Todo candidato a prefeito tem os seus conselheiros, seus confidentes ou aqueles a quem eles ouvem mais. O Seguinte: foi buscar informações e conta agora quem são
Essa não é uma reportagem de fontes: é de percepções. Vale a advertência. O Seguinte: observou e conversou com muita gente desde o início da campanha e conta, hoje, quem são os nomes que mais falam ao ouvido dos candidatos à Prefeitura.
Nem sempre os que eles mais ouvem.
Antes, uma curiosidade: Daniel Bordingon (PDT) e Marco Alba (PMDB) são os dois mais calejados da eleição. Já disputaram contra si quatro eleições e vão para quinta. Tem seis e cinco eleições, cada um, no próprio currículo – só contando as municipais.
Eles pensam a campanha de forma parecida: comandam tudo com as próprias mãos.
– As pessoas que mais dão conselhos para ele são ele, ele e ele. Depois, ele.
A frase é de um próximo a um dos dois – mas vale para ambos.
Voltando à pauta.
Em eleição, vale muito quem aconselha o candidato ao pé do ouvido. O cara que diz para ir por aqui ou ali sobe degraus preciosos na linha de preferências políticas de quem pode ganhar uma eleição. Esse cara, mais do que amigo, é quem corrige rumos que diante do envolvimento do candidato, ele por si só às vezes não se dá conta por onde pode estar indo.
E, algumas vezes, nem nota que está no rumo errado.
ANABEL LORENZI (PSB)
: Anabel tira selfie em atividade com o candidato Elio Bitelo, em foto de hoje
As pessoas mais próximas de Anabel Lorenzi nessa campanha são o coordenador Dilque Diones, o presidente do partido, Luís Stumpf e o atual vice-prefeito Francisco Pinho.
Dilque foi candidato a vereador pelo PSB em meados dos anos 2000 e, de lá para cá, nunca mais se afastou do partido – embora tenha deixado de lado o desejo de ocupar uma vaga na Câmara, pelo menos por enquanto. Pequeno empresário, tem uma firma de reparos, reformas e construção civil.
É quem cuida da prestação de contas da candidata. Tem sua total confiança.
Luís Stumpf, o Luisão, é PSB desde sempre. Anabel tem nele uma figura que pode contar – nas horas boas ou más. Também já concorreu a vereador e tem espaço cativo na coordenação da campanha da candidata socialista.
O "estranho no ninho" é Francisco Pinho, do PSDB.
Vice de Marco Alba, trouxe com ele o fim do isolamento que o PSB vinha tendo e, por isso, ganhou a confiança de Anabel. É ele quem organiza parte da campanha nos bairros e, mesmo que isso deixe parte dos quadros do PSB de cabelos em pé, tem tido total apoio da candidata.
– Ele sabe fazer campanha – volta e meia, um repete.
E os ânimos se acalmam. É o cacife do Pinho na coligação.
DANIEL BORDIGNON (PDT)
: Daniel Bordignon e a selfie na atividade de terça com Ciro Gomes
Quem mais fala ao ouvido de Daniel Bordignon é, claro, o candidato a vice, Cláudio Ávila. Depois dele, o assessor Diego Pereira – que conhece desde os tempos em que era prefeito. Rosane Bordignon, Josué Bitelo e Filipe Justo, o Felipão da Morada do Vale, completam o time que, hoje, é mais ouvido pelo candidato pedetista.
Nome natural na lista, Cláudio Ávila ganhou a confiança do companheiro de chapa ainda no início do ano passado. Buscava, então, uma aproximação de Bordignon com Anabel, do PSB – partido a que era filiado então.
Se entenderam melhor juntos do que com outros parceiros.
Superada as reações iniciais por conta de 2011, quando Cláudio articulou a queda do governo petista de Rita Sanco na cidade, Bordignon e ele firmaram uma parceria que os coloca entre os protagonistas da eleição.
Diante do tamanho político de Bordignon, é hoje quem mais tem a liberdade para confrontar suas posições. E seu crédito anda alto depois da articulação jurídica que garantiu o registro do candidato, no início da semana.
Bordignon gosta de controlar a própria agenda e prefere delegar as tarefas da campanha. Revisa os materiais que manda para rua e, diariamente, fala com quem compõe sua equipe de campanha.
Diego Pereira é um dos coordenadores desta equipe. Está lá por indicação direta dele. Trabalhou no gabinete do deputado quando Bordignon esteve na Assembleia e, antes disso, foi secretário de Obras de Rita Sanco.
Foi para o PDT em abril com Bordignon e trouxe a memória do candidato.
Rosane, Josué e Felipão formam o triunvirato de candidatos que cercam Bordignon.
LEVI MELO (PSD)
: Levi em caminhada hoje à tarde com o deputado federal Danrlei
João Portela, Alemão da Kipão e, depois, os irmãos Dilamar e Dimas são quem pode ter influência sobre a cabeça de Levi Melo.
Portela é o presidente do PSD. Sob sua batuta, deixou de ser o partido que em 2012 sequer fez legenda para eleger um vereador e, agora, tem um prefeiturável na disputa pelo governo.
Alemão, o vice discreto, anda com Levi todos os dias, no mesmo carro. Quando pensam em algo, perguntam primeiro um para o outro. Combinaram franqueza, sempre – e vem cumprindo, até aqui.
Os irmãos Dilamar e Dimas fecham o grupo de influência sobre Levi – mas já estiveram mais presentes ao dia a dia do candidato a prefeito. São do puxadores de votos do partido – e Dilamar, o cara que arrebanhou boa parte dos candidatos que hoje disputam a eleição pela sigla, inclusive Levi.
MARCO ALBA (PMDB)
: Marco Alba falou à comunidade no DTG Gaudérios do Pago, quarta à noite
Sônia Oliveira e Patrícia Bazotti são as mais ouvidas pelo prefeito que concorre à reeleição. O secretário de Governo, Luiz Zaffalon, também dá os seus pitacos – mas, hoje, alinha mais o governo do que a campanha.
Marco tem o hábito de coordenar pessoalmente sua campanha. E controla tudo.
– Para o bem e para o mal – contam os que o cercam.
É dele a responsabilidade por manter a aliança política ampla que construiu para eleição, mas ele também revisa cada parte do material que mandará para rua.
Sônia Oliveira, presidente do PMDB, anda mais por perto. Filha de Dorival de Oliveira, está com Marco desde 2004, quando concorreu a vereadora pela última vez. Foi sua chefe de gabinete em Gravataí no período do mandato de deputado estadual e conhece cada um do time que Marco tem para levar às ruas na eleição.
Patrícia, a esposa advogada.
Sempre discreta na política, vem atuando na área jurídica do PMDB há algum tempo. Cuida tanto da defesa do candidato quanto de ações contra adversários. E, assim, aumentou sua importância para campanha.
RAFAEL LINCK (PSOL)
: Luis Felipe, candidato a vice, segura as pontas da campanha enquanto o candidato trabalha
O candidato do PSol tem no vice Luis Felipe o principal organizador da campanha de rua do partido. É ele quem vai pedir votos quando o candidato a prefeito está trabalhando, por exemplo – e Rafael dá aulas em Porto Alegre.
Pequeno em Gravataí, o PSol consegue manter uma identidade coletiva que os grandes perderam com o tempo – e com a profissionalização das tarefas de campanha, como a produção de materiais, por exemplo.
– O Luis Felipe fez o próprio boton que usa na campanha – conta um que sabe da história.
SADAO MAKINO (PSTU)
: Sadao com o candidato o vice, Ivan, em atividade agora à noite
Ao estilo PSol, mas com a experiência de já ter sido candidato antes, Sadao Makino faz suas escolhas de campanha de forma coletiva com o partido na cidade. Pequeno, divide tarefas como agenda e campanha de rua com as mesmas pessoas que concorrem a vereadora – Carine Lemos -, a vice – Ivan Misiuk – e dirigem o partido.
Sabe que está numa eleição para defender uma ideia política – e não uma vitória. O que mais divide com parceiros é a missão de defender o ideário do partido nas redes sociais e o material de campanha em caminhadas, geralmente em pontos de comércio pela cidade, onde encontra trabalhadores e seus familiares.
VALTER AMARAL (PT)
: Valter e sua selfie com o candidato a vereador professor Lucas
As influências de Valter Amaral nessa campanha são a ex-prefeita Rita Sanco e o marqueteiro Carlos Athanázio, além de Alex Borba e, mais recentemente, Adelaide Klein.
Rita assumiu a coordenação da campanha de Valter. Foi a última prefeita da dinastia do PT na cidade e, mesmo apeada do governo pela cassação, carrega em sua história pessoal parte do legado coletivo que o partido deixa para cidade. Foi dela a ideia de procurar o segundo nome desta lista de conselheiros: Carlos Athanázio.
Atha, como o chamam os amigos, é artista plástico e trabalhou em todas as campanhas do PT em Gravataí desde 1992. Construiu a identidade gráfica das campanhas do partido – primeiro com Bordignon, depois com seus sucessores. Hoje, é quem comanda as iniciativas marketing digital de Valter e Adelaide.
A vice, inclusive, vem estreitando a sua relação com o candidato a prefeito. Adelaide não era a primeira opção do PT para o cargo – na verdade, ela queria concorrer a vereadora. Mas acabou se entendendo bem com a nova missão.
Alex Borba, ex-secretário da Fazenda de Rita, completa o grupo que forma o núcleo que coordena a campanha de Valter.