Perguntam-me o que achei de Bolsonaro no Jornal Nacional. Analiso.
Renata Vasconcellos foi bem, William Bonner foi mal, mas é a linha editorial da Globo a responsável por ganharem o ‘beijo do vampiro’ do ‘mito’; que ‘saiu vivo’ do JN.
Esse modelo dos entrevistadores tentarem destruir o entrevistado é uma herança ruim do lavajatismo; faz mal para a política, chocou o ovo da serpente, só serve para, entre caras e bocas, produzir, além de audiência, memes, cliques, powertpoints e hinos de torcida.
Inegável é, reconheço, ser difícil entrevistar mitômanos; aí o habeas corpus para os globais.
Mas o principal, na entrevista na qual, conforme levantamento do conservador Estadão, Bolsonaro cometeu uma fake news a cada três minutos, reputo os experientes âncoras permitirem ser travestidos por um político de carreira em tchuchucas da tragédia econômica brasileira.
É chocante desmascarar que Bolsonaro imitou gente com falta de ar num país que passa de meio milhão de mortos. Mas a mentira sobre a economia sufoca o futuro.
– Os números da economia são fantásticos! – disse o presidente da República de turno.
Associo-me a Eduardo Moreira, que considero o economista número 1 do Brasil, para contrapor essa que foi, na ‘ideologia dos números’, talvez, a maior mentira espalhada em rede nacional na história do Brasil.
O Brasil tem a maior inflação do mundo: 10% ao ano.
O Brasil, segundo maior produtor de alimentos do mundo, não usou essa condição para amortecer a carestia no durante e pós-pandemia.
O Brasil, grande produtor petróleo, testemunha seu governo agir apenas às vésperas da eleição para segurar os preços dos combustíveis abrindo um rombo nos estados e municípios.
O Brasil tem 30 milhões de famintos.
Dos CNPJ abertos, mais de 90% ‘empresas’ são de uma só pessoa; um truque para que esses pequenos – 50% com renda de 1 (UM) salário mínimo – não tenham mais direitos da CLT.
São mais de 10 milhões empregados, fora os informais e desalentados.
O Brasil tem a maior taxa de juro real do mundo, 13,75%.
O crédito ao consumidor passa dos 1000% ao ano nos bancos.
Ao fim, é a ‘ideologia dos números’.
O presidente do Brasil é um homem de verdades múltiplas.
Recomendo o desnude das outras mentiras na apuração da agência de checagem Aos Fatos, em Checamos a entrevista de Bolsonaro ao Jornal Nacional.