a tribo da lau

A primeira turma de amigos da Lauren

A turminha da Lau na escolinha

A Lauren ainda ensaia as primeiras palavrinhas. Para o meu orgulho, a primeira que saiu com nitidez foi ‘papai’, há quase um ano. Depois veio ‘nhãe’ (mãe), Didi, bô e bó (vô e vó), Iaiê (Iarley, o gato), Tá (Preta, a cachorra), Co (Nicko, o priminho). A maioria dessas palavras muito recentes. Essa semana eu estava deitado assistindo TV com ela, veio notificação que a Escolinha havia nos marcado em algumas fotos de atividades daquela tarde, que os aluninhos fizeram. Lá estavam Lauren e os coleguinhas brincando de fazer comidinha.

Abri as fotos despretensiosamente. Quando comecei a visualizar, a Lauren sentou e, sorrindo, passou a exclamar, um a um, os nomes dos coleguinhas: "o Pedro, papai! O Tutui! A Mili! O Guto! A Cacaia!". Fiquei tão surpreso que me emocionei. Voltei as fotos e comecei a passar novamente, e ela ia chamando os amiguinhos de novo. Notei que alguns com uma entonação diferente, principalmente o Tutui e a Cacaia.

Fiquei curioso para saber como eram os nomes deles. No dia seguinte, entrei na salinha quando fui deixar ela, para verificar os nomes dos coleguinhas. O Pedro era Pedro, mesmo. O Tutui era o Artur. O Guto era o Augusto, a Mili era a Camile e a Cacaia era a Ana Clara.

O orgulho que tomou conta de mim naquela noite não era apenas por observar que ela tem uma facilidade muito maior de identificar e chamar os coleguinhas, do que algumas pessoas importantes da família, o que denota, certamente, um convívio saudável com os demais pequeninhos. Mas acima de tudo por notar que ali estava se formando a primeira turma de amigos da Lauren. Alguns com uma relevância maior, como o Tutui e a Cacaia, da mesma forma que ocorre nas nossas relações de amizade, quando também formamos laços mais afetivos com uma ou outra pessoa.

Era, portanto, a primeira tribo da Lau. A primeira de muitas que ela ainda vai se identificar na vida. A primeira turma de cumplices e amigos, as primeiras preferências. Daqui para frente, talvez vá se adaptar a uma turma de amigos da escola, faculdade, ou a um grupo de amigos no Beira-Rio, a uma turma de motoqueiros, a um grupo de Igreja, a um grupo político, aos amiguinhos do mesmo condomínio.

Na sequência do seu caminho vai acabar se decepcionando com algum Tutui, alguma Cacaia, alguém que para ela teria de ser a última pessoa do mundo a lhe decepcionar. Esse processo de maturação das relações de amizade que todos nós somos submetidos e que, no fim do caminho, sobram tão poucos e raros, que seguirão ao seu lado mesmo se tu estragar a sua massinha de modelar, mesmo que não torça pro mesmo time, mesmo não cultive a mesma fé.

As grandes amizades até quando terminam nos ensinam a ser mais fortes para aprender a superar aquele vazio, então, espero que a Lauren não economize nos amigos, no tempo que vai dedicar a eles, no amor e generosidade com que vai se entregar àquela amizade. Que, com 15, 30, 50 anos, possa ainda olhar uma foto de um Guto, uma Mili, um Tutui, uma Cacaia, e exclamar sorrindo com aquele mesmo brilho inocente no olhar, com que me mostrava no celular, os primeiros amigos da sua vida.

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