O ‘Caso Vaza Jato’, da mesma forma que pode parar a Reforma da Previdência no Congresso Nacional, também tirou o foco da palestra do deputado federal Marcel van Hattem (Novo) para parte tradicional do PIB de Gravataí, no Almoçando com a Acigra, nesta segunda.
Antes da música para os ouvidos do empresariado, o hit Nova Previdência, o político liberal, bem articulado, com formação no exterior e provavelmente o genro que a maioria dos presentes no Alvi-Rubro queria ter, falou dos impactos da suposta desafinada na relação entre o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol revelados pelo Intercept Brasil, que você lê gratuitamente clicando aqui.
Siga vídeo-crônica que o Seguinte: produziu e, abaixo, acompanhe em texto o que disse o deputado, o prefeito, o presidente da entidade, também saiba como acessar os dados apresentados na palestra e, ao fim, comento.
O que disse van Hattem
Lava Jato x Vaza Jato: a credibilidade
O deputado disse entender que não há revelações, mas apenas textos descontextualizados “publicados por um site de esquerda” e “crítico à Java Jato”.
Chamando de “interceptação criminosa” a obtenção das trocas de mensagens entre o juiz Sérgio Moro, o chefe da Lava Jato Deltan Dallagnol e outros procuradores da força tarefa, van Hattem vê “uso político” para “atacar o ministro Sérgio Moro”.
Conforme o fã de Moro, “até aqui”, a assessoria do Novo não identificou nada que comprometa a Lava Jato.
– É preciso ver a íntegra dos diálogos.
Moro, Deltan, o Novo e a entrevista proibida de Lula
Marcel van Hattem negou qualquer tipo de contato ou instrumentalização de Moro, Deltan ou procuradores da Lava Jato na elaboração da ação em que o Novo conseguiu barrar no Supremo Tribunal Federal a entrevista – criticada por procuradores na conversas interceptadas e identificada como de alto poder eleitoral para ajudar Fernando Haddad – que seria da por Lula, direto da solitária em Curitiba, para a jornalista Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo.
– Fizemos nossa parte como cidadãos. E a Justiça entendeu assim, barrando um preso por corrupção, condenado, de contaminar o processo eleitoral.
Van Hattem considerou “normal” a conversa entre juiz e procuradores. Mesmo que a Lei da Magistratura alerte para danos ao processo legal em caso de proximidade exagerada entre acusador e julgador, no caso Ministério Público e Judiciário, o deputado considerou que “não se excedeu os limites” e comparou as conversas no Telegram a agendas públicas como as do ministro da Economia Paulo Guedes a ministros do STF para liberar as privatizações de subsidiárias de estatais como a Petrobrás.
– É orgulho para o Novo ser citado nas conversas privadas que foram divulgadas – disse, politizando:
– Fato é que tínhamos no Brasil a maior quadrilha instalada para roubar dinheiro público e instrumentalizar o governo.
Relação entre Moro e Deltan não ameaça estado de direito?
Marcel van Hattem entende que a relação entre Moro, Deltan e procuradores, revelada pelo Intercept Brasil, não representa ameaça ao Estado de Direito, um dos pilares do liberalismo defendido pelo Novo – ao menos no ideário programático do partido surgido em 2017.
– Defendemos a liberdade das pessoas conversarem. Divulgaram mensagens descontextualizadas.
Escândalo ameaça Reforma da Previdência?
O deputado disse não considerar um “escândalo” as conversas, que mostram proximidades entre acusados e julgadores, com tratamentos íntimos como “cara”, expressões coloquiais de rede social como “top” e “please” e inclusive cobrança de Moro sobre Dallagnol e agentes da força-tarefa, como se fosse o ‘chefe’ da Lava Jato.
– São conversas normais, pergunte a qualquer advogado.
O que van Hattem admite é que, em um governo com problemas de articulação, o clima em Brasília é de apreensão quanto a garantia de uma aprovação veloz das reformas.
– Conversas obtidas de forma criminosa foram divulgadas com objetivo de desarticular um governo que tem dificuldade em fazer andar projetos. Daremos todo suporte para garantir as reformas.
Os ricos, os pobres e a Nova Previdência
O deputado disse estar na Acigra falando para um público majoritariamente de empresários, mas esperando que a imprensa divulgue a Nova Previdência nas redes sociais para chegar ao ‘povão’.
– Sem correção no sistema não haverá previdência nem para o patrão, nem para o assalariado.
Van Hattem apresentou dados para sustentar que os mais pobres não pagarão mais:
– Quem ganha até dois salários mínimos contribui com 8% e vai pagar 7,5%. É uma mentira deslavada dos que não querem a reforma dizer que os mais pobres vão pagar mais.
Ele usou como exemplo a “bolada” ganha por servidores públicos que, da aposentadoria até a morte, recebem R$ 4 milhões “que poderia ir para construção de hospital, para dinheiro que falta em Gravataí, por exemplo”.
– Por isso é preciso incluir na Nova Previdência os políticos e outros que tem privilégios.
A retirada de estados e municípios da Reforma
Van Hattem defendeu uma “reforma para todos”.
– Até porque a economia de um trilhão é insuficiente. Sem a Poupança Garantida (o regime de capitalização) em 10 anos teremos que fazer outra reforma. É um colchão para não comprometer 100% do PIB com gastos previdenciários.
Prefeito teme Gravataí de fora
Na Gravataí que projeta economizar pelo menos R$ 9 milhões, assusta o prefeito Marco Alba a ameaça da retirada de estados e municípios em uma descaracterização da reforma do trilhão elaborada pelo ‘Posto Ipiranga’ de Bolsonaro, Paulo Guedes.
– O Congresso, que costuma atuar no atacado, se excluir estados e municípios fragilizará a reforma. Por questões de caráter político e eleitoral, prejudicarão o país. Será uma omissão covarde e mais uma vez o problema será empurrado com a barriga – critica, lembrando que apenas com alíquota complementar para garantir aposentadorias futuras a Prefeitura vai gastar R$ 30 milhões em 2019.
– A reforma ajudaria a recalcular o déficit atuarial, que passa de um bilhão em Gravataí.
O sim e o medo da Acigra
Com bottom Sim à Reforma, o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Gravataí Régis Albino Marques Gomes teme os impactos da ‘Vaza Jato’ por atingir a credibilidade de Moro, herói nacional para muitos.
– Acredito que o Congresso não será paralisado pelas revelações, mas o andamento da reforma será atrapalhado. É um governo que se complica com trapalhadas, que poderia estar em outro estágio. Com o envolvimento de uma figura (Moro) com a confiança do povo e da economia, é preciso ver no que vai dar.
Régis alerta para mais um ano perdido: 2019.
– A reforma não é desejada, é necessária. Não é uma pedra fundamental, mas uma base para retomada da economia – observou o empresário, que defende a inclusão dos três poderes, e também dos militares, na Nova Previdência.
– Infelizmente não se concretizou a expectativa com a entrada do novo governo. Investidores têm medo do Brasil. Só investirão quando as promessas da política se tornar realidade. Para setores da indústria, comércio e serviços, a perspectiva é de mais um ano perdido – disse, na segunda-feira onde a equipe econômica do governo Jair Bolsonaro reduziu para 1% a perspectiva de crescimento do país.
É para todos, mesmo?
A pergunta perfeita veio de Loreny Bittecourt, vice prefeita nos anos 80, ex-procuradora do município e professora aposentada: o Congresso vai combater os privilégios, ou os mesmos de sempre pagarão a conta dos altos salários dos três poderes?
Na resposta, van Hattem travou um diálogo com a interlocutora:
– Com que idade a senhora se aposentou?
– 54 e com 35 de contribuição.
– Muito jovem. No Japão professores tem aposentadoria aos 65 anos e ganhando um terço do salário.
– E qual o salário lá e aqui?
O deputado explicou ter feito a referência para saudar a cultura de poupança dos japoneses ao longo da vida:
– De uma aposentadoria aos 54 para uma sobrevida até 82, é muito tempo sem contribuição. É uma conta que não fecha nos regimes geral e público – argumentou, citando que no Brasil os 20% ‘mais ricos’, como “juízes, promotores, políticos e até o não tão ricos, no teto do regime geral” consomem 41% dos recursos da Previdência e os ‘mais pobres’, “aqueles que a esquerda gosta tanto de dizer que defende”, 3%.
– A Poupança Garantida é o caminho. Não dá para acreditar no estado gerindo o dinheiro das pessoas – disse, ao ir embora pedindo “mais tempo para estudar melhor” a pergunta do Seguinte: sobre a garantia de transição do atual sistema para a capitalização, que no Chile custou mais de 100% do PIB para arcar com aposentadorias já existentes e fazer os aportes para os trabalhadores que já contribuíram para o INSS no atual sistema.
Até um fã se preocupa
Que o ‘Caso Vaza Jato’ é explosivo, críticos e fãs de Moro, Deltan, Lula e Companhia concordam, na defesa apaixonada de heróis e vilões de estimação.
A gravidade das trocas de mensagens preocupa até um entusiasta da Lava Jato em Gravataí, o advogado Hercules Perrone, que já participou da direção nacional da OAB.
– É preciso confirmar o conteúdo e o conteúdo. Mas qualquer deslize deve ser apurado. Por enquanto temos uma versão. Mas é preocupante, é preciso observar o processo legal – disse o colecionar de sinos, lembrando a reportagem em que Lauro Jardim badalou em O Globo que as conversas entre Michel Temer e Joesley Batista tinham poder para derrubar o presidente.
– Depois não se confirmou o conteúdo.
Analiso.
Pode-se amar Moro e saudar grandes ladrões na cadeia, mas não se pode, em nome da corrupção, usar o apócrifo 'Deus morreu, tudo é permitido', atribuído erroneamente a Nietzsche e/ou a Dostoiévski.
Na Venezuela, talvez. Não em uma democracia onde cada um dos poderes e órgãos de estado têm suas atribuições regidas pelo livrinho aquele chamado Constituição ´é verdade esse bilhete' Federal.
Não pode um juiz, cuja natureza impõe isenção, para condenar quem quer que seja, se associar a um promotor e shallow now.
É criminoso, até.
Nem entro nas estimativas de que causou mais prejuízo às empresas nacionais do que dinheiro recuperou, mas a Lava Jato, que as conversas publicadas mostram era 'chefiada' pelo juiz que virou ministro do governo que ajudou a eleger mandando para uma solitária o favorito para ganhar as eleições, resta com as provas contaminadas.
Não só no caso Lula, no processo do triplex condenado sem provas após um truque para julgá-lo na República de Curitiba, mas de tantos outros mafiosos ou não.
Ao fim, e bote na conta também o TRF4, e possivelmente a juíza que copia e cola sem ler, transformaram a Lava Jato em um meme: a farsa a jato.
Aos desembargadores, por enquanto, desculpas cairiam bem.
Já Moro deveria pedir demissão, ou se afastar do governo. Afinal, como ministro chefiará a própria investigação da Polícia Federal, carregando no histórico do Telegram o hábito de interferir em outros órgãos de estado.
Afinal, até o apelido"russo", como Moro foi identificado nas mensagens pelo seu Robin, permite a convicção de quem era o sujeito naquela máxima "faltou combinar com os russos".
Só que no caso da Lava Jato, não faltou.
E Glenn Greenwald tuitou que há mais mensagens e, quem sabe, áudios e vídeos para publicar…
OS DADOS DA PALESTRA
Para acessar os dados apresentados por Marcel van Hattem, deputado mais votado do Rio Grande do Sul, clique aqui.
Mais fotos do evento você acessa no Facebook da Acigra.