contas públicas

A milionária dívida do RS com saúde de Gravataí

Santa Casa assumiu administração do hospital Dom João Becker em julho do ano passado

Gravataí reduziu o endividamento de 56% da receita em 2012 para apenas 4,5% em 2018, mas mesmo assim as contas fecharam com déficit próximo a R$ 15 milhões, conforme calculou o prefeito Marco Alba (MDB) em sua última entrevista.

Ué, mas as contas não estavam em dia?, pode-se perguntar o leitor mais apressado. O balanço da receita e despesa de Gravataí, sim. Não se gastou mais do que era orçado. Mas os repasses do governo estadual, não. Só com a saúde a dívida chega a R$ 24 milhões, de uma conta de mais de R$ 300 milhões que ficou espetada nos municípios gaúchos.

Para se ter uma idéia, todo contrato com o Dom João Becker, único hospital que atende pelo SUS em Gravataí, custa anualmente R$ 30 milhões para a Prefeitura. E, a partir da negociação para assumir a Santa Casa, o prefeito garantiu R$ 10 milhões a mais.

 

LEIA TAMBÉM

OPINIÃO | Marco Alba fez bem em bancar a Santa Casa

 

É a falta de repasses em dia que fez com que Gravataí liderasse o ranking das cidades gaúchas com mais gente aguardando na fila por cirurgias eletivas pelo SUS – aquelas pelas quais o paciente passa por uma avaliação médica na rede de saúde e indica a necessidade da intervenção.

São cerca de 7 mil na espera, quase quatro vezes mais que Porto Alegre. Os números assustam por representar que, na média, um a cada 37 habitantes esperam por uma cirurgia, enquanto na capital essa proporção é de um a cada 770. Na relação com municípios do interior de mesmo porte, Santa Maria, com 278.445 moradores, pouco mais do que os 275.146 de Gravataí, registra fila de 899 pacientes, por exemplo. Os números de Gravataí superam sete dos 16 estados brasileiros que forneceram números para a pesquisa inédita feita pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) com base na Lei de Acesso à Informação.

 

LEIA TAMBÉM

Dívida de Gravataí teve redução monstruosa

 

Ao fim, as contas fecharam com um déficit administrável, frente a uma receita de R$ 700 milhões. Mas, se pouco mais da metade dos repasses tivessem chegado à prefeitura, Gravataí iniciaria 2019 no azul. E se estivessem em dia, quase R$ 10 milhões poderiam ter sido usados em investimentos.

Da mesma forma que não funcionou o alinhamento das estrelas, quando o PT governava o Brasil, o RS e Gravataí, não esquentou o alinhamento da chama do MDB nos governos federal, estadual e municipal. Na maioria das vezes, é matemática pura: falta dinheiro. Nada a ver com a impalpável ‘vontade política’ e sua distância entre a língua e o bolso.

 

LEIA TAMBÉM

Entrevista com Marco Alba; governo, 2020, Patrícia, Leite, Bolsonaro e a vida pessoal

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade