jane, de trás de sua mesa em uma bem decorada sala de onde administra o Dom Feliciano, afirma de modo categórico que seguir a vida religiosa não é um sacrifício, e que não há dificuldade em manter-se na religiosidade. Faz um adendo, entretanto: “é para quem tem vocação!”.

Ela lembra que ao se tornar um religioso ou religiosa, padre ou freira, a pessoa é levada a fazer uma série de renúncias. Entre elas está, por exemplo, a questão econômico-financeira. No caso dela, explica que não tem dinheiro próprio, mas administra o dinheiro da instituição-colégio e, por isso, presta conta à congregação.

Mas para chegar à vida religiosa, Jane Terezinha Segaspini enfrentou a própria família. O objetivo foi considerado uma “maluquice”, tanto que um dos irmãos, mais radical, ficou por um bom tempo sem falar com ela, justamente por não aceitar que a irmã se tornasse, de fato, uma Irmã.

 

Um ano fora

 

Os votos religiosos (pobreza, castidade e obediência) foram professados por Jane Segaspini no noviciado que havia na vila Lourdes, em Gravataí. Ela estudou no local por dois anos e em determinado momento optou por deixar a instituição religiosa. Ficou um ano fora, residindo na casa de um irmão em Porto Alegre, onde trabalhou na editora Edições Paulinas.

— Meus irmãos ficaram indignados. Tu sai das Irmãs e vai trabalhar com as Irmãs?, disseram. Eu até tentei um pouco fugir da vida religiosa, mas o que me fazia e faz feliz mesmo é estar neste meio da religiosidade, viver na congregação — revela.

O aspirantado, estudos que são obrigatórios logo após professar os votos, foi cumprido pela Irmã Jane já no Colégio Dom Feliciano. Por um ano ela cursou postulado na cidade de Santa Maria e, depois, o noviciado novamente no “Donfa”, daí já trabalhando como professora de Ensino Religioso.

 

A inspiração

 

A inclinação por seguir a vida religiosa manifestou-se em Jane Segaspini quando criança, quando ela cursava o Ensino Fundamental. Ela tinha como professoras, entre outras, em uma escola da rede Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (Cnec), duas Irmãs da Congregação do Imaculado Coração de Maria.

— Eu achava o máximo a forma como elas se portavam, o estilo de vida que mantinham. Isso me atraiu muito e acho que ali é que resolvi assumir a vida religiosa.

Hoje, extremamente identificada com a função de diretora da escola à qual está ligada desde os anos 80, Irmã Jane garante que não vê nenhum problema quando as pessoas a vinculam como pessoa à instituição Dom Feliciano. Ela é categórica ao afirmar que não existem dificuldades nesta relação que a comunidade faz.

— A minha vida é o Dom Feliciano. Não me traz nenhum problema porque eu vivo Dom Feliciano 14 horas por dia. O resto eu durmo! — diverte-se.

Mesmo assim encontra brechas na agenda apertada para dedicar-se à comunidade e à Congregação ICM, da qual faz parte do Conselho de Gestão como membro do Comitê de Finanças e Patrimônio. Isso a leva com frequência até Porto Alegre para as muitas reuniões que são realizadas durante o mês, na sede das Irmãs do ICM.

 

Confira o vídeo do bate-papo da Irmã Jane Segaspini com a reportagem do Seguinte:. Clique na imagem abaixo e, depois, siga na matéria.

 

O dedo da Irmã

 

Seguinte: – O que, dentro do Dom Feliciano, tem o dedo da Irmão Jane, que as pessoas olham e já identificam como sendo algo decidido pela senhora?

Irmã Jane – Para ser sincera, eu ponho o dedo em tudo. Mas não é um dedo centralizador. Eu procuro ter o controle do todo, mas delego muito.

 

Seguinte: – Dá muito trabalho ser diretora da escola Dom Feliciano?

Irmã Jane – Dá dor de cabeça como qualquer instituição. Mas como sou apaixonada por isso aqui, eu amo o que faço e isso é uma verdade, tenho meus métodos. Um problema maior exige tempo, ou um pouco mais de tempo. Então, se surge algo que exige mais, se eu puder vou dormir para amanhã tomar uma posição e agir com mais tranquilidade. A gestão é algo pelo qual sou apaixonada. Eu gosto desta função.

 

A Irmã tecnológica

 

Seguinte: – Em uma época em que a tecnologia é cada vez mais presente no nosso cotidiano, a senhora é uma pessoa que lida bem com a tecnologia?

Irmã Jane – Sou muito ligada à tecnologia. Eu saio do colégio mas tenho no meu telefone o controle de tudo. Todos os arquivos estão no meu telefone, inclusive os financeiros. Me comunico muito pelos aplicativos e sistemas tecnológicos disponíveis. O meu trabalho é facilitado em muito porque mesmo não estando no colégio, virtualmente me encontro presente.

Seguinte: – A tecnologia, de uma forma geral, está fazendo bem ou mal para as pessoas?

Irmã Jane – Depende de cada pessoa. No meu caso, me ajuda muito. Mas vejo por outro lado que as pessoas se expõem demais, principalmente nas redes sociais, e isso eu acho que não ajuda, não é positivo à vida das pessoas.

 

A Irmã vaidosa

 

Seguinte: – A irmã Jane é uma pessoa vaidosa?

Irmã Jane – Acho que sim, sou!

Seguinte: – E isso não é pecado?

Irmã Jane – Não, não é. Jesus merece ter pessoas bonitas e bem vestidas ao seu lado. A vaidade é ruim quando se sobrepõe aos objetivos de vida, quando se fica longas horas por exemplo se preocupando com a aparência, ao invés da essência.

 

A FRASE

 

— O maior problema da juventude, atualmente, que acaba empurrando para problemas como as drogas, é o vazio existencial. O jovem se questiona: Para quê mesmo eu existo? E sobre este aspecto nós, enquanto congregação e colégio, nos preocupamos muito com isso.

 

Irmã Jane Segaspini
Diretora do Colégio Dom Feliciano

 

O que ela diz

 

Livro de cabeceira

— Leio a Bíblia todos os dias, mas não é exatamente o meu livro de cabeceira porque, este, julgo que deve ser algo que mexe mais com o intelectual, ao invés do espiritual.

 

Prato preferido

— Churrasco, com certeza. Adoro. De picanha, então…

 

Oração de todos os dias

— A oração que rezo todos os dias é a oração à Bárbara Maix, que é a fundadora da nossa congregação. Como Irmão do Imaculado Coração de Maria a gente tem por praxe todos os dias rezar esta oração, além daquelas que as pessoas rezam, é claro.

 

Irmã também vai à missa

— Claro que vamos, como não ir? Geralmente vou uma ou duas vezes por semana, em algumas épocas com mais frequência. Geralmente em Porto Alegre por causa dos muitos encontros e reuniões que temos lá, mas também vou à missa aqui na Nossa Senhora dos Anjos, com certeza.

 

 

 

 

 

 

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