“A bola de futebol e Pelé tinham um romance, e eram fiéis um ao outro” (Oldemário Touguinhó, jornalista).
“Quiseram fazer do futebol uma guerra – e Pelé, quase sozinho, foi durante todos estes anos a esperança da arte no futebol” (revista francesa Mirroir du Football).
“Quem viu Pelé e seus companheiros jogarem futebol não negará a este esporte o estatuto de arte” (Eric Hobsbawn, historiador inglês).
“Não vai aparecer um novo jogador de futebol como Pelé nem em 100 anos – talvez em 1.000” (Sandor Kocsis, atacante húngaro).
O Brasil foi eliminado logo na primeira fase da Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, nos grupos. Foi uma tempestade: quando a maioria dos torcedores brasileiros ainda estava chegando para ver os jogos das finais, a seleção já estava voltando para casa. O mundial acabou tendo outros heróis, outras bonitas histórias – inclusive a de um sobrevivente.
Oito anos antes, dia 6 de fevereiro de 1958, o avião bimotor De Havilland Airspeed Ambassador G-ALZU do voo 609 da Bristish European Airways, com 44 pessoas a bordo, incluindo 17 jogadores do Manchester United após partida contra o Estrela Vermelha em Belgrado, teve um motor incendiado e caiu perto do aeroporto de Munique, na Alemanha.
Entre 28 mortos, estavam oito jogadores do United – Roger Burne, Geoff Bent, Mark Jones, Bill Whelan, Tommy Taylor, David Pegg, Eddie Colman e Duncan Edwards. E entre os sobreviventes estavam o técnico Matt Busby e nove jogadores do United, incluindo o jovem meia e ponteiro Robert “Bobby” Charlton, 20 anos.
Espantosamente, no meio do mesmo ano de 1958 Bobby Charlton estava com a seleção da Inglaterra na Copa da Suécia. Não chegou a jogar, mas jogou em 1962, já bem careca, e ganhou o mundial de 1966 em casa junto com o irmão e zagueiro Jack Charlton. Ainda esteve nos quatro jogos dos ingleses em 1970, e em 1994 ganhou o título de “Sir” da Rainha Elizabeth. O nobre cavaleiro Bobby Charlton no entanto sempre foi um homem de hábitos simples: humildemente, sempre admitiu que o seu prato favorito, por exemplo, é um modesto picadinho de rins.
Último desafio – Depois da tempestade de 1966, o Brasil foi tricampeão em 1970 no México, com Pelé jogando como nunca, aos 29 anos. Era a sua quarta e última Copa, e seu último desafio em jogos oficiais pela seleção brasileira.
Cada jogador da seleção de 1970 recebeu 10 mil dólares pela conquista do tri. Era um valor baixo, mas proporcional ao preço dos ingressos no México, de cinco o mais barato até 160 pesos mexicanos o mais caro – apenas 13 dólares.
Foi um terço do valor recebido pelos argentinos em 1978, de 30 mil dólares, por exemplo. E 20 vezes menos do que o prêmio prometido aos brasileiros pelo título em 2006, polpudos 200 mil dólares. Ali a seleção foi eliminada nas quartas-de-final na Alemanha, pela França, mas apesar do vexame cada jogador ainda ganhou 40 mil dólares – quatro vezes mais do que os campeões de 1970.
Pelé, campeão também em 1958 e 1962, faturou um pouco mais pelo tri no México (mas não muito mais), por causa de um contrato pessoal para usar chuteiras Puma durante cinco anos: modestos 2 mil dólares mensais, 24 mil por ano e 120 mil no total. Depois o Rei do futebol acabou usando uma marca de sua criação pessoal, “Pelé”, com uma listra horizontal semelhante à da Puma.
O aniversário do Pan – No mesmo México, em 1956, 14 anos antes, e dois antes da sua primeira Copa do Mundo, em 1958, a seleção brasileira já tinha conquistado o seu primeiro título fora da América do Sul, e especialmente o primeiro da camiseta amarela, invicto. Foi o Pan-Americano, o Brasil representado por um combinado gaúcho – jogadores do Inter, Grêmio, Renner, Novo Hamburgo e Pelotas, e o técnico Teté. O jogo final foi dia 18 de março, um domingo, e vai fazer exatamente 62 anos no final da proxima semna..
A seleção titular do Brasil havia levado uma surra de 4×1 do Chile poucas semanas antes, a 24 de janeiro, no Sul-Americano em Montevidéu – com Gilmar, Djalma Santos, Mauro Ramos, Zito, Baltazar, Jair Rosa Pinto, Canhoteiro, o técnico Osvaldo Brandão. A bronca do Pan ficou para a gauchada. E logo no primeiro jogo, dia 1º de março, exatamente contra os temidos chilenos, vitória de 2×1. Depois, pela ordem, 1×0 Peru, 2×1 México, 7×1 Costa Rica, e 2×2 Argentina.
Os argentinos tinham craques como o goleiro Dominguez, o zagueiro Da Ponte, os médios Guidi, os atacantes Yudica e Sivori. O Brasil gaúcho entrou na final com Valdir, Florindo e Oréco; Odorico, Duarte e Ênio Rodrigues; Luizinho, Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Chinesinho. Jogaram também no Pan o goleiro Sérgio, o médio Figueiró, os atacantes Juarez e Raul Klein.
É para nunca esquecer!
: Valdir, Oréco, Florindo, Odorico, Ênio Rodrigues, Duarte, Luizinho, Bodinho, Larry, Ênio Andrade, Chinesinho
Agenda histórica do futebol gaúcho na semana
11.3, domingo
1962 – Grêmio vence Gre-Nal por 2×1 e ganha invicto Torneio da Legalidade
12.3, segunda-feira
1979 – Rubens Hofmeister presidente da FGF pela quarta vez
13.3, terça-feira
2005 – Caxias do técnico Mano Menezes 3×0 Grêmio de Hugo De Leon
14.3, quarta-feira
2012 – Sapucaiense estreia na Copa Brasil e empata em 0x0 com Ponte Preta no Passo da Areia
15.3, quinta-feira
1956 – Prefeito de Porto Alegre, Leonel Brizola, assina edital de concorrência de dragagem do Guaíba, para criação da Avenida Beira-Rio, da Ponta da Cadeia ao Arroio Dilúvio, com projeto do urbanista Edvaldo Paiva: na extensão, depois é construído o Estádio Beira-Rio
16.3, sexta-feira
1952 – Estreia no Grêmio primeiro jogador negro do clube, ponteiro Tesourinha, 31 anos, ex-Inter e Vasco, dois gols em 5×3 Juventude
17.3, sábado
2004 – São Gabriel na Copa Brasil, 2×1 sobre Palmeiras no Estádio Sílvio de Faria Corrêa; 15 de Novembro 1×1 Vasco, Campo Bom