A pior semana da COVID-19 encerra de forma trágica. Cachoeirinha registrou a primeira morte pelo novo coronavírus. A paciente, de 67 anos, esteve internada no Hospital de Clínicas por neoplasia, apresentou síndrome respiratória aguda grave e testou positivo para SARS-CoV-2.
– Nossos sentimentos à família – dedicou o prefeito Miki Breier, em live na manhã desta segunda, que você assiste clicando aqui.
O Seguinte: só identifica vítimas com autorização da família, o que não aconteceu até o momento.
O total de infectados já chega a 147, com 94 recuperados. O hospital de campanha tem hoje um caso grave, de paciente usando respirador, entubado em UTI. A incidência por 100 mil habitantes, 79.4, já ultrapassou o epicentro, Porto Alegre, 50.3.
Os primeiros sete dias de junho já registraram 47 casos, mais da metade de todos as confirmações de maio – que já tinha sido o pior mês da doença, como tratei em artigos como 100 infectados em Cachoeirinha são potenciais 20 mil; o maio do contágio e Cachoeirinha supera Porto Alegre em incidência da COVID; um dia de 23 confirmações.
O crescimento é exponencial – como em toda região metropolitana. Cachoeirinha chegou aos 100 casos na segunda, 1º. Entre março e abril havia apenas 18 infectados. Em maio, mês da reabertura das atividades econômicas, foram 82.
O Mapa Brasileiro da COVID-19 mostra que o índice de isolamento social no Rio Grande do Sul circunda os 40%. No fim de março, quando a pandemia começava a se expandir pelo país, o índice chegava a quase 60%.
Aplicando os dados em Cachoeirinha, até março 78 mil dos 130 mil habitantes estavam em casa, e 52 mil nas ruas. A proporção simplesmente se inverteu.
Percebo ser um crítico praticamente solitário, mas não se trata de achismo, é a ‘ideologia dos números’ que evidencia que o distanciamento controlado do Governo do RS, que mantém a classificação do município, e de quase todo estado, na bandeira laranja, de risco médio, desponta como um experimento um tanto descontrolado.
Como mostrei em ’Gripezinha’, ’carreatas da morte’, Páscoa, reabertura e Dia das Mães; a progressão da COVID 19 em Gravataí e Cachoeirinha, a incidência da COVID-19 cresceu 80% em todo RS após a flexibilização do isolamento social. O coeficiente de incidência do contágio passou de 33,0 por 100 mil habitantes na semana passada para 59,6.
Somos o único país do mundo que retomou atividades não essenciais no pior momento, com crescimento exponencial nos casos e, na Região Porto Alegre, em dados desta segunda, 74,1% dos leitos ocupados – eram 73% no sábado. Os pacientes confirmados com a COVID-19 subiram de 9,1% para 10,6%. E, aqui o principal dado, a taxa de pacientes com outras doenças ocupando leitos cresceu de 76,7% para 83,6%.
Como alertei sábado, em A pior semana da COVID 19 em Gravataí; o inverno vem aí, para facilitar o entendimento daqueles que acham ‘pouco’, uso o exemplo dos hospitais mais procurados, um público, o Conceição, e um privado, o Moinhos: na primeira semana de junho houve uma inversão na proporção de ocupação entre leitos COVID e não-COVID, de 80% para 90%.
É por aí que rasteja a cobra silenciosa do novo coronavírus: na soma do crescimento exponencial de infectados, com o crescimento da procura por atendimento e internações na rede de saúde pública e privada devido a outras doenças respiratórias potencializadas pelo frio.
Ao fim, inegável é que Cachoeirinha, ao proporcionalmente testar mais que outros municípios da região, registra mais infectados. Óbvio também é que isso significa que o vírus está entre nós, e a transmissão só aumenta com mais pessoas circulando pelas ruas.
Foram realizados 930 testes, com 147 casos. Aplicando sobre os 130 mil habitantes de Cachoeirinha, teríamos potencialmente 20.548 infectados.
Uma vida já resta perdida, com velório restrito e sepultamento em caixão fechado.
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